Pular para o conteúdo principal

Jurista se une a fundador do PT em pedido de impeachment: 'Juntos contra a ditadura da propina'

Miguel Reale Júnior fez adendos ao documento elaborado por Hélio Bicudo. Novo pedido foi entregue a Cunha durante ato que reuniu movimentos populares

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, recebe o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff das mãos de Maria Lúcia Bicudo (filha de Hélio Bicudo) e o advogado Miguel Reale Jr, com a presença da oposição, em cerimônia no gabinete da presidência
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, recebe o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff das mãos de Maria Lúcia Bicudo (filha de Hélio Bicudo) e o ex-ministro da Justiça, Miguel Reale Jr, com a presença da oposição, em cerimônia no gabinete da presidência(Alan Marques/Folhapress)
O esforço da presidente Dilma Rousseff em desclassificar as movimentações pelo seu impeachment, tratadas por ela como uma "versão moderna de golpe", não inibiram um novo ato contra a petista nesta quinta-feira. Juristas, deputados e representantes de movimentos populares protocolaram na Câmara dos Deputados um complemento ao principal pedido de afastamento de Dilma, protocolado pelo fundador do PT Hélio Bicudo no início do mês. O documento recebeu adaptações feitas pelo jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior e foi entregue em mãos ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"O que fundamentalmente nos une, Bicudo e eu, é que somos lutadores antigos em prol dos direitos humanos. Lutamos contra a ditadura dos fuzis e agora estamos juntos para lutar contra a ditadura da propina. A ditadura da propina é mais insidiosa que a dos fuzis, que se apresentam e se fazem visíveis", disse o jurista Reale Júnior, o primeiro a se pronunciar durante ato que reuniu deputados de oposição, dissidentes da base e militantes pró-impeachment. "A ditadura da propina é aquela que corrói a democracia por dentro, que elimina a independência e a honradez dessa Casa através da compra de partidos políticos e de apoio de deputados. É pior que a ditadura dos fuzis, que se enfrenta frontalmente. A outra precisa ser descoberta. E foi descoberta", continuou Reale, citando os escândalos do mensalão e do petrolão.
O pedido de impeachment da presidente Dilma, entregue a Cunha no próprio gabinete do presidente da Câmara - normalmente os documentos são protocolados na Secretaria-Geral da Casa -, aponta a "crise moral" no país, afirma que a Operação Lava Jato revelou um "descalabro" na Petrobras e dá indícios de crimes de responsabilidade que teriam sido praticados por Dilma, como as pedaladas fiscais, e por não ter demitido subordinados envolvidos no petrolão e no eletrolão. No aditamento, Reale incluiu novos detalhamentos no crime de responsabilidade fiscal, e acrescentou, entre as irregularidades, a liberação de créditos suplementares por meio de decretos sem autorização da Câmara.
Leia também:
Aécio rebate Dilma: 'Golpe é utilizar dinheiro do crime para obter votos'
Dilma reconduz Janot e afirma: 'Políticos têm que aceitar veredicto das urnas'
Fundador do PT, Bicudo é jurista e procurador de Justiça aposentado. Nesta manhã, ele esteve representado por sua filha, Maria Lúcia Bicudo, durante a entrega do pedido de impeachment. "Precisamos deixar de lado a corrupção, as mentiras e caminharmos para um novo, junto com os jovens e seus movimentos das ruas. Para que esse Brasil seja digno, íntegro, e para que não tenhamos mais essa falta de ética e de moral reinante há muito tempo", discursou.
Sem prazo - Após receber o documento, Eduardo Cunha não estipulou um prazo para se posicionar sobre o pedido. Cabe ao presidente da Câmara decidir se o processo é arquivado - o que ainda vale recurso - ou se é deferido e analisado em plenário. "Você nunca pode perguntar a um juiz, no momento do processo, quando ele dará a sentença. Ele dá no momento em que se sentir confortável. Eu não tenho prazo para responder, mas é óbvio que não vou demorar a vida inteira", disse.
Antes de tomar decisão sobre o processo, Cunha deve responder a uma questão de ordem apresentada pela oposição nesta semana. O documento, de dezessete páginas, traz uma série de perguntas sobre o trâmite regimental do impeachment e servirá como embasamento para os oposicionistas se guiarem sobre o rito do processo. Os deputados pediram uma resposta em três sessões - o que já significaria na próxima semana -, mas Cunha afirmou que não há prazo específico para se posicionar sobre esse tipo de questionamento.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...