Terroristas invadem escola e matam ao menos 130 pessoas - a maioria crianças
Cinco horas após início do ataque, o Exército anunciou fim do confronto e a morte dos agressores. Há feridos em estado grave e número de vítimas pode crescer
Um grupo de seis insurgentes vestidos com uniformes do Exército invadiu a escola durante o fim da manhã local (por volta das 6h00 de Brasília) e iniciou o ataque. As forças de segurança paquistanesas cercaram o edifício e travaram um ríspido confronto com os insurgentes, disse o porta-voz militar, Ahmed Ali. Ele acrescentou que a maior parte dos alunos e funcionários já foi retirada do edifício onde funciona a escola. Após horas de cerco, puderam ser ouvidas três explosões no interior da escola gerida pelos militares, e um jornalista da Reuters no local afirmou ter ouvido tiroteio intenso.
Na parte externa, enquanto helicópteros sobrevoavam, a polícia se empenhava em conter grupos de pais desesperados que tentavam ultrapassar o cordão de isolamento e entrar na escola. Um funcionário da escola e um estudante entrevistado pela emissora de TV local Geo disseram que os terroristas tinham entrado no auditório da Escola Pública do Exército, onde uma equipe militar estava realizando treinamento de primeiros socorros para os alunos. Muitas das vítimas foram mortas pelo ataque suicida de um homem-bomba.
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O principal grupo talibã paquistanês, através de um porta-voz que se identificou como Mohammed Khurrassani, assumiu a autoria do ataque, de acordo com o jornal local The Express Tribune. À CNN, Khurrassani disse que o ataque foi uma vingança pela operação militar em curso na região pelos prisioneiros detidos. "Escolhemos a escola do Exército para o ataque porque o governo está alvejando nossas famílias e mulheres", disse o porta-voz do Talibã. "Queremos que eles sintam a dor", completou. O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, rotulou nesta terça como "tragédia nacional" o ataque do grupo Talibã contra a escola. "Meus filhos foram transformados em cinzas da tragédia, a perda de crianças inocentes é a perda de uma nação", disse Sharif à rádio estatal.
O primeiro-ministro segue rumo à Peshawar, capital da província de Khyber Pakhtunkhwa, para coordenar a operação de resgate e garantir o auxílio às Forças Armadas e às autoridades administrativas locais. A área da escola está isolada pelo Exército paquistanês, enquanto imprensa local informa sobre disparos no interior do perímetro. Colégios costumam ser alvos dos talibãs no Paquistão, principalmente as escolas para meninas, assim como instalações militares.
Alvos frágeis – A escola, com 500 estudantes entre dez e 18 anos, está localizada na estrada entre Peshawar e Warsakm e faz parte de uma rede de 146 instituições para filhos de militares. As mulheres dos soldados trabalham como professoras. O Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP, na sigla em inglês), autor do ataque, é o principal grupo extremista do país e uma organização ligada à Al Qaeda que enfrenta o governo desde 2007.
O presidente americano Barack Obama, por meio de uma nota oficial, declarou que “os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes possíveis o terrível ataque de hoje na escola em Peshawar, Paquistão. (...) Ao direcionar os alunos e professores neste ataque hediondo, os terroristas mais uma vez mostraram a sua depravação”. O presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, também condenaram o ataque e a Índia, vizinha do Paquistão, chamou a ação de "desumana". Para Talat Masood, general aposentado e especialista em segurança, o ataque tem dois objetivos: tático e militar. "Atacaram alvos frágeis esperando que isso tenha um forte impacto psicológico na população. Os talibãs esperam que, atacando crianças, vão fazer com que caia o apoio às operações militares contra eles", explicou.
O Paquistão trava uma luta contra grupos radicais em suas regiões semiautônomas desde 2004, quando o Exército entrou nesses locais em busca de combatentes da Al Qaeda que deixavam o Afeganistão para fugir da pressão americana. Nos últimos meses, os militares do Paquistão vêm realizando uma ofensiva terrestre destinada a combater os extremistas do Talibã que atuam ao longo da fronteira com o Afeganistão. A campanha já desalojou dezenas de milhares de pessoas, que fogem para áreas mais seguras. O noroeste do Paquistão é composto por áreas tribais onde a presença do Estado é frágil, dando espaço para líderes locais controlarem o comércio, a administração e até a justiça.
(Com agência EFE)
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