Cidade alemã arma pegadinha contra neonazistas
Marcha de extremistas foi transformada involuntariamente em evento de caridade após ação de moradores
Neonazistas marcham de cara amarrada após cruzarem a marca de "5.000 euros arrecadados"
Ao longo do percurso preestabelecido pelos neonazistas, os moradores espalharam marcas, semelhantes às de pistas de corrida. Em vez de distâncias, elas indicavam valores em euros. Para cada metro que os fanáticos avançassem, lojas e moradores doariam certa quantia em dinheiro para uma organização que ampara militantes que desejam abandonar organizações extremistas. Na metade do percurso, uma mensagem pintada no chão dizia "Obrigado pelos 5.000 euros". Dessa maneira, os moradores transformaram o encontro extremista em um evento beneficente contra o nazismo.
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Quando chegaram ao local, as centenas de neonazistas que se reuniram no ponto de partida da marcha pareceram confusos – como mostram vídeos que registraram a cena –, mas decidiram prosseguir mesmo assim. Ao longo do trajeto, faixas estendidas em fachadas ridiculizavam slogans da Alemanha de Hitler. Na metade do percurso, uma mesa repleta de bananas esperava os neonazistas. Em cima dela havia uma faixa que dizia "Mein Mampf" (Minha Larica), em referência ao "Mein Kampf" (Minha Luta), de Hitler. No final, a "pegadinha" arrecadou 10.000 euros para a organização Exit-Deutschland.
Wunsiedel foi escolhida para as marchas neonazistas por que é lá que Rudolf Hess (1894-1987), antigo secretário de Adolf Hitler e um dos líderes do Partido Nazista, foi enterrado – é a terra de sua família, embora ele mesmo tenha nascido no Egito. Para desestimular a peregrinação anual, que também atrai fanáticos de fora da Alemanha, o corpo de Hess foi exumado em 2011 pela administração do cemitério, e a lápide, destruída. O corpo foi incinerado, e as cinzas foram jogadas no mar. A medida acabou murchando a peregrinação dos neonazistas nos últimos anos, mas algumas centenas ainda insistem em viajar ao local para se reunir.
"Eles provavelmente não irão embora. A história da cidade é muito importante para eles, mas pelo menos nós conseguimos criar algo bom em cima disso", disse à imprensa alemã Fabian Wichmann, um pesquisador ligado à Exit-Deutschland.
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