Japão pede moderação da China em disputa por ilhas
Diplomatas aproveitaram a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, para discutir o agravamento do conflito pelo arquipélago Senkaku/Diaoyu
O ministro japonês das Relações Exteriores, Koichiro Gemba (Yuriko Nakao/Reuters)
O ministro das Relações Exteriores japonês, Koichiro Gemba, pediu nesta terça-feira ao chanceler chinês, Yang Yiechi, em reunião realizada em Nova York, que o governo de Pequim atue com moderação na
disputa territorial pelas ilhas Senkaku/Diaoyu, informou a agência japonesa
Kyodo.
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Os diplomatas aproveitaram a
Assembleia Geral da ONU, aberta nesta terça, para realizar um encontro bilateral com objetivo de diminuir a crescente tensão em relação ao arquipélago, disse um representante do Ministério das Relações Exteriores do Japão.
Os dois mantiveram uma reunião de uma hora. Segundo Gemba, o encontro transcorreu em um clima de "severidade" e na qual foi usada uma linguagem "contundente". Gemba e Yang concordaram, apesar disso, que Tóquio e Pequim prosseguirão o diálogo sobre o tema em "vários níveis". As relações diplomáticas entre Japão e China estão em seu pior momento em anos em função da disputa territorial.
O conflito – O encontro entre os chanceleres de ambos os países foi o primeiro desde que, no último 11 de setembro, o governo japonês
anunciou a aquisição de três das oito ilhas do arquipélago das mãos de seu proprietário japonês. A estatização do território elevou a tensão histórica pela soberania das ilhas e provocou críticas da China e de Taiwan, que também reivindica o arquipélago, chamado no país de Tiaoyutai.
A decisão do governo do primeiro-ministro japonês Yoshihiko Noda provocou na semana passada
violentos protestos antijaponeses em várias cidades chinesas, onde muitas empresas do Japão tiveram que fechar fábricas e estabelecimentos. Neste sentido, Gemba pediu que Pequim conduzisse adequadamente a situação na qual se encontram atualmente as empresas japonesas na China.
Desde a compra das ilhas, Tóquio denunciou contínuas "invasões" em águas do pequeno arquipélago realizadas por
pesqueiros da China e
também de Taiwan, que desejam assegurar nas ilhas os seus direitos de pesca. Além de ter vastos recursos pesqueiros, acredita-se que estas ilhas do Mar da China Oriental, desabitadas desde a Segunda Guerra Mundial e com uma extensão de apenas sete quilômetros quadrados, possuem grandes jazidas de gás e petróleo.
Entenda como ilhotas colocaram a China contra o Japão
A soberania de oito ilhas rochosas provocou crise diplomática entre dois fortes parceiros comerciais e desatou uma onda de protestos anti-Japão em cidades chine
Qual é o contexto histórico da disputa?
Barco japonês navega na região das ilhas Senkaku, disputadas por Japão, China e Taiwan A disputa pelas ilhas data de 1895. Segundo o Japão, nessa época a China cedeu o território ao perder a guerra sino-japonesa. A China diz que o Japão tomou ilegalmente o território ao forçar a dinastia Qing a assinar o Tratado de Shimonoseki. Durante a II Guerra Mundial, os Estados Unidos administraram as ilhas, mas as devolveram ao Japão em seguida. A China diz ter recuperado a soberania das ilhas após o conflito com a Proclamação de Potsdam, de 1945, mas o Japão diz que elas não estavam incluídas em um acordo posterior, o Tratado de Paz de San Francisco, de 1951. Em 1971, tanto China como Taiwan declararam soberania sobre as ilhas e, desde então, a questão virou um entrave diplomático.
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Qual é o contexto histórico da disputa?
Barco japonês navega na região das ilhas Senkaku, disputadas por Japão, China e Taiwan A disputa pelas ilhas data de 1895. Segundo o Japão, nessa época a China cedeu o território ao perder a guerra sino-japonesa. A China diz que o Japão tomou ilegalmente o território ao forçar a dinastia Qing a assinar o Tratado de Shimonoseki. Durante a II Guerra Mundial, os Estados Unidos administraram as ilhas, mas as devolveram ao Japão em seguida. A China diz ter recuperado a soberania das ilhas após o conflito com a Proclamação de Potsdam, de 1945, mas o Japão diz que elas não estavam incluídas em um acordo posterior, o Tratado de Paz de San Francisco, de 1951. Em 1971, tanto China como Taiwan declararam soberania sobre as ilhas e, desde então, a questão virou um entrave diplomático.
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Por que as ilhas são importantes?
Ilhas são disputadas por China e Japão devido à riqueza natural Além da questão histórica, há a questão econômica. Aparentemente, um grupo de oito ilhas vulcânicas inabitadas e rochosas, com uma área total de sete quilômetros quadrados, não tem muita importância. No entanto, elas ficam em uma posição estratégica para embarques de mercadorias e para a pesca. Além disso, há na região um grande potencial para exploração de gás natural.
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Quem iniciou a campanha para a compra da ilha?
Shintaro Ishihara, governador de Tóquio, é um nacionalista declarado A ideia da compra começou com uma campanha de Shintaro Ishihara, governador de Tóquio (com 37 milhões de habitantes, a Grande Tóquio tem um governo próprio). Ishihara é um célebre escritor japonês que ficou conhecido ao escrever o livro Season of the Sun (Temporada do Sol, em tradução livre do inglês), com o qual ganhou o mais alto prêmio literário do país. Ele é um nacionalista declarado, com um longo histórico de ataques à China. Com a aparente aprovação do governo japonês, Ishihara fez uma bem-sucedida ‘vaquinha on-line’ para angariar fundos para comprar as duas ilhas de seus proprietários privados (as ilhas pertenciam a japoneses).
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Quem comprou as ilhas?
Primeiro-ministro do Japão Yoshihiko Noda negou conflito por soberania porque ilhas são japonesas Diante da possibilidade de as ilhotas ficarem sob a jurisdição de Tóquio, o governo japonês antecipou-se e comprou-as por 2,05 bilhões de yens (cerca de 52 milhões de reais). “As ilhas Senkaku são uma parte do território japonês, tanto historicamente como por lei internacional. Então não há problema de soberania territorial”, disse, na época, o primeiro-ministro do Japão Yoshihiko Noda.
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Qual foi a reação da China?
Site de buscas chinês Baidu destaca disputa territorial com Japão em sua Homepage A China enviou vários navios de patrulha à região das pequenas ilhas. Em junho, o porta-voz da chancelaria chinesa, Liu Weimin, já havia classificado a tentativa de Ishihara de comprar as ilhas de ‘irresponsável’. E acrescentou que o território era da China por direito.
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Como surgiu a onda de protestos?
Chineses protestam do lado de fora da embaixada japonesa em Pequim Ainda durante a campanha de Ishihara, as primeiras manifestações começaram a surgir. Em agosto, o Japão deportou 14 chineses que protestavam no país. Em seguida, após a China enviar navios de patrulha para o território, o Japão hasteou sua bandeira nas ilhotas. A reação japonesa irritou os chineses, que finalmente tomaram as ruas de grandes cidades, como Guangzhou, Shenzhen, Shenyang, Hangzhou, Harbin e Qingdao. Funcionários de empresas japonesas instaladas na China também protestaram, com quebra-quebra nos locais de trabalho. Empresas como Panasonic e Honda tiveram de paralisar suas produções no país.
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Quando ocorreu o último incidente na região?
Em Zhengzhou, norte da China, manifestantes protestam contra o Japão em 2010 Em 2010, o Japão deteve o capitão de um pesqueiro chinês que atuava na região. O incidente provocou uma série de protestos na China. O capitão foi libertado 15 dias mais tarde, após Pequim suspender temporariamente suas relações de alto nível com Tóquio.
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