Diretor da CIA: tortura ajudou a achar Osama bin Laden
Após relatório do Senado criticar técnicas empregadas pela CIA, John Brennan repete tese que atribui morte de bin Laden a informações obtidas sob tortura. Enquanto isso, Dick Cheney afirma que relatório 'está cheio de porcaria'
O diretor John Brennan
Para Brennan, o relatório produzido pelo Senado é “incomum” por não ter entrevistado nenhum agente da CIA nem conter conclusões bipartidárias – enquanto os democratas endossaram o documento final, os republicanos divulgaram uma nota rechaçando-o. Brennan também contestou a visão de que a CIA não informou o Congresso e a Casa Branca sobre os detalhes do programa de interrogatórios, o que, segundo ele, contribui para passar uma imagem de que os oficiais do serviço secreto “não eram confiáveis” ou estavam fora de controle. Ele ainda destacou que “não é possível saber” se outros métodos de interrogatório teriam resultado nas mesmas informações que foram conseguidas através das práticas de tortura.
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Brennan concluiu dizendo que “muitos dos sucessos da CIA nunca serão conhecidos”, alegando que a agência “fez muitas coisas certas” numa época em que “não havia respostas fáceis”. Enquanto o chefe do serviço secreto discursava, a senadora democrata Dianne Feinstein, que chefiou o comitê que produziu o relatório de torturas, recorreu ao Twitter para refutar as alegações de Brennan. “Brennan disse que não era possível saber se a CIA teria conseguido informações de outras formas. O estudo mostra que, sim, era possível saber. A CIA obteve inteligência antes de aplicar torturas. Leia o relatório”, postou ela, através de sua página no Twitter
Cheney - O ex-vice-presidente americano Dick Cheney também defendeu as ações da CIA e fez duras críticas ao relatório do Senado. "Este relatório está cheio de porcaria, me desculpe. E me parece cheio de falhas", declarou Cheney em uma entrevista ao canal Fox News.
Cheney foi vice-presidente nos dois mandatos de George W. Bush, entre 2001 e 2009, época em que a agência de inteligência americana realizou os interrogatórios com suspeitos de terrorismo citados no relatório, que foi divulgado na terça-feira.
O relatório afirma que a tortura realizada pela CIA contra suspeitos de terrorismo não permitiu obter informações válidas. O comitê de inteligência do Senado também revelou as mentiras da agência de inteligência em audiências no Congresso e na Casa Branca.
Mas, para Cheney, as medidas renderam frutos. "Nós fizemos exatamente o que precisávamos fazer para capturar aqueles que eram culpados pelo (ataque de) 11 de setembro e para evitar novos ataques, e tivemos sucesso nas duas questões", completou o vice-presidente da administração George W. Bush. "O que deviamos fazer com Khaled Sheikh Mohamed (o cérebro dos atentados de 11 de Setembro de 2001)? Beijá-lo nas bochechas e dizer: 'Por favor, por favor, nos diga o que você sabe?' Claro que não", disse Cheney. O vice também defendeu métodos como o waterboarding (simulação de afogamento), afirmando que eles “funcionaram”.
O ex-vice também disse que os investigadores do Senado não conversaram com os participantes do programa de interrogatório. "A investigação não se deu o trabalho de entrevistar pessoas chave envolvidas com o programa", completou.
Por fim, o ex-vice refutou a conclusão do relatório que aponta que o Bush não tinha conhecimento do alcance do programa. De acordo com Cheney, Bush estava envolvido em discussões sobre as técnicas de interrogatório e que tais informações constam até mesmo no livro de memórias do ex-presidente.
"A ideia que o comitê está querendo empurrar de que de alguma maneira a agência estava operando de um jeito trapaceiro e de que nós não eramos informados - e que o presidente não era informado - é uma mentira deslavada", disse. A renúncia do vice-presidente, indiciado neste e outros casos, vem sendo exigida pela oposição há vários meses. Mas Cristina não parece disposta a ceder às pressões, e não ameaçou pedir seu afastamento.
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