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ESPANHA: Líder independentista da Catalunha fracassa fragorosamente nas eleições


O Parlamento da Catalunha: processo independentista obteve apoios, mas perdeu o impulso que a campanha eleitoral fazia crer que haveria
Para quem aspirava, no mínimo, a maioria absoluta dos assentos no Parlamento catalão — 68 em 135 — como passo fundamental rumo à independência da Catalunha em relação à Espanha, o dirigente catalão Artur Mas foi dormir de cabeça quente diante dos péssimos resultados colhidos pela coligação conservadora a que pertence, Convergencia i Unió (Ciu): terminadas as apurações, sua bancada não apenas não cresceu como previa, mas desabou dos atuais 62 deputados para apenas 50.
Tanto é que, duas horas e meia após iniciadas as apurações, nenhum dirigente do partido, muito menos Artur Mas, apareceu para dizer qualquer coisa aos desanimados militantes que se reuniram para comemorar uma vitória que não veio no tradicional Hotel Majestic, no centro de Barcelona.
O dirigente só veio a público rapidamente há alguns minutos, para reconhecer que não alcançou os objetivos de seu partido, embora ressaltando que o Parlamento contará, agora, com maioria independentista. De todo modo, afirmou que será necessário “muito trabalho” para que se chegue a um plebiscito.
Artur Mas continuará, é claro, tendo a maior bancada no Parlamento, mas não mais contará com o apoio do conservador PP — o partido que governa a Espanha — para as medidas de austeridade que vinha adotando desde que assumiu o poder, em 2010. Na campanha, os dois partidos romperam, com o PP defendendo com unhas e dentes a continuidade da Catalunha como parte da Espanha — “Catalunha sim, Espanha também”, era seu lema.
Junqueras, dirigente da Esquerda Republicana: o maior vitorioso, mas só com 13% dos votos (
Entre os independentistas, quem esfrega as mãos de satisfação são os integrantes da tradicional Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), partido fundado em 1936 que vinha perdendo votos a cada eleição e que, agora, com seu dirigente, Oriol Junqueras, mais que dobrou de 10 para 21 sua bancada. Um grande resultado, mas que não confere ao grupo radical mais do que 13% dos votos dos catalães.
Os socialistas, tradicional segunda força na Catalunha, foram arremessados para o terceiro lugar, após perderem 8 deputados e terem que se contentar com 20 cadeiras.
O projeto independentista de Mas levou um enorme contravapor. “Fracasso descomunal” era o comentário dominante nas mesas-redondas de TV que discutiam os resultados. O presidente catalão precisará, agora, acertar-se, para governar, com a ERC e outras formações de esquerda — algo que, no Brasil, equivaleria a uma aliança do DEM com o PSOL.
Não será nada fácil, porque a esquerda, em peso, passou a campanha eleitoral inteira criticando pesadamente as medidas de austeridade praticadas por Mas para fazer frente à crise econômica que afeta a Espanha, sem excluir, é claro, a Catalunha. O primeiro desafio do presidente catalão será aprovar o Orçamento para 2013, com uma série de cortes em gastos sociais que aos quais a esquerda, em peso, se opõe.
O recado enviado pelos eleitores catalães — que, finda a jornada eleitoral, haviam atingido o excelente índice de comparecimento às urnas de 69,5% para um país em que o voto não é obrigatório — não é simples de interpretar.
Ao mesmo tempo em que houve um nutrido contingente de votos a partidos pró-independência, a bancada dessa tendência declinou de 74 deputados para 72, e esses partidos não são harmônicos entre si, não defendem os mesmos métodos nem seus planos para um futuro Estado catalão coincidem.
Além disso, triplicou de 3 para 9 deputados a bancada de formação inteiramente pró-Espanha, o pequeno Ciutatans (Cidadãos), e o PP, que ocupa o governo central, também subiu de 19 para 20 deputados.
A independência da Catalunha não sai da discussão, naturalmente. Perdeu, porém, para alívio do governo e dos partidos favoráveis à unidade espanhola, como é o caso dos socialistas, o impulso que vinha mantendo desde há meses e que a campanha eleitoral sugeria que iria ocorrer — e tende a decrescer à medida que o país se volta para seus problemas reais: desemprego, paralisação econômica, déficit em políticas sociais e dívida pública crescente.

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