Pular para o conteúdo principal

Lewandowski condena Valdemar Costa Neto por três crimes

No voto do revisor, deputado do PR foi considerado culpado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

 
O deputado federal pelo PR Valdemar Costa Neto
O deputado federal Valdemar Costa Neto                                     
Embora tenha renunciado ao mandato em 2005 para escapar de uma cassação e conseguido se reeleger por duas vezes nas eleições seguintes, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) sofreu nesta segunda-feira mais um golpe no julgamento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi condenado pelo ministro revisor do caso, Ricardo Lewandowski, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadilha. Linha-dura na ação penal, o relator Joaquim Barbosa já havia considerado o parlamentar culpado pelos mesmos crimes.
Conforme a procuradoria-geral da República, entre 2003 e 2004, o grupo de Valdemar, auxiliado por Jacinto Lamas, recebeu 8 885 742 de reais em propina. O objetivo: votar a favor de projetos de interesse do governo federal, entre as quais as reformas da Previdência e tributária.
Detentor de uma quadrilha própria, conforme denúncia do Ministério Público, o grupo de Valdemar e o publicitário Marcos Valério chegaram a forjar um contrato com data retroativa com a empresa Guaranhuns, simulando que a agência de publicidade SMP&B passou a atuar em certificados de reflorestamento. A real natureza da operação, no entanto, foi divulgada posteriormente pelo próprio Valério em depoimento: eram recursos destinados ao Partido dos Trabalhadores (PT) e depois destinados a legendas aliadas.
“O réu (Valdemar Costa Neto) recebeu os valores do corréu Marcos Valério em razão de sua condição de parlamentar, o que configura a percepção de vantagem indevida suficiente para caracterizar a prática do delito de corrupção passiva”, disse Lewandowski.
O magistrado afirmou haver provas cabais do vínculo permanente de Valdemar, então presidente do Partido Liberal (atual Partido da República), com o esquema criminoso com intenção clara de lavar dinheiro. O ministro lembrou haver cópias periciadas de cheques e transações eletrônicas envolvendo a Guaranhuns. Ao todo, foram 63 operações na lavanderia da empresa. “O corréu Valdemar Costa Neto não se limitou a receber de forma simulada a vantagem indevida. Ele foi além. Ciente das origens ilícitas das vultosas importâncias que recebia, simulou a relação de um negócio jurídico de fachada a fim de conferir uma falsa licitude aos pagamentos”, resumiu ele.
O revisor ainda considerou Valdemar culpado por formação de quadrilha: junto com Jacinto Lamas e outros dois acusados que respondem na primeira instância da Justiça (Lúcio Funaro e José Carlos Batista), o deputado formou uma associação com o objetivo de cometer crimes.
Leia também: entenda o julgamento do mensalãoVeja o placar do julgamento, crime por crime, réu por réu

Bispo Rodrigues – Ao citar a participação do ex-deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ) no esquema do mensalão, Lewandowski disse que o próprio político admitiu ter recebido 150 000 do esquema, razão pela qual o condenou por corrupção passiva. “Embora não tenha ficado comprovado ato específico (venda de apoio político), o fato é de todo irrelevante. Ele recebeu na condição de presidente do PL do Rio de Janeiro para o pagamento alegadamente de despesas decorridas do pleito de 2002”, afirmou o ministro.
O magistrado ressalvou, porém, não haver provas de que ele soubesse da origem ilícita dos recursos ou de que o dinheiro era oriundo da prática de outros crimes. Sob essa argumentação, o absolveu da imputação de lavagem de dinheiro.
Seguindo recomendação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o ministro revisor ainda absolveu o ex-assessor do PL, Antonio Lamas. Ele rejeitou a tese do Ministério Público de que não haveria provas contra o réu, acusado de receber 350 000 do esquema, mas informou não estar completamento convencido de sua real participação. Na dúvida, disse Lewandowski, deve prevalecer a situação mais favorável ao suspeito.
Quadrilha no PP – O ministro revisor, que na última sessão já havia eximido os pepistas Pedro Corrêa, ex-presidente do Partido Progressista (PP), e Pedro Henry, ex-líder da legenda, da imputação de lavagem de dinheiro, considerou, no entanto, que réus ligados à agremiação se articularam para cometer crimes. Por isso, disse que Corrêa – já condenado por ele por corrupção passiva – além do assessor do PP, João Cláudio Genu, e do empresário Enivaldo Quadrado, da corretora Bônus Banval, se associaram em uma quadrilha. Os três foram condenados por Lewandowski por quadrilha.
O ministro resumiu a atuação de cada um dos réus ligados ao PP: o assessor João Cláudio Genu era o encarregado oficial do partido para receber a propina do valerioduto, Enivaldo Quadrado delegava empregados da Bônus Banval para sacar recursos aos pepistas – ao todo foram 605 000 reais – e o então presidente da agremiação, Pedro Corrêa, articulou o recebimento de recursos do esquema criminoso do mensalão.
A denúncia do Ministério Público Federal diz que, no inventário de crimes praticados por políticos do PP, foram utilizadas duas estratégias para obter a propina: saques no Banco Rural em nome da SMP&B, de Marcos Valério, e pagamentos feitos por meio da Bônus Banval, que recebeu recursos enviados pelo advogado Rogério Tolentino. Tolentino, sócio de Valério, havia feito um empréstimo fraudulento de 10 milhões de reais no BMG, com a intermediação de Marcos Valério. Apenas pelas mãos de João Cláudio Genu passaram 2,9 milhões de reais.
Por falta de provas, Ricardo Lewandowski absolveu Breno Fischberg, sócio da Bônus Banval. Para ele, não há registros do envolvimento do empresário com o grupo do publicitário Marcos Valério e nem com o esquema ilegal praticado por Quadrado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p