Tribunal de Haia arquiva acusações contra presidente do Quênia
Promotoria afirmou que não havia provas suficientes para apontar responsabilidade de Uhuru Kenyatta em onda de violência que sacudiu o país em 2007
O presidente queniano Uhuru Kenyatta no tribunal de Haia, na Holanda
Ao retirar as acusações, o promotor do TPI, Fatou Bensouda, disse que que não foram encontradas provas suficientes para demonstrar, "além de qualquer dúvida razoável, a suposta responsabilidade criminal de Kenyatta".
Em outubro, logo após o início do julgamento, Kenyatta se tornou o primeiro chefe de Estado em exercício que compareceu a uma sessão do tribunal, que fica em Haia, na Holanda. No mesmo caso, os promotores do TPI também acusaram o vice de Kenyatta, Wiliam Ruto. O julgamento do último começou em setembro de 2013 e até ainda não terminou, já que promotoria não deu indicações de que pretende pedir um arquivamento.
As acusações contra Kenyatta e Ruto datam de 2007, quando ambos faziam parte do governo do então presidente Mwai Kibaki. À época, uma onda de violência tomou o país após Kibaki ter sido declarado vencedor das eleições presidenciais em um pleito marcado por acusações de fraude.
Na ocasião, 1.300 pessoas morreram e 600.000 ficaram desalojadas. Kenyatta, que era ministro das Finanças, e Ruto, que era ministro da Ciência e Tecnologia, eram à época rivais políticos e foram acusados de tomarem parte na repressão que se seguiu nas regiões que apoiaram o candidato derrotado, Raila Odinga. Foi o período mais tenso e sangrento do país desde a independência do Quênia, em 1963.
Kenyatta e Ruto acabaram com as diferenças em 2013, e uniram forças para eleger a Aliança Jubileu. A campanha dos políticos foi repleta de críticas ao TPI, que, segundo eles, seria movido por "perseguição racial".
Em setembro do ano passado, o Parlamento queniano chegou a aprovar uma proposta para que o país deixasse o Tribunal de Haia. Foi a primeira vez que uma das 122 nações que aderiram ao estatuto que criou o tribunal tomou tal decisão, mas até o momento o país segue como membro, já que nenhuma lei para oficializar a saída foi aprovada até o momento.
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