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Diretor da CIA: tortura ajudou a achar Osama bin Laden  

Após relatório do Senado criticar técnicas empregadas pela CIA, John Brennan repete tese que atribui morte de bin Laden a informações obtidas sob tortura. Enquanto isso, Dick Cheney afirma que relatório 'está cheio de porcaria'

O diretor John Brennan
O diretor John Brennan
O diretor da CIA, John Brennan, defendeu nesta quinta-feira a agência americana do relatório formulado pelo Comitê de Inteligência do Senado sobre as torturas empregadas durante interrogatórios de suspeitos de terrorismo. Ele reconheceu que alguns oficiais do serviço secreto agiram “de forma abominável e que precisa ser repudiada por todos”, mas elogiou o trabalho desempenhado pela maioria da agência, que, segundo ele, “salvou vidas” e "ajudou a achar Osama bin Laden". “Eles fizeram o que era necessário para servir à nação. Oficiais da CIA que cumpriram com a lei não devem ser confundidos com os poucos que não a seguiram”, afirmou.
Para Brennan, o relatório produzido pelo Senado é “incomum” por não ter entrevistado nenhum agente da CIA nem conter conclusões bipartidárias – enquanto os democratas endossaram o documento final, os republicanos divulgaram uma nota rechaçando-o. Brennan também contestou a visão de que a CIA não informou o Congresso e a Casa Branca sobre os detalhes do programa de interrogatórios, o que, segundo ele, contribui para passar uma imagem de que os oficiais do serviço secreto “não eram confiáveis” ou estavam fora de controle. Ele ainda destacou que “não é possível saber” se outros métodos de interrogatório teriam resultado nas mesmas informações que foram conseguidas através das práticas de tortura.
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Brennan concluiu dizendo que “muitos dos sucessos da CIA nunca serão conhecidos”, alegando que a agência “fez muitas coisas certas” numa época em que “não havia respostas fáceis”. Enquanto o chefe do serviço secreto discursava, a senadora democrata Dianne Feinstein, que chefiou o comitê que produziu o relatório de torturas, recorreu ao Twitter para refutar as alegações de Brennan. “Brennan disse que não era possível saber se a CIA teria conseguido informações de outras formas. O estudo mostra que, sim, era possível saber. A CIA obteve inteligência antes de aplicar torturas. Leia o relatório”, postou ela, através de sua página no Twitter
Cheney - O ex-vice-presidente americano Dick Cheney também defendeu as ações da CIA e fez duras críticas ao relatório do Senado. "Este relatório está cheio de porcaria, me desculpe. E me parece cheio de falhas", declarou Cheney em uma entrevista ao canal Fox News.
Cheney foi vice-presidente nos dois mandatos de George W. Bush, entre 2001 e 2009, época em que a agência de inteligência americana realizou os interrogatórios com suspeitos de terrorismo citados no relatório, que foi divulgado na terça-feira.
O relatório afirma que a tortura realizada pela CIA contra suspeitos de terrorismo não permitiu obter informações válidas. O comitê de inteligência do Senado também revelou as mentiras da agência de inteligência em audiências no Congresso e na Casa Branca.
Mas, para Cheney, as medidas renderam frutos. "Nós fizemos exatamente o que precisávamos fazer para capturar aqueles que eram culpados pelo (ataque de) 11 de setembro e para evitar novos ataques, e tivemos sucesso nas duas questões", completou o vice-presidente da administração George W. Bush. "O que deviamos fazer com Khaled Sheikh Mohamed (o cérebro dos atentados de 11 de Setembro de 2001)? Beijá-lo nas bochechas e dizer: 'Por favor, por favor, nos diga o que você sabe?' Claro que não", disse Cheney. O vice também defendeu métodos como o waterboarding (simulação de afogamento), afirmando que eles “funcionaram”.
O ex-vice também disse que os investigadores do Senado não conversaram com os participantes do programa de interrogatório. "A investigação não se deu o trabalho de entrevistar pessoas chave envolvidas com o programa", completou.
Por fim, o ex-vice refutou a conclusão do relatório que aponta que o Bush não tinha conhecimento do alcance do programa. De acordo com Cheney, Bush estava envolvido em discussões sobre as técnicas de interrogatório e que tais informações constam até mesmo no livro de memórias do ex-presidente.
"A ideia que o comitê está querendo empurrar de que de alguma maneira a agência estava operando de um jeito trapaceiro e de que nós não eramos informados - e que o presidente não era informado - é uma mentira deslavada", disse. A renúncia do vice-presidente, indiciado neste e outros casos, vem sendo exigida pela oposição há vários meses. Mas Cristina não parece disposta a ceder às pressões, e não ameaçou pedir seu afastamento.

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