Pular para o conteúdo principal

CIA: técnicas de interrogatório ‘ajudaram a salvar vidas’

John Brennan contesta relatório divulgado pelo Senado americano

John Brennan, nomeado pelo presidente Barack Obama para dirigir a CIA
O diretor da CIA, John Brennan (Jason Reed / Reuters)
Depois da divulgação de um relatório do Senado americano condenando as técnicas de interrogatório usadas pela CIA depois dos ataques de 11 de setembro, a direção da agência de inteligência publicou um comunicado contestando algumas informações. A principal delas, a de que o uso de tortura não trouxe resultados significativos. Na visão da CIA, contudo, as técnicas avançadas, como são descritas, trouxeram informações que ajudaram a “evitar ataques, capturar terroristas e salvar vidas”. “A inteligência adquirida a partir do programa foi crítica para nosso entendimento da Al Qaeda e continua a informar nossos esforços de contraterrorismo até hoje”.
O comunicado do diretor John Brennan admite que o programa de detenção e interrogatório “teve falhas e a agência cometeu erros”. Os problemas mais graves ocorreram no início, afirma o texto, quando a CIA ainda estava despreparada e não tinha as competências necessárias para atuar com os suspeitos de terrorismo.
Leia mais:
CIA usou técnicas brutais e ineficientes, diz relatório
EUA alertam para riscos de segurança com divulgação de relatório sobre tortura
Uruguai recebe como 'refugiados' seis prisioneiros de Guantánamo
Obama admite tortura de presos depois do 11 de Setembro
CIA admite que espionou computadores de senadores dos EUA
Brennan também discordou da frase de que a CIA falhou ao informar o Congresso, o Executivo e o público sobre o programa. “Apesar de termos cometido erros, o histórico não dá suporte para a afirmação do relatório de que a agência sistemática e intencionalmente enganou cada um desses públicos no que se refere à efetividade do programa. Ao contrário, foi o processo adotado pelo comitê ao investigar o programa forneceu um cenário incompleto e seletivo do que ocorreu”.
O diretor repete então o argumento dos republicanos que contestam o relatório, considerado incompleto e falho por se basear apenas em documentos, sem entrevistar ninguém. “Nenhum oficial da CIA envolvido com o programa foi ouvido, o que teria fornecido aos membros do comitê um valioso contexto e perspectiva sobre esses eventos”.
Técnicas ‘avançadas’ – O relatório do Senado exemplifica o uso das práticas afirmando que em meados de 2003, depois de a Casa Branca fazer vários pronunciamentos sugerindo que o tratamento de detentos era “humano”, a CIA pediu ao conselheiro de segurança nacional que reafirmasse o uso das “técnicas avançadas de interrogação”. No período em que a solicitação estava sendo analisada, a CIA parou de aprovar pedidos de oficiais para empregar tais técnicas, passando a usar as medidas “padrão”. “Essas técnicas padrão eram coercitivas, mas não eram consideradas tão coercitivas como as avançadas”, comparou o relatório.
Caio Blinder: Estamos chocados, chocados com a CIA?
Desta forma, uma privação de sono durante mais de 72 horas era considerada uma prática avançada, enquanto manter um detento acordado por tempo inferior enquadrava-se nas técnicas “padrão”. Assim, para evitar usar uma medida avançada, os oficiais submeteram um preso a 70 horas de privação de sono, duas a menos que o limite.
Responsabilização – Apesar da defesa feita pelo chefe da CIA, vozes se levantaram depois da divulgação do relatório pedindo que os responsáveis pelo programa de interrogatório sejam responsabilizados. Ben Emmerson, relator especial da ONU sobre contraterrorismo e direitos humanos afirmou que “os indivíduos responsáveis pela conspiração criminosa relelada hoje devem ser levados à Justiça”.
Em comunicado, ele afirmou que o documento divulgado pelo comitê do Senado confirma o que a comunidade internacional há muito tempo acreditava – que havia uma clara política orquestrada em alto nível na administração [George W.] Bush para cometer crimes sistemáticos e violações da lei internacional de direitos humanos.
A Anistia Internacional fez o mesmo pedido. “Este relatório fornece ainda mais detalhes de algumas violações de direitos humanos que eram autorizadas pelas mais altas autoridades dos Estados Unidos depois do 11 de setembro”, afirmou a entidade, em comunicado. “Isso é um alerta para os Estados Unidos, que devem liberar a verdade total sobre as violações, responsabilizar os que as perpetraram e assegurar justiça para as vítimas. Isso não é uma minúcia política, é uma exigência da legislação internacional”.
O senador republicano John McCain, torturado quando foi prisioneiro de guerra no Vietnã, falou logo depois da divulgação do relatório e disse que o programa de tortura “manchou nossa honra nacional, trouxe muito dano e poucos benefícios práticos”. “Eu sei por experiência própria que o abuso de prisioneiros produz mais inteligência ruim do que boa”, acrescentou

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p