Pular para o conteúdo principal

Fornecedor do PT, agora, diz que é dono de empresa que recebeu R$ 24 milhões

Empresário diz a jornal que toca a companhia que tem como sócio um ex-motorista. E que 'merecia o dobro' pelo trabalho na campanha de Dilma

A presidente Dilma Rousseff (PT) durante campanha em Porto Alegre
A presidente Dilma Rousseff (PT) durante campanha em Porto Alegre (Felipe Dana/AP)
O empresário Carlos Cortegoso, que não figura como sócio da Focal Confecção e Comunicação Visual, segunda maior fornecedora da campanha da presidente Dilma Rousseff, diz, agora, que é ele o dono da empresa. A Focal tem como um dos sócios Elias Silva de Mattos, que até o ano passado declarava ser motorista e recebia salário de cerca de 2.000 reais mensais. A outra sócia é Carla Regina Cortegoso, filha do empresário. Ao jornal Folha de S. Paulo, Cortegoso negou que Mattos seja um laranja. E disse que a empresa foi colocada no nome da filha porque estava inadimplente em 2003, ano em que criou a Focal.
"Quem me dera o menino ser um laranja", afirmou Cortegoso à Folha, em referência a Mattos. "Só se for um Citrosuco, só se for esmagado. Vou colocar um laranja junto com a minha filha?". O empresário disse ainda que pediu à filha que fosse titular da Focal e escalou, à época, o funcionário José Marcos Bortalaia para integrar o quadro se sócios. Bortalaia, porém, deixou a empresa em 2013. Cortegoso, então, teria pedido a Mattos que se tornasse sócio, por pressão de seu contador. "Eu que toco a empresa e sou o responsável. Eu precisava e ele merecia. Ele era quem mais reunia méritos para ser recompensado", afirmou.
A empresa recebeu 24 milhões de reais do PT e teve as notas fiscais apontadas como irregulares pelos técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pediram a rejeição das contas da presidente nas prestações da campanha de 2014. Somente o marqueteiro João Santana recebeu mais dinheiro da campanha do que a Focal. Dos 350 milhões de reais em gastos declarados pela presidente em 2014, um recorde para qualquer pleito no país, 70 milhões de reais foram diretamente para a conta da empresa do marqueteiro, a Pólis Propaganda. Outros 8 milhões de reais foram repassados à empresa por meio do diretório nacional do partido.
O empresário disse ainda que seu primeiro contato com o PT se deu em 2002, por meio de Paulo Okamoto, assessor do ex-presidente Lula. Depois, passou a tratar com os tesoureiros Delúbio Soares, Paulo Ferreira e João Vaccari Neto. Sobre os 24 milhões de reais, afirma que "merecia o dobro" pelo trabalho. E que sua parceria com o marqueteiro João Santana é "muito boa". Disse também que é líder de mercado e faz comícios para o PT desde 2006.
De acordo com reportagem do jornal, a empresa está localizada em São Bernardo do Campo e declarou ter prestado serviços na área de montagem de eventos. O motorista Mattos passou a integrar o quadro societário em 29 de novembro do ano passado, com participação de 3.000 reais. Já a outra sócia, Carla Regina Cortegoso, tem cota de 27.000 reais na empresa. Procurado pelo jornal para tratar do caso, Mattos afirmou: "Eu sabia que ia virar transtorno na minha vida". E prosseguiu: "Eu não posso dar entrevista, não estou preparado para falar". Sugeriu ainda à reportagem que fosse falar "com eles", referindo-se à empresa.
Este não é o primeiro caso em que a Focal e Cortegoso são citados em circunstâncias suspeitas. Em 2005, o operador do mensalão, Marcos Valério, afirmou que a empresa era uma das destinatárias de recursos do esquema – por ordem do PT. Em documento entregue à CPI dos Correios, Valério cita tanto a empresa quanto Cortegoso

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular