Para ex-diretores, relatório sobre a CIA é equivocado e traz riscos
Texto refutando documento divulgado pelo Senado diz que os interrogatórios foram essenciais para 'salvar vidas' e encontrar o terrorista Osama Bin Laden
A chefe da Comissão de Inteligência do Senado dos Estados Unidos, Dianne Feinstein, apresenta o relatório que detalha as torturas praticadas pela CIA (Reuters)
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Os ex-diretores defenderam o programa de interrogatórios, alegando que o serviço secreto estava diante de uma situação que era como uma "bomba-relógio" e exigia ações rápidas. Eles argumentam que os métodos levaram à captura de chefes da rede terrorista Al Qaeda, à obtenção de informações valiosas sobre o grupo terrorista e colaboraram para salvar centenas de vidas ao desmantelar planos da organização, incluindo um ataque similar aos do 11 de setembro. "Um exemplo poderoso do programa de interrogatórios foram as informações obtidas de Abu Zubaydah, um importante operador da Al Qaeda, e Khalid Sheik Muhammed, que orquestrou o 11 de setembro. Estamos convencidos de que eles não teriam falado sem a implantação do programa de interrogatórios."
Os ex-diretores também defenderam que Osama bin Laden jamais teria sido encontrado sem as informações fornecidas por prisioneiros. "A CIA nunca teria focado no indivíduo que se tornou o mensageiro pessoal de Bin Laden sem o programa de detenção e interrogatório", afirma o artigo. "O cerne da questão é: o programa de interrogatórios foi parte essencial na concepção do plano da CIA e do Exército militar que acarretou na operação para matar Bin Laden."
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Politização – O artigo critica a forma como as informações foram divulgadas, dizendo que os membros do comitê destacaram apenas o que interessava, dentre as 6.000 páginas resultantes de cinco anos de investigações, com o objetivo de “construir seu argumento contra a eficácia do programa”. “Na área de inteligência, nós chamamos isso de politização”. O relatório de 528 páginas extraídas da investigação foi divulgado pela chefe do comitê de inteligência, a democrata Dianne Feinstein, e se refere a ações da agência durante o governo anterior, do republicano George W. Bush.
Alerta ainda para as consequências “alarmantes” que as informações inexatas podem trazer aos Estados Unidos. Como exemplo, citou a preocupação que agentes da CIA devem passar a ter de se envolverem em “ações sensíveis aprovadas legalmente” e depois serem alvo de censura de futuras administrações. Além disso, acreditam que parceiros internacionais terão menos confiança e vão cooperar menos com Washington, e os terroristas terão outra “valiosa ferramenta de recrutamento”. “Tudo isso significa mais perigo para o povo americano e para nossos aliados”.
Eles disseram ainda que o relatório do comitê do Senado estava "errado" ao afirmar que a CIA ludibriou a Casa Branca, o Departamento de Justiça, o Congresso e o público sobre os métodos empregados nos interrogatórios. Segundo os ex-diretores, a agência buscou e recebeu confirmação da Casa Branca e do Departamento de Justiça a respeito de seus programas e também manteve o Congresso informado. Ao admitir a ocorrência de falhas que foram corrigidas, os ex-diretores também cobram uma postura diferente do comitê. "De nenhuma maneira alegamos ter feito tudo perfeitamente, especialmente nas circunstâncias emergenciais e muitas vezes caóticas confrontadas na sequência imediata do 11 de setembro", escreveram. “O país e a CIA teriam se beneficiado de um estudo mais equilibrado desses programas e de recomendações correspondentes. O relatório do comitê não é esse estudo. Ele não oferece nenhuma recomendação”.
(Com agência Reuters)
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