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Wall Street aponta riscos para o Brasil em 2015

Economistas avaliam que ajustes na política fiscal serão fundamentais para o país superar as dificuldades do mercado interno e externo

Elevação dos juros nos Estados Unidos e queda nos preços das commodities estão entre os desafios para o governo
Elevação dos juros nos Estados Unidos e queda nos preços das commodities estão entre os desafios para o governo (Reprodução/VEJA)
A presidente Dilma Rousseff terá o desafio de fazer os esperados ajustes na economia brasileira em 2015 não só com o ambiente doméstico mais complicado, com o Congresso fragmentado e a atividade econômica desaquecida, avaliam economistas em Wall Street. O Brasil terá de lidar ao mesmo tempo com um cenário externo que tende a ficar mais desfavorável para os mercados emergentes no próximo ano, marcado por dólar forte, continuidade da queda dos preços das commodities e volatilidade no mercado financeiro e nos fluxos internacionais de capital.
O principal fato que deve pesar no humor dos investidores em 2015 é o processo de elevação dos juros nos Estados Unidos. As taxas, que estão próximas de zero, devem ter o primeiro aumento desde 2006, o que deve elevar os custos de captação de recursos para países como o Brasil, influenciar os fluxos de capital para os emergentes, afetando suas moedas, e provocar mais volatilidade no mercado financeiro mundial, que anda mais turbulento por causa da queda do petróleo.
Além da elevação dos juros dos EUA, os economistas citam ainda que a China deve continuar seu processo de desaceleração, a Europa vai seguir crescendo pouco em 2015 e, assim, os preços das commodities tendem a continuar caindo. Nesse ambiente, o ritmo de crescimento dos emergentes não deve repetir os níveis altos vistos nos anos após a crise financeira mundial de 2008. O Citibank projeta expansão de 4,4% para países emergentes em 2015, pouco acima dos 4,2% previstos para 2014. Nesse grupo, o Brasil deve ter uma das menores taxas de expansão entre os principais países, crescendo apenas 0,5%.
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"A agenda para o Brasil não é fácil", avalia o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos. A economia interna mais fragilizada, com os déficits fiscais e na conta corrente somando 9% do Produto Interno Bruto (PIB), torna o país mais sensível às mudanças da economia mundial, que incluem o dólar forte, o potencial aumento do custo do financiamento externo, que pode ficar mais difícil, e da queda dos preços das commodities. Passar de forma bem sucedida por esse ambiente vai requerer, mais que tudo, ajustes na política fiscal, avalia ele.
O Brasil é citado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês), formado pelos maiores bancos do mundo, como um dos países emergentes mais vulneráveis à mudança da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), junto com outros como África do Sul, Turquia e Rússia.Além da elevação dos juros em si, o FMI alerta que a mudança das expectativas dos agentes sobre quando esta alta começará é que pode provocar turbulência no mercado financeiro.
A presidente do Fed, Janet Yellen, sinalizou que pelo menos no início do ano que vem os juros não devem subir, mas tudo vai depender do comportamento dos indicadores da economia dos EUA. Os governos dos países emergentes, recomenda o FMI, precisam ficar vigilantes e tomar medidas macroprudenciais para protegerem suas economias de efeitos adversos.
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Emergentes - "O desempenho dos países emergentes em 2015 vai depender da habilidade destes países de lidar com choque externo que aparecer", destaca o economista do Deutsche Bank, Drausio Giacomelli, em um relatório. "O cenário externo tem potencial para criar turbulência adicional nos fluxos de capital para os emergentes". Enquanto o Deutsche está animado com a agenda de ajustes e mudanças na Índia e Indonésia, os economistas do banco estão menos otimistas com outros emergentes, como Brasil e Rússia. "Esperamos algum progresso aqui e ali", destaca o relatório, que não vê no cenário mudanças "substanciais", no caso da economia brasileira.
Na avaliação do economista sênior da gestora Alliance Bernstein para a América Latina, Fernando Losada, nomes como o do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, agradaram os investidores de Wall Street e ajudam a aumentar a expectativa de uma política fiscal mais ortodoxa, além de outros ajustes. "A dúvida que persiste é que grau de liberdade Dilma dará a nova equipe", diz ele. Em um cenário externo e interno mais adversos, o IIF destaca que as mudanças que a nova equipe deve fazer vão ajudar a restaurar a confiança dos agentes e deixar o país menos vulnerável.

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