ONU faz 70 anos sob críticas e enfrentando complexos desafios
Falta de recursos, excesso de fragmentação, muita burocracia e políticas centralizadoras são alguns dos principais problemas que a ONU tem de lidar, dizem os especialistas
Com a aproximação do aniversário das Nações Unidas, oficialmente ela foi fundada em 24 de outubro de 1945, essas falhas - e a forma como a instituição tem lidado com elas - vieram à tona na medida em que a organização tenta definir seu papel no século XXI. Tensões entre governos ocidentais, que consideram a ONU abrangente demais e ineficiente, e as nações em desenvolvimento, que veem a organização como antidemocrática e comandada pelos países ricos, desmoralizam a instituição, que cada vez mais necessita de uma reforma, dizem os especialistas ouvidos pelo site de VEJA.
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Custos elevados - Atualmente, os gastos da ONU são 40 vezes maiores do que na década de 50. A organização possui dezessete agências especializadas, catorze fundos e um secretariado com dezessete departamentos, que empregam 41.000 pessoas. O orçamento regular das Nações Unidas, que é ajustado a cada dois anos e usado para bancar os custos de administração, mais que dobrou nas últimas duas décadas, chegando a 5,4 bilhões de dólares, ou 22,3 bilhões de reais.
Porém, essa é só uma porção pequena de tudo que é gasto. As Missões de Paz, por exemplo, custam mais 9 bilhões de dólares (37 bilhões de reais), com 120.000 soldados - os chamados "capacetes azuis" - locados principalmente na África. Algumas missões duraram mais de uma década. E há ainda as contribuições voluntárias dos governos, usadas para financiar uma grande parte dos programas de ajuda humanitária, trabalho de desenvolvimento e agências como a Unicef. As doações aumentaram em seis vezes nos últimos 25 anos, chegando a 28,8 bilhões de dólares (118,5 bilhões de reais), e mesmo assim algumas agências afirmam estarem à beira da falência.
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Contudo, as dificuldades do órgão em resolver questões de segurança no Oriente Médio e a crise de refugiados atuais são também consequência da inação e dos conflitos entre os países membros do CS. "O Conselho de Segurança é inútil ou útil? A resposta é que quando os Estados membros querem que a parte política funcione, ela funciona", afirma Thomas Weiss.
Porém, algo que pode estar no caminho do sucesso dos programas e agências da ONU é, paradoxalmente, justamente o excesso de frentes operando em muitos países, de forma totalmente independente. Os recursos limitados e a falta de integração dificultam o cumprimento de metas e um planejamento mais universal. Barbosa concorda que o excesso de instituições também pode levar a um aumento na burocracia da organização, mas reconhece seu trabalho. "A ONU tem uma série de ações importantes, em questões humanitárias e de manutenção da paz no Haiti, no Oriente Médio, na África. Sempre há um acúmulo burocrático, mas é o preço que a comunidade internacional deve pagar para que as soluções negociadas sejam alcançadas".
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