Jurista se une a fundador do PT em pedido de impeachment: 'Juntos contra a ditadura da propina'
Miguel Reale Júnior fez adendos ao documento elaborado por Hélio Bicudo. Novo pedido foi entregue a Cunha durante ato que reuniu movimentos populares
"O que fundamentalmente nos une, Bicudo e eu, é que somos lutadores antigos em prol dos direitos humanos. Lutamos contra a ditadura dos fuzis e agora estamos juntos para lutar contra a ditadura da propina. A ditadura da propina é mais insidiosa que a dos fuzis, que se apresentam e se fazem visíveis", disse o jurista Reale Júnior, o primeiro a se pronunciar durante ato que reuniu deputados de oposição, dissidentes da base e militantes pró-impeachment. "A ditadura da propina é aquela que corrói a democracia por dentro, que elimina a independência e a honradez dessa Casa através da compra de partidos políticos e de apoio de deputados. É pior que a ditadura dos fuzis, que se enfrenta frontalmente. A outra precisa ser descoberta. E foi descoberta", continuou Reale, citando os escândalos do mensalão e do petrolão.
O pedido de impeachment da presidente Dilma, entregue a Cunha no próprio gabinete do presidente da Câmara - normalmente os documentos são protocolados na Secretaria-Geral da Casa -, aponta a "crise moral" no país, afirma que a Operação Lava Jato revelou um "descalabro" na Petrobras e dá indícios de crimes de responsabilidade que teriam sido praticados por Dilma, como as pedaladas fiscais, e por não ter demitido subordinados envolvidos no petrolão e no eletrolão. No aditamento, Reale incluiu novos detalhamentos no crime de responsabilidade fiscal, e acrescentou, entre as irregularidades, a liberação de créditos suplementares por meio de decretos sem autorização da Câmara.
Aécio rebate Dilma: 'Golpe é utilizar dinheiro do crime para obter votos'
Dilma reconduz Janot e afirma: 'Políticos têm que aceitar veredicto das urnas'
Sem prazo - Após receber o documento, Eduardo Cunha não estipulou um prazo para se posicionar sobre o pedido. Cabe ao presidente da Câmara decidir se o processo é arquivado - o que ainda vale recurso - ou se é deferido e analisado em plenário. "Você nunca pode perguntar a um juiz, no momento do processo, quando ele dará a sentença. Ele dá no momento em que se sentir confortável. Eu não tenho prazo para responder, mas é óbvio que não vou demorar a vida inteira", disse.
Antes de tomar decisão sobre o processo, Cunha deve responder a uma questão de ordem apresentada pela oposição nesta semana. O documento, de dezessete páginas, traz uma série de perguntas sobre o trâmite regimental do impeachment e servirá como embasamento para os oposicionistas se guiarem sobre o rito do processo. Os deputados pediram uma resposta em três sessões - o que já significaria na próxima semana -, mas Cunha afirmou que não há prazo específico para se posicionar sobre esse tipo de questionamento.
Comentários
Postar um comentário