Milícia pró-Rússia toma prédios do governo na Ucrânia
Grupo armado invade Parlamento e administração regional na Crimeia, no sul do país, iça bandeira russa e expõe divisões após a queda de Yanukovich
Bandeira russa foi colocada no alto do Parlamento autônomo da Crimeia
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A invasão dos edifícios do governo local foi confirmada por um deputado da Crimeia no Parlamento nacional da Ucrânia. "Fui informado que os edifícios foram tomados por homens armados uniformizados e sem distintivos. Por enquanto, não apresentaram reivindicações", declarou Refat Chubarov. O legislador, dirigente da minoria tártara, fez um pedido aos moradores de Simferopol, a capital da república autônoma, para que não se aproximem dos edifícios.
Após a ação da milícia, forças policiais cercaram os prédios públicos. O ministro do Interior interino da Ucrânia, Arsen Avakov, disse que a polícia local foi colocada em alerta. Ele chamou o grupo armado de "provocadores".
"Ainda é cedo para comentar o incidente", declarou o deputado Andrei Senchenko, do partido Batkivschina (Pátria), uma das forças que lideraram os protestos contra o presidente destituído Viktor Yanukovich.
Tensão – O episódio na Crimeia expõe as tensões na Ucrânia após queda do governo. Simferopol, capital da república atônoma, foi nesta quarta-feria cenário tanto de manifestações pró-Ucrânia quanto pró-Rússia, que ocorreram nos arredores da sede do Parlamento local, onde aconteceram alguns incidentes. Há o registro de que uma pessoa morreu de um ataque cardíaco.
Nesta quinta, está prevista a votação parlamentar que deve confirmar o nome do novo primeiro-ministro ucraniano. Arseniy Yatsenyuk, chefe do partido da ex-premiê Yulia Tymoshenko – adversária de Yanukovich –, foi indicado para comandar o novo governo. O anúncio de seu nome, junto ao de novos ministros, foi feito num momento em que aumenta também a tensão com a Rússia, que colocou suas tropas em alerta máximo. Em uma demonstração de força, o presidente Vladimir Putin pôs 150.000 soldados de prontidão para manobras militares na fronteira com a Ucrânia.
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Moscou tem repetidamente expressado preocupação com a segurança dos cidadãos russos que moram no país vizinho, em declarações semelhantes àquelas que precederam a invasão à Geórgia, em 2008, com o argumento de que exercia seu direito de proteger os russos que residiam na região separatista da Ossétia do Sul.
Oriente-Ocidente – Os Estados Unidos alertaram que a Rússia tem de respeitar a integridade territorial ucraniana. A Casa Branca disse que o governo americano apoia fortemente os esforços dos líderes ucranianos para formarem um governo inclusivo, multipartidário. "Nós fazemos um chamado aos atores externos na região para que respeitem a integridade territorial e a soberania ucranianas, que ponham fim à retórica e ações provocativas, apoiem as estruturas do governo de transição estabelecidas democraticamente e usem sua influência em apoio à unidade, paz e um caminho inclusivo".
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O secretário de Estado, John Kerry, anunciou que os Estados Unidos planejam destinar 1 bilhão de dólares em garantia de empréstimos para a Ucrânia e consideraria uma ajuda financeira direta adicional para a antiga república soviética. Numa entrevista à TV, Kerry, também deixou claro que os Estados Unidos não querem que a Rússia intervenha nos assuntos da Ucrânia. "Esperamos que a Rússia não veja isso como uma espécie de continuação da Guerra Fria", declarou Kerry à MSNBC. "Não acreditamos que isto deva ser (uma questão) Oriente-Ocidente, Rússia-Estados Unidos. Isto não é Rocky IV", acrescentou, em referência ao filme de 1985 em que o boxeador Rocky Balboa, interpretado por Sylvester Stallone, luta contra um soviético interpretado por Dolph Lundgren.
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