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Efeitos da Lava Jato podem afetar crescimento em 2015

Operação envolveu as principais construtoras do país, fazendo com o próprio governo admita que investimentos podem diminuir no ano que vem

O ex-diretor de serviço da Petrobras, Renato Duque, chega a sede da Polícia Federal
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Os desdobramentos da Operação Lava Jato poderão afetar as perspectivas de crescimento de 2015. É o que já se admite na equipe econômica da presidente Dilma Rousseff. Por envolver as principais construtoras do país, as investigações vão atrasar o programa de concessões, a maior aposta do governo para acionar o motor dos investimentos. Os mais otimistas enxergam um lado bom no processo: a possibilidade de abrir espaço para construtoras de médio porte nas novas parcerias com o governo. Há pelo menos um caso bem-sucedido, o da concessão da BR-050 em Goiás e Minas Gerais, arrematada por um grupo de empreiteiras que não têm relação com o "clube" investigado pela Lava Jato. O governo acredita que é possível uma participação maior das empreiteiras menores no processo.
Para que essa alternativa se viabilize, será necessário aumentar a chance de crédito a essas empresas. Há dúvidas se os bancos aceitarão financiar empresas com menor tradição em empreendimentos de valor elevado e prazos longos. Será preciso ampliar as garantias. O crédito para as concessões e Parceiras Público-Privadas (PPP) tem ainda outro complicador à frente, que é a perspectiva de novo rebaixamento da nota do país pelas agências internacionais de classificação de risco. Essa é a maior preocupação da equipe econômica. Ela não tem origem nos malfeitos na Petrobras, e sim na condução da política fiscal brasileira. O rebaixamento vai encarecer os empréstimos para o setor público e para as empresas, mas pode sobretudo afastar os investidores estrangeiros.
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Os prejuízos para o crescimento foram comentados pelo presidente do grupo Gerdau, Jorge Gerdau. Para ele, a Lava Jato pode afetar a perspectiva de investimentos e crescimento do país no ano que vem, inclusive pelos impactos das investigações sobre o Legislativo brasileiro. "O problema é o seguinte: as coisas todas têm que andar bem. Você não pode ter problemas importantes que nem estamos tendo, que afetem em menor ou maior escala o Congresso. Para ter plena eficiência, você tem que trabalhar procurando não ter problemas e nós, no momento, temos problemas que precisam ser vencidos."
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O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, traçou um quadro positivo. "Acho que estamos dando uma demonstração de seriedade, de que no Brasil a Justiça funciona sem interferência", comentou. Ele disse ser necessário segregar as pessoas que cometeram os ilícitos das empresas, que são importantes para o país. E afirmou que, do ponto de vista de seus contatos no setor privado estrangeiro, o Brasil segue como um destino atraente para negócios.
(Com Estadão Conteúdo)

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