Em última reunião do ano, Copom eleva Selic para 11,75%
Comitê sinaliza aceleração do aperto monetário, em linha com os ajustes já sinalizados pela nova equipe econômica do governo
Alexandre Tombini, presidente do BC: nova alta dos juros em última reunião do ano
O BC iniciou a trajetória de alta em abril do ano passado, quando a taxa de juros passou de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. No governo de Dilma Rousseff, que assumiu a presidência com a Selic a 10,75%, a maior taxa, de 12,5%, foi vista em julho de 2011.
A perspectiva de maior aperto monetário se dá em um ambiente de preocupação com a inflação. Para ancorar as expectativas, porta-vozes do BC têm sinalizado que poderão atuar de forma mais forte.
Levantamento realizado pela Agência Estado no final do mês passado mostrava que a maioria - 45 de 76 instituições financeiras - previa uma nova alta de 0,25 ponto porcentual da Selic, para 11,5%. Menos de uma semana depois, com os acontecimentos mais recentes, as estimativas viraram e agora a aposta, entre 41 de 62 casas, passou a 0,5 p.p., para 11,75%.
No comunicado divulgado na noite desta quarta, o BC sinaliza que novos ajustes serão feitos com "parcimônia". "O Copom decidiu, por unanimidade, intensificar, neste momento, o ajuste da taxa Selic e elevá-la em 0,50 p.p., para 11,75% a.a., sem viés. Considerando os efeitos cumulativos e defasados da política monetária, entre outros fatores, o Comitê avalia que o esforço adicional de política monetária tende a ser implementado com parcimônia", informa o texto.
A decisão foi unânime e teve votos do presidente do BC, Alexandre Antonio Tombini, e dos diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.
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Muitos economistas ficaram ressabiados com a surpreendente elevação de 0,25 p.p. da Selic em outubro e passaram a considerar toda e qualquer manifestação do Banco Central (BC) para não errar novamente. Reiterou a expectativa (agora acertada) de que um aperto maior estava por vir uma declaração do diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, quando participava de evento em Florianópolis (SC). "O Copom não será complacente (com a inflação) e, se for adequado, irá recalibrar a política monetária", afirmou.
O Comitê afirmou, em sua última ata, que a aceleração da inflação havia motivado a elevação da taxa, enquanto o mercado aguardava manutenção. "Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante, para garantir que pressões (inflacionárias) detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos", informou o documento.
Na semana passada, quando confirmado à frente do BC no novo mandato de Dilma Rousseff (PT), o presidente Alexandre Tombini quem reforçou o recado. Ele admitiu que a inflação acumulada em doze meses ainda seguia elevada e que, nessas circunstâncias, a política monetária deve se manter "especialmente vigilante" para evitar que ajustes de preço se espalhem para o resto da economia. Tombini apenas repetiu o que a ata do Copom anterior já havia trazido. Mas foi o presidente, em carne e osso, dizendo com todas as letras que estava preocupado com uma difusão da inflação.
A expectativa do mercado é de que o ano de 2015 seja diferente para as contas públicas. O ministro indicado para a Fazenda, Joaquim Levy, prometeu certa dose de austeridade para os próximos três anos, o que é um ganho e tanto para os efeitos da política monetária. E, é bom lembrar, qualquer ação tomada pelo Copom só terá efeito mesmo em meados de 2015.
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