PT levou R$ 20,5 mi em propina em dez anos, diz delator
Ricardo Pessoa, da UTC, entrega à Justiça documentos que revelam pagamentos solicitados por Vaccari para o caixa do partido
A contabilidade da propina inclui uma "conta corrente" que tinha como "cliente" o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, preso na Lava Jato. A tabela está intitulada "JVN - PT". O saldo indica que a UTC pagou a Vaccari um "pixuleco" total estimado em 3.921.000 de reais, em espécie, entre 2008 e 2013, por fora dos acordos de contribuição direta ao PT. Segundo Ricardo Pessoa, também por indicação de Vaccari, diretórios do partido receberam outros 16,6 milhões de reais, em época de campanha eleitoral ou não.
"A maioria dos pagamentos feitos para o PT era por meio de doações oficiais, mas por vezes Vaccari pediu valores em espécie por fora", disse Pessoa. Ele afirmou não ter certeza sobre o destino dos 3,9 milhões pagos em espécie a Vaccari, embora o petista também dissesse que eram arrecadados para o partido.
Os pagamentos a Vaccari eram realizados por meio do doleiro Alberto Youssef, que administrava o caixa paralelo. O dono da UTC também revelou uma série de reuniões com Vaccari e disse que o petista chegava à sede da construtora sozinho, dirigindo um veículo Santa Fé, e levava os valores em mochilas. As visitas para tratar dos "assuntos políticos" ocorriam a cada 30 ou 45 dias. Outras reuniões foram realizadas em hotéis de luxo no Rio de Janeiro.
Segundo Ricardo Pessoa, Vaccari tinha uma memória "prodigiosa" para guardar valores de propina e rasgava as anotações e descartava em um cinzeiro ao fim das reuniões. "Vaccari picava os documentos e jogava os papeis, bem pequenos, no cinzeiro". Pessoa disse que foi apresentado a Vaccari por José de Filippi Jr, ex-tesoureiro da campanha de Lula em 2006. Ele disse que Vaccari atuou como arrecadador informal de campanhas desde 2007, apesar de só ter assumido a secretaria nacional de Finanças do PT em 2010.
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