França volta a adiar entrega de navio de guerra à Rússia
Porta-helicópteros construído em estaleiro francês vai ficar no país "até segunda ordem" por causa da crise na Ucrânia
O navio Vladivostok já em fase de finalização em um estaleiro da França (AFP)
O Vladivostok faz parte de um lote de dois navios da classe Mistral encomendado pela Rússia em 2011, ao custo estimado de 1,2 bilhão de euros. O segundo navio, batizado como Sebastopol, deve ficar pronto em 2015. Cada embarcação tem capacidade de transportar dezesseis helicópteros, tropas e veículos blindados.
Em setembro, logo após o primeiro adiamento, a Rússia reclamou da decisão e ameaçou cobrar uma indenização da França por quebra de contrato, mas depois moderou o tom. O vice-ministro da Defesa do país, Yuri Borisov, disse nesta terça-feira para uma agência local que os russos vão "esperar pacientemente" pelos navios e que por enquanto não vai entrar com qualquer processo.
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O adiamento também não havia sido bem recebido em alguns setores na França. O próprio governo Hollande hesitou por meses em tomar a medida, argumentando que as sanções econômicas impostas recentemente à Rússia não poderiam ser retroativas e não deveriam afetar contratos assinados em 2011. Até mesmo dirigentes da oposição se manifestaram pela entrega das embarcações, mas diante da pressão dos EUA e de outros países europeus, Hollande acabou segurando a entrega.
A decisão também provocou uma reação negativa entre os operários que construíram o Vladivostok e que atualmente trabalham no Sebastopol. Dirigentes sindicais manifestaram temor de que uma queda de braço pelos navios prejudique o estaleiro de St. Nazaire em contratos futuros. O casco do Sebastopol foi justamente lançado ao mar pela primeira vez na semana passada, indicando que apesar do adiamento na entrega, o trabalho prossegue normalmente no segundo navio.
Além da construção, o contrato prevê o treinamento das tripulações russas que vão operar as embarcações e a transferência de tecnologia. Alguns marinheiros russos estão na França aprendendo o funcionamento do primeiro navio. De acordo com a imprensa francesa, 200 deveriam embarcar para St. Nazaire para assumir a embarcação nesta semana caso o governo não tivesse novamente adiado a entrega.
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