Pular para o conteúdo principal

Vladimir Putin coloca Barack Obama em xeque

Como a influência militar russa no Oriente Médio colocou o governo americano em situações desconfortável

O presidente russo Vladimir Putin cumprimenta o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama antes de um encontro bilateral na sede das Nações Unidas, em Nova York - 28/09/2015
O presidente russo, Vladimir Putin, cumprimenta o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na sede das Nações Unidas, em Nova York - 28/09/2015(Getty Images)
A recente expansão da influência militar da Rússia no Oriente Médio começa a mostrar que Moscou pode ser mais do que uma pedra no sapato da política externa dos Estados Unidos. No domingo, Washington foi surpreendida por uma rasteira do governo russo: o anúncio de um acordo entre Irã, Iraque, Síria e Rússia para o compartilhamento de inteligência no combate ao Estado Islâmico.
A exclusão do governo americano na nova coalizão para combater os terroristas do EI refletiu nos discursos dissonantes proferidos nesta segunda-feira na Assembleia Geral da ONU pelo presidente americano, Barack Obama, e pelo presidente russo, Vladimir Putin. Obama chamou o ditador sírio Bashar Assad de tirano e tentou amenizar a situação ao afirmar que "os Estados Unidos estão preparados para trabalhar com qualquer nação, incluindo Rússia e Irã, para terminar o conflito". O líder russo, por outro lado, ressaltou que as únicas forças lutando efetivamente contra o Estado Islâmico são as comandadas por Assad e pediu o apoio do Ocidente ao ditador sírio na luta contra os terroristas. "Seria um erro enorme não cooperar com aqueles que combatem frontalmente o terrorismo", enfatizou.
Leia também:
Contra o EI, Putin quer 'coalizão parecida com a que derrotou Hitler'
Obama chama Assad de "tirano" em discurso na ONU
Somado ao envio de equipamento militar à Síria, o acordo firmado com Iraque, Irã e Síria, Putin não só impulsionou sua influência junto ao aliado Assad como também se posicionou à frente de Obama na escolha de um possível substituto ao líder sírio, caso Assad deixe o poder.
"Além de aumentar a influência russa no Oriente Médio, a manobra de Putin deixou Obama em uma posição muito delicada, pois obriga os EUA a voltarem à mesa de negociações com a Rússia após a invasão da Crimeia [fevereiro de 2014] e força os americanos e outras nações do Ocidente a se posicionarem em relação ao conflito na Síria", explica o especialista em relações internacionais Rodrigo Reis, diretor do Instituto Global Attitude. E foi o que aconteceu: os dois líderes se encontram a portas fechadas na noite de hoje.
Segundo análise da emissora CNN, discursos dos presidentes chinês, Xi Jinping, e do Irã, Hassan Rohani também desnudaram as falhas do legado pessoal de Obama na política externa, área que já está questionada em casa, com críticas dos candidatos presidenciais republicanos. Para a CNN, o que está em jogo é o conceito de uma ordem mundial baseada em sete décadas de liderança global dos EUA. Os desafios multipolares parecem ser muito complexos e custosos politica e financeiramente para o poder americano, que enfrenta desafios no leste da Europa, no Oriente Médio, na Ásia e na África.
Irã cutuca os EUA - O presidente iraniano alfinetou Washington ao falar dos atuais conflitos no Oriente Médio. Segundo ele, a política externa dos Estados Unidos "cultiva as sementes da divisão e do extremismo" na região. "Não devemos esquecer que as raízes das guerras de hoje, da destruição e do terror, podem ser encontradas na ocupação e nas intervenções militares de ontem".
De olho no vantajoso pacto nuclear assinado recentemente com o Grupo 5+1 (EUA, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e China), contudo, as acusações de Rohani foram contidas. A suspensão de sanções econômicas impostas ao Irã pode, no futuro, insuflar ainda mais os conflitos que Estados Unidos e aliados tentam combater - atualmente, o Irã oferece ajuda financeira de 6 bilhões de dólares por ano ao ditador sírio Bashar Assad - e, assim, apertar ainda mais o nó que Obama tenta desatar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...