Maduro promete prender quem atacar opositores
Em cadeia nacional, presidente pede diálogo com estudantes e líderes da oposição, mas culpa Leopoldo López pela violência
CARACAS - Em cadeia nacional de rádio e TV, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, prometeu na quarta-feira, 19, prender grupos de motociclistas que atacam manifestantes antigoverno. Segundo ele, são bandos infiltrados que tentam aumentar o clima de insegurança no país. Maduro, porém, culpou o líder oposicionista Leopoldo López pela violência dos últimos dias. "Ele e seus cúmplices têm de responder por este golpe de Estado", disse.
"Quem sacar armas em nome da revolução bolivariana será preso", disse o presidente, que voltou a atacar facções da oposição por incitar os protestos de rua. "Leopoldo López, o líder da direita fascista, já está na cadeia." O presidente convidou os líderes estudantis para o diálogo e ofereceu uma reunião no Palácio de Miraflores, sede do Executivo. "Venham se reunir aqui comigo. Estou aberto a conversar pela paz", afirmou.
Maduro ainda pediu que governadores da oposição que não aderiram aos protestos convocados por López, como Henri Falcón, do Estado de Lara, e Henrique Capriles, de Miranda, se posicionem a favor do fim dos confrontos e compareçam ao palácio do governo amanhã para "negociar a paz".
O presidente voltou a insinuar que grupos de extrema direita estariam preparados para assassinar López. "Eles buscam um fato que cause comoção na sociedade e jogue o povo contra o povo."
Acordo
Mais cedo, no Palácio de Miraflores, sede do Executivo, Maduro anunciou um acordo com a Samsung para a montagem de uma fábrica de celulares e de eletrodomésticos no país. Além disso, a empresa sul-coreana passaria a vender produtos com base na diretriz de "preços justos".
"Firmamos hoje o primeiro convênio para o estabelecimento de preços justos com a Samsung, no marco de nossa Lei Orgânica de Preços Justos", disse Maduro. Nem o governo nem a empresa, no entanto, entraram em detalhes sobre como os equipamentos eletrônicos seriam vendidos a preços mais baixos.
Obama
Durante visita ao México, o presidente dos EUA, Barack Obama, fez duras críticas ao governo venezuelano em razão da prisão de manifestantes. Obama pediu que Caracas dê respostas às "queixas legítimas" do seu povo.
"Todas as partes envolvidas devem trabalhar em conjunto, abdicar da violência e restaurar a tranquilidade", afirmou o presidente americano, que qualificou de "inaceitável" a violência na Venezuela, além de negar envolvimento dos EUA na crise política - como acusa Caracas.
Silêncio
Doze anos depois de terem participado de forma crucial numa tentativa de golpe de Estado, as redes de TV da Venezuela fazem uma cobertura tão tímida dos atuais protestos contra o governo que críticos falam sobre um "blecaute" da mídia que estaria ajudando o governo.
Os canais, que abertamente estimularam a população a ir às ruas em 2002 e ajudaram a provocar o golpe que brevemente derrubou o então presidente Hugo Chávez, dão agora atenção mínima para as manifestações contra o governo, nas quais pelo menos cinco pessoas morreram. Quando as forças de segurança prenderam o líder da oposição Leopoldo López, na terça-feira, levando dezenas de milhares de simpatizantes às ruas, as redes de TV, que por anos cobriram todos os passos da política venezuelana, não realizaram coberturas ao vivo.
A Guarda Nacional Bolivariana dispersou na noite de quarta-feira em Caracas mais uma manifestação de estudantes contrários ao governo do presidente Nicolás Maduro. Concentrados na Praça Altamira, na zona leste da capital, os manifestantes ergueram barricadas incendiando sacos de lixo para impedir o avanço da guarda, que lançou bombas de gás lacrimogêneo.
Agrupados na Avenida Francisco de Miranda, os estudantes picharam um muro com a frase "Não à ditadura" e quebraram a porta de metal de um estacionamento para usar de escudo contra o avanço dos policiais. Muitos pintaram o rosto de branco, outros escondiam os rostos e portavam coquetéis molotov, além de pedaços de pau.
Maduro, eleito no ano passado depois da morte de Chávez, rebate as acusações de que está cerceando a liberdade de expressão. Maduro foi criticado por grupos de liberdade de imprensa, como o Repórteres Sem Fronteiras, por ordenar que o canal de notícias colombiano NTN24 fosse retirado do sinal a cabo, depois que ele transmitiu ao vivo a violência.
A reviravolta na mídia televisiva começou com a medida de Chávez, em 2007, de tirar a RCTV do ar, ao negar a renovação de sua licença. O canal de notícias Globovisión, que era de oposição, mudou de diretoria e de linha editorial. O Twitter é agora a principal fonte para as notícias em tempo real. Os venezuelanos reclamam que ficam perdidos em meio a tuítes com informações falsas ou antigas.
A ministra das Comunicações, Delcy Rodríguez, condenou a imprensa internacional por uma "distorcida" cobertura da violência, dizendo que fotos do conflito no Egito estão sendo tuitadas por meios de comunicação como se tivessem sido tiradas na Venezuela. "Estamos preocupados com a manipulação de imagens pela mídia internacional", afirmou a ministra. Ela disse que um jornalista da NTN24 mostrou fotos de bebês dormindo em caixas de papelão em Honduras como se fossem cenas da Venezuela.
Dois importantes jornais de oposição mantêm destaque aos problemas econômicos do país. No entanto, jornalistas associados a um outro diário bastante lido, o Últimas Noticias, escreveram uma carta criticando a mudança de última hora na cobertura da violência. / Com REUTERS
Veja também:
Oposição protesta contra a prisão de López
'Estamos vivendo um déjà vu da crise de 2002'
Mensagem de López é divulgada após prisão
Oposição protesta contra a prisão de López
'Estamos vivendo um déjà vu da crise de 2002'
Mensagem de López é divulgada após prisão
Em cadeia nacional, Maduro prometeu prender quem atacar opositores
Maduro ainda pediu que governadores da oposição que não aderiram aos protestos convocados por López, como Henri Falcón, do Estado de Lara, e Henrique Capriles, de Miranda, se posicionem a favor do fim dos confrontos e compareçam ao palácio do governo amanhã para "negociar a paz".
O presidente voltou a insinuar que grupos de extrema direita estariam preparados para assassinar López. "Eles buscam um fato que cause comoção na sociedade e jogue o povo contra o povo."
Acordo
Mais cedo, no Palácio de Miraflores, sede do Executivo, Maduro anunciou um acordo com a Samsung para a montagem de uma fábrica de celulares e de eletrodomésticos no país. Além disso, a empresa sul-coreana passaria a vender produtos com base na diretriz de "preços justos".
"Firmamos hoje o primeiro convênio para o estabelecimento de preços justos com a Samsung, no marco de nossa Lei Orgânica de Preços Justos", disse Maduro. Nem o governo nem a empresa, no entanto, entraram em detalhes sobre como os equipamentos eletrônicos seriam vendidos a preços mais baixos.
Obama
Durante visita ao México, o presidente dos EUA, Barack Obama, fez duras críticas ao governo venezuelano em razão da prisão de manifestantes. Obama pediu que Caracas dê respostas às "queixas legítimas" do seu povo.
"Todas as partes envolvidas devem trabalhar em conjunto, abdicar da violência e restaurar a tranquilidade", afirmou o presidente americano, que qualificou de "inaceitável" a violência na Venezuela, além de negar envolvimento dos EUA na crise política - como acusa Caracas.
Silêncio
Doze anos depois de terem participado de forma crucial numa tentativa de golpe de Estado, as redes de TV da Venezuela fazem uma cobertura tão tímida dos atuais protestos contra o governo que críticos falam sobre um "blecaute" da mídia que estaria ajudando o governo.
Os canais, que abertamente estimularam a população a ir às ruas em 2002 e ajudaram a provocar o golpe que brevemente derrubou o então presidente Hugo Chávez, dão agora atenção mínima para as manifestações contra o governo, nas quais pelo menos cinco pessoas morreram. Quando as forças de segurança prenderam o líder da oposição Leopoldo López, na terça-feira, levando dezenas de milhares de simpatizantes às ruas, as redes de TV, que por anos cobriram todos os passos da política venezuelana, não realizaram coberturas ao vivo.
A Guarda Nacional Bolivariana dispersou na noite de quarta-feira em Caracas mais uma manifestação de estudantes contrários ao governo do presidente Nicolás Maduro. Concentrados na Praça Altamira, na zona leste da capital, os manifestantes ergueram barricadas incendiando sacos de lixo para impedir o avanço da guarda, que lançou bombas de gás lacrimogêneo.
Agrupados na Avenida Francisco de Miranda, os estudantes picharam um muro com a frase "Não à ditadura" e quebraram a porta de metal de um estacionamento para usar de escudo contra o avanço dos policiais. Muitos pintaram o rosto de branco, outros escondiam os rostos e portavam coquetéis molotov, além de pedaços de pau.
Maduro, eleito no ano passado depois da morte de Chávez, rebate as acusações de que está cerceando a liberdade de expressão. Maduro foi criticado por grupos de liberdade de imprensa, como o Repórteres Sem Fronteiras, por ordenar que o canal de notícias colombiano NTN24 fosse retirado do sinal a cabo, depois que ele transmitiu ao vivo a violência.
A reviravolta na mídia televisiva começou com a medida de Chávez, em 2007, de tirar a RCTV do ar, ao negar a renovação de sua licença. O canal de notícias Globovisión, que era de oposição, mudou de diretoria e de linha editorial. O Twitter é agora a principal fonte para as notícias em tempo real. Os venezuelanos reclamam que ficam perdidos em meio a tuítes com informações falsas ou antigas.
A ministra das Comunicações, Delcy Rodríguez, condenou a imprensa internacional por uma "distorcida" cobertura da violência, dizendo que fotos do conflito no Egito estão sendo tuitadas por meios de comunicação como se tivessem sido tiradas na Venezuela. "Estamos preocupados com a manipulação de imagens pela mídia internacional", afirmou a ministra. Ela disse que um jornalista da NTN24 mostrou fotos de bebês dormindo em caixas de papelão em Honduras como se fossem cenas da Venezuela.
Dois importantes jornais de oposição mantêm destaque aos problemas econômicos do país. No entanto, jornalistas associados a um outro diário bastante lido, o Últimas Noticias, escreveram uma carta criticando a mudança de última hora na cobertura da violência. / Com REUTERS
Comentários
Postar um comentário