Pular para o conteúdo principal

Dilma escolhe Levy para a Fazenda, mas adia anúncio

Expectativa era que Dilma Rousseff anunciasse nesta sexta-feira os nomes para Planejamento, Fazenda, Desenvolvimento e Agricultura

Gabriel Castro, de Brasília, e Ana Clara Costa
Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro
Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro, favorito para chefiar a Fazenda
A presidente Dilma Rousseff escolheu o ex-secretário do Tesouro Joaquim Levy para comandar o Ministério da Fazenda no seu segundo mandato. O anúncio era aguardado para a tarde desta sexta-feira, mas o Palácio do Planalto cancelou o ato sem dar explicações.
Nesta sexta, o mercado reagiu positivamente à possibilidade de escolha de Levy – a Bolsa de Valores de São Paulo subiu 5% e o dólar recuou 2,23%, fechando em 2,51 reais. O economista, especialista em contas públicas, foi um dos autores de importantes políticas que resgataram a credibilidade da economia brasileira no primeiro mandato de Lula. Levam sua assinatura as medidas rigorosas de controle de gastos que fizeram o Brasil cumprir um superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB), muito acima da meta de 3% prevista pelo governo em 2003. Se muitos economistas de viés ortodoxo aplaudem a condução da politica econômica do primeiro mandato de Lula, muito se deve ao trabalho de Levy, chefiado na época por Antonio Palocci. Com a saída de Palocci do governo, em 2006, Levy também deixou a pasta. Passou pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e foi secretário da Fazenda do Rio de Janeiro, antes de chefiar a área de fundos do Bradesco.

Formado em Engenharia Naval pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Levy nasceu no Rio de Janeiro e tem 53 anos. É doutor em Economia pela Universidade de Chicago e mestre pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Antes de iniciar carreira pública, integrou os quadros do Fundo Monetário Internacional (FMI), onde ocupou cargos em vários departamentos, entre 1992 e 1999.
Ainda que as mensagens dadas pelo governo após as eleições tenham sido truncadas — ora com sinalização de ajuste, ora com demonstrações de manutenção das políticas atuais —, a escolha de Levy é positiva. Mostra pré-disposição da presidente em implementar as reformas necessárias, sobretudo no âmbito fiscal. O economista tem bom trânsito com o mercado e também dentro do governo. Mas sua indicação é, sobretudo, simbólica. Quando era ministra de Minas e Energia, Dilma teve desentendimentos com Levy justamente por achar que a Fazenda “se preocupava demais” com o lado fiscal, fechando as torneiras para projetos e investimentos. A visão genuína da presidente sobre as contas públicas foi exacerbada durante a última campanha eleitoral, na qual Dilma criticou abertamente os ajustes feitos no período de Fernando Henrique Cardoso. Agora, o discurso (felizmente) mudou. Tanto é que Dilma recorre ao economista justamente para que seu governo retome o equilíbrio fiscal. As incoerências entre discurso e prática não param por aí. No fim das contas, depois de demonizar o setor bancário durante a campanha, a presidente foi buscar nos bancos o seu ministro da Fazenda.
Barbosa — Também era cogitada para esta sexta a nomeação de Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo da Fazenda, para a pasta do Planejamento. Barbosa é respeitado tanto na academia quanto no setor financeiro e tem ampla experiência na administração pública — já passou pela Fazenda, Planejamento e pelo BNDES. Ele, porém, não teria demonstrado empolgação com a pasta que lhe teria sido atribuída – esperava ser chamado para comandar a Fazenda.
O senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE) deve assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ele esteve com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada na manhã desta sexta-feira. A chegada dele ao governo representa uma tentativa de aproximação da presidente com o PTB, que fez parte da aliança do tucano Aécio Neves nas eleições. Para a Agricultura, a senadora Kátia Abreu (PMDB) é a mais cotada.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...