Pular para o conteúdo principal

França volta a adiar entrega de navio de guerra à Rússia

Porta-helicópteros construído em estaleiro francês vai ficar no país "até segunda ordem" por causa da crise na Ucrânia

O navio Vladivostok já em fase de finalização em um estaleiro da França
O navio Vladivostok já em fase de finalização em um estaleiro da França  (AFP)
O governo francês anunciou nesta terça-feira que vai adiar novamente a entrega de um navio de guerra para a Rússia por causa das ações russas no leste da Ucrânia. A entrega do porta-helicópteros Vladivostok, construído em um estaleiro em Saint-Nazaire, já havia sido adiada temporariamente pela primeira vez em setembro. O governo tinha até o final de novembro para reconsiderar a decisão. Desta vez, o presidente François Hollande avaliou que "a situação na Ucrânia ainda não permite a entrega do navio" e afirmou que a embarcação vai ficar na França até "segunda ordem".
O Vladivostok faz parte de um lote de dois navios da classe Mistral encomendado pela Rússia em 2011, ao custo estimado de 1,2 bilhão de euros. O segundo navio, batizado como Sebastopol, deve ficar pronto em 2015. Cada embarcação tem capacidade de transportar dezesseis helicópteros, tropas e veículos blindados.
Em setembro, logo após o primeiro adiamento, a Rússia reclamou da decisão e ameaçou cobrar uma indenização da França por quebra de contrato, mas depois moderou o tom. O vice-ministro da Defesa do país, Yuri Borisov, disse nesta terça-feira para uma agência local que os russos vão "esperar pacientemente" pelos navios e que por enquanto não vai entrar com qualquer processo.
Leia também:
MH17: novo vídeo mostra instantes seguintes à queda
Ataques de artilharia matam cinco civis no leste da Ucrânia
Otan confirma entrada de militares russos na Ucrânia
O adiamento também não havia sido bem recebido em alguns setores na França. O próprio governo Hollande hesitou por meses em tomar a medida, argumentando que as sanções econômicas impostas recentemente à Rússia não poderiam ser retroativas e não deveriam afetar contratos assinados em 2011. Até mesmo dirigentes da oposição se manifestaram pela entrega das embarcações, mas diante da pressão dos EUA e de outros países europeus, Hollande acabou segurando a entrega.
A decisão também provocou uma reação negativa entre os operários que construíram o Vladivostok e que atualmente trabalham no Sebastopol. Dirigentes sindicais manifestaram temor de que uma queda de braço pelos navios prejudique o estaleiro de St. Nazaire em contratos futuros. O casco do Sebastopol foi justamente lançado ao mar pela primeira vez na semana passada, indicando que apesar do adiamento na entrega, o trabalho prossegue normalmente no segundo navio.
Além da construção, o contrato prevê o treinamento das tripulações russas que vão operar as embarcações e a transferência de tecnologia. Alguns marinheiros russos estão na França aprendendo o funcionamento do primeiro navio. De acordo com a imprensa francesa, 200 deveriam embarcar para St. Nazaire para assumir a embarcação nesta semana caso o governo não tivesse novamente adiado a entrega.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.