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Operação atinge aliada de Lula e preocupa Planalto


Alvo de inquérito, a chefe do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, teve a nomeação assinada por Dilma

BRASÍLIA - A Operação Porto Seguro caiu como uma bomba no Palácio do Planalto por causa de dois alvos atingidos: a chefe do escritório da representação da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, pessoa de confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e José Weber Holanda, braço direito do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
Rosemary, chefe de gabinete de Dilma em São Paulo - Denise Andrade/Estadão
Denise Andrade/Estadão
Rosemary, chefe de gabinete de Dilma em São Paulo
Rose, como é conhecida, trabalhou pessoalmente pela nomeação dos irmãos Paulo Rodrigues Vieira, para a Agência Nacional de Águas (ANA), e Rubens Carlos Vieira, para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Ambos foram presos nesta sexta-feira, 23, pela Polícia Federal. Durante a operação, os computadores de Rose foram apreendidos. Agentes federais chegaram pela manhã ao escritório da Presidência com mandados de busca e apreensão.
Até a noite de sexta, o Planalto não havia decidido afastar ou demitir Rose. Oficialmente, o governo disse que obedeceu aos mandados judiciais e cumprirá todos os que chegarem a qualquer órgão público.
Dilma só teria sido informada nesta sexta da operação pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Foram inúmeras reuniões durante o dia, com Cardozo - com quem havia almoçado na sexta e voltado a se encontrar horas depois - com Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, e com Adams.
Irritação. A presidente ficou muito irritada e dizia que a ordem é não abafar nada e abrir as investigações sobre quem quer que seja. Se for preciso efetuar mais prisões ou apreensões de material, que seja feito - é a orientação da presidente.
A atribuição de nomear para o cargo de chefe de gabinete do escritório regional da Presidência é da Casa Civil. Assim, embora Rose seja próxima de Lula, foi Dilma, quando ministra, quem assinou a portaria com a nomeação, publicada em 5 de abril de 2007. Não havia informação de que Dilma tivesse conversado na sexta com Lula sobre o caso - ele estava em viagem de volta da Índia.
A princípio, o Planalto achava que Rose havia entrado na investigação apenas por ser amiga dos diretores das agências presos. Mas, ao longo do dia e das informações, a situação se agravou. Mesmo assim, não havia decisão de demiti-la do cargo. Alegava-se que o indiciamento significava que ela apenas era acusada de cometer um crime e que o processo corria em segredo de justiça. Havia, no entanto, quem defendesse que ela fosse imediatamente afastada, para evitar que o problema atingisse a presidente de forma mais direta.
O assunto é considerado delicado no governo pela proximidade de Rose com Lula. Além disso, um dos presos, o diretor da ANA Paulo Rodrigues Vieira, foi indicado pelo ex-presidente primeiro para a Agencia Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) e depois só chegou à ANA por uma manobra do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), que recolocou seu nome em votação - um precedente nunca visto antes na Casa.

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