Estado palestino interessa aos EUA e a Israel
O cessar-fogo que pôs fim à recente explosão de violência entre Israel e os palestinos aumentou a popularidade do Hamas. A organização extremista tornou-se a única interlocutora do mundo árabe para o Ocidente e indiretamente para Israel. Mas o Hamas recusa-se a reconhecer a existência de Israel. Por outro lado, a pragmática Autoridade Palestina, dirigida pela Fatah de Mahmoud Abbas, vem perdendo legitimidade e os ataques de Israel contra Gaza a enfraquecerão ainda mais. Negociar com o Hamas pode garantir uma certa tranquilidade, mas o grupo não pode ser um parceiro para a paz. Se o mundo apoiar a facção palestina que reconhece Israel, evitará a violência. A comunidade internacional terá essa oportunidade depois de amanhã, quando Mahmoud Abbas apresentará seu pedido para o reconhecimento de um Estado palestino na ONU. Se EUA e Israel continuarem a se opor, será um golpe mortal para Abbas e acabarão premiando o Hamas.
Nesta semana faz 65 anos, exatamente na quinta-feira, que os palestinos e seus amigos no mundo árabe rejeitaram expressamente a Resolução 181 da Assembleia-Geral da ONU que reconhecia a necessidade de criar um Estado judaico ao lado de um Estado árabe na Palestina sob Mandato Britânico.
Agora os palestinos admitem seu erro e pedem à mesma assembleia para reconhecer um Estado palestino ao lado de Israel, requerendo que as fronteiras do seu Estado sejam determinadas com base em negociações com os israelenses. Entretanto, os partidos de direita em Israel - que em 1993 rejeitaram os Acordos de Oslo, que previam a retirada israelense de áreas da Cisjordânia e Faixa de Gaza e uma autonomia palestina sobre essas áreas - estão agora usando e abusando desses acordos para impedir o reconhecimento de um Estado palestino.
Há quatro anos não há negociações adequadas. E como Abbas se atém aos princípios da não violência, a via diplomática, como a busca do reconhecimento do Estado, essa é a única maneira de colocar os palestinos de novo na agenda global. Além disso, Abbas esclareceu que se a ONU decidir pelo reconhecimento do Estado palestino, ele concordará em negociar com o governo de Israel sem precondições, o que é interessante para os EUA e Israel. A diferença é que as negociações seriam mantidas entre dois Estados reconhecidos internacionalmente.
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