Vacina brasileira anti-HIV é testada com sucesso em macacos
Os resultados em primatas foram até dez vezes melhores do que os anteriores, em camundongos
Vacina HIV: o próximo passo será um estudo mais amplo com primatas (Thinkstock)
Quatro animais começaram a receber a vacina em novembro do ano passado. Foram aplicadas três doses contendo DNA capaz de codificar fragmentos do vírus HIV e uma na qual os fragmentos são inseridos no vírus do resfriado, o adenovírus 5. "A resposta de primatas a vacinas de DNA costuma ser menor [em relação aos roedores], por isso aplicamos um choque na região onde a vacina foi dada, aumentando as chances de a molécula de DNA realmente entrar no músculo e começar a produzir o trecho do HIV escolhido", explica Cunha Neto. Os resultados superaram as expectativas. Nos macacos testados, os pesquisadores concluíram que 3 200 em cada milhão de células do sangue responderam ao HIV — enquanto nos camundongos esse valor foi de 330 células por milhão.
O próximo passo será um estudo com 28 macacos, que deve ter início em um período de dois a quatro meses, segundo as estimativas do pesquisador. Nessa etapa, a vacina será testada com outros três vetores virais — isto é, outros vírus serão utilizados para transportar o DNA que vai gerar os fragmentos de HIV. A expectativa é que os grupos que receberão a vacina em vírus apresentem uma resposta ainda mais forte, uma vez que o organismo está habituado a iniciar uma resposta imunológica quando se depara com um vírus.
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Início – A vacina começou a ser desenvolvida em 2001, quando os pesquisadores buscavam descobrir porque alguns pacientes (cerca de 1%) infectados com o vírus tinham uma resposta imunológica boa, passando de 15 a 20 anos após a infecção sem evoluir para a aids, enquanto outros desenvolviam imunodeficiência em cerca de 5 anos.
Como todas as vacinas, o objetivo da HIVBr18, como é conhecida a vacina brasileira, é fazer com que o organismo entre em contato com o HIV de uma forma segura, para que as células aprendam a reconhecê-lo e produzir defesas contra ele. Dessa forma, se no futuro a pessoa realmente for exposta ao vírus, seu corpo vai conseguir se defender e evitar que a infecção se instale. Assim, os cientistas buscaram trechos do vírus HIV que eram reconhecidos por um número maior de pacientes, e por isso tinham mais chances de produzir uma resposta imunológica ao vírus.
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