Protesto contra filme anti-Islã deixa 15 mortos no Paquistão
Entre as vítimas está motorista de carro de reportagem que foi a Peshawar para cobertura de manifestação. Perto dali, multidão incendiou dois cinemas
Manifestantes protestam perto da embaixada americana em Sanaa (Iêmen) contra filme que ironiza profeta Maomé - Khaled Abdullah/Reuters
A primeira morte confirmada, em Peshawar, foi de um motorista que trabalhava para a rede de televisão paquistanesa Ary News. O canal de TV informou que a vítima, identificada como Mohammed Ahmed, tinha ido ao local para trabalhar na cobertura do protesto, do qual partipavam milhares de pessoas, e acabou baleado.
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Ahmed foi atingido quando estava dentro do carro de reportagem. Levado ao hospital, não resistiu. A polícia do Paquistão confirmou sua morte, mas negou que o tiro que o matou tenha partido de seus agentes. Além dele, segundo a BBC, quatro manifestantes acabaram mortos em Peshawar. Em Karachi, entre os 10 mortos, um era policial.
Cinemas - Em outros episódios violentos, uma multidão saqueou e incendiou dois cinemas em Peshawar, onde foram registrados distúrbios desde o início da manhã. As salas de exibição teriam sido escolhidas devido à programação, que inclui filmes considerados obscenos. Além disso, em Islamabad, capital paquistanesa, islamitas invadiram a embaixada americana. Perto dali, em Rawalpindi, forças de segurança tiveram que conter manifestantes.
De acordo com a agência AFP, as forças de segurança paquistanesas continuam em estado de alerta. A polícia disse que enviou agentes para os principais pontos da capital e afirmou que reforçou a segurança nos arredores das embaixadas, que na quinta-feira tiveram de ser protegidas por tropas do exército.
Num discurso televisionado, o primeiro-ministro do Paquistão, Raja Pervez Ashraf, pediu nesta sexta-feira a seus compatriotas que protestem de forma pacífica. Por precaução, o governo decidiu cortar os serviços de telefonia celular durante o dia para dificultar a coordenação de eventuais atentados talibãs ou de fundamentalistas vinculados à rede Al Qaeda.
Charge de Maomé publicada na revista 'Charlie Hebdo'
Vídeo - Nos últimos dia, o YouTube restringiu o acesso ao vídeo anti-Islã em vários países, incluindo Líbia e Egito, onde os protestos tiveram início. Outros países, como Paquistão e Sudão, bloquearam as imagens por iniciativa própria. Nos Estados Unidos, o trailer permanecerá disponível, após a decisão de um juiz de Los Angeles que recusou o pedido de uma atriz que alegava ter sido enganada pelos produtores do filme.
Confrontos - A onda de protestos contra o filme que ridiculariza o profeta Maomé começou no dia 11 de setembro. Naquela noite, um atentado à embaixada americana em Bengasi, na Líbia, deixou quatro mortos, incluindo o diplomata J. Christopher Stevens. O vídeo, produzido nos EUA, foi condenado pelo presidente Barack Obama e considerado "repugnante" por sua secretária de Estado, Hillary Clinton. Os conflitos, que varrem o mundo árabe, já deixaram mais de 30 mortos, segundo a agência Reuters.
Líbia - Na cidade de Bengasi, centenas de manifestantes expulsaram nesta sexta-feira à noite o grupo salafista Ansar al-Sharia de seu quartel-general e incendiaram a instalação militar. Sob pressão dos manifestantes, os membros do grupo acusado de ser o responsável pelo ataque ao consulado americano atiraram para o alto antes de deixar a base, que foi atacada por centenas de moradores. "Não aos grupos armados", "Sim ao Exército na Líbia", estava escrito nos cartazes exibidos pelos manifestantes.
Outros cartazes apresentavam homenagens ao embaixador americano morto no ataque: "A Líbia perdeu um amigo", "Queremos justiça para Stevens". Antes de irem para a base da Ansar al-Sharia (Partidários da Lei Islâmica), os manifestantes já tinham expulsado uma outra milícia que ocupava um antigo prédio da segurança líbia no centro da cidade.
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