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Delator é preso e mensalão chega à reta final; STF definirá se houve quadrilha

Último condenado do caso a ter prisão decretada, Roberto Jefferson começa a cumprir pena de 7 anos e 14 dias em presídio de Niterói; ministros do Supremo definem se revertem ou não sentenças de condenados

 
 
Rio - O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), condenado a 7 anos e 14 dias de prisão em regime semiaberto pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, foi preso pela Polícia Federal nesta segunda-feira, 24, em sua casa em Levy Gasparian, no interior do Rio.
Ex-deputado aguardou a prisão em sua casa  - Fabio Motta/Estadão
 
Ex-deputado aguardou a prisão em sua casa

A prisão ocorreu quase nove anos após ele revelar o mensalão, esquema de pagamento de parlamentares da base aliada que funcionou entre 2003 e 2005, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de delator do escândalo, o ex-deputado foi beneficiário dos desvios, motivo pelo qual acabou condenado.
Jefferson foi o último dos condenados do mensalão a ser preso - ele foi levado a um presídio de Niterói. As primeiras detenções ocorreram ainda em novembro do ano passado, por determinação do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.
Rival de Jefferson, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado a 10 anos e 10 meses de prisão por comandar o mensalão, foi levado para a cadeia, em Brasília, na primeira leva - já está preso há 101 dias.
A prisão do delator do mensalão coloca o caso em sua reta final. À exceção do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que está preso na Itália à espera da extradição, os condenados - 25 ao todo - já começaram a cumprir suas penas.
Há, porém, pendências no Supremo. Os ministros da Corte ainda precisam julgar novamente crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. No caso da quadrilha, a sentença será determinante.
Primeiro, por causa da narrativa da Procuradoria-Geral da República segundo a qual Dirceu seria "chefe de quadrilha". Segundo, porque uma eventual absolvição evitaria que os políticos envolvidos no caso cumprissem prisão em sistema fechado. Dirceu, por exemplo, está cumprindo 7 anos e 11 meses por corrupção ativa.
Se a condenação de quadrilha for confirmada, o tempo de pena sobe para 10 anos e 10 meses - pelo fato de superar 8 anos, o condenado tem de ir para o regime fechado, no qual não é permitido trabalhar de dia, entre outros benefícios.
Os ministros do Supremo começam a julgar amanhã os recursos que poderão mudar as sentenças. A tendência da Corte é reverter o crime de quadrilha.
Últimas horas. Nos momentos que antecederam sua prisão, Jefferson deu entrevistas. "Tenho que passar por isso. Estou levando todos os meus laudos e a última tomografia. Assim que eu der entrada na PF, eles terão acesso ao meu histórico médico", afirmou o ex-deputado, que segue dieta rigorosa depois de se tratar de um câncer no pâncreas.
Por causa dessa dieta, sua defesa solicitou que ele cumpra prisão domiciliar - o ex-presidente do PT José Genoino, também condenado no caso, cumpre temporariamente sua pena em prisão domiciliar por causa de problemas no coração.
Apesar de ter sido condenado no regime semiaberto, Jefferson disse que ainda não tem nenhuma proposta de emprego que lhe permita deixar a prisão durante o dia. "Não adianta eu dar uma de José Dirceu, que pediu para trabalhar em um hotel com salário de R$ 20 mil e não conseguiu nada", disse Jefferson sobre o mesmo tema, pelo microblog Twitter, citando o ex-ministro da Casa Civil. Dirceu tentou o emprego em um hotel, mas não conseguiu. Agora aguarda autorização para trabalhar num escritório de advocacia.
"Você não pode cultivar os ódios se não você não evolui", disse em entrevista à Rádio Estadão, ao ser questionado se ainda tinha algum rancor contra Dirceu.
Jefferson informou que as negociações para a venda de seu escritório no centro do Rio estão bem encaminhadas. O dinheiro será usado para pagar parte da multa de R$ 720 mil imposta pelo STF. O restante, segundo ele, será obtido com doações de correligionários do PTB.

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