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Com quem Dilma aprendeu a fazer política? Ou: Dilma, passe a governar ou entregue a rapadura

Olhem aqui… Eu não sei onde Dilma Rousseff aprendeu a fazer política. Não! Eu vou reformular a minha frase: Dilma Rousseff nunca aprendeu a fazer política. Já identifiquei aqui as razões. Ela saltou da militância clandestina, depois das agruras da cadeia, para as hostes do brizolismo e, dali, para as do petismo.
Da concepção tirânica de poder das esquerdas, migrou para o caudilhismo, primeiro em sentido estrito e, depois, para o sindical. Nunca foi preciso negociar nada, ouvir, costurar, conversar, afirmar que quer “A” para, de fato, conquistar “B”… Não aprendeu a dizer “sins” que negam e “nãos” que consentem… Oh, meus caros! Há uma certa hipocrisia virtuosa na política. Ela também significa civilização, sabiam? Se o governante, por baixo de todo esse glacê, se ativer às leis — inclusive para mudá-las —, andará no caminho certo.
A hipocrisia a que refiro, bem entendido, serve para baixar a tensão.
Mas essa é a política como arte da conversação e da negociação. Não é assim que as esquerdas enxergam o mundo — mesmo que seja esse esquerdismo mixuruca do PT, que antes tinha pés de barro e agora tem o cérebro enrijecido pelo concreto armado. Na sua concepção de mundo, as vontades são impostas por quem pode impô-las, os inimigos são eliminados, e os adversários se rendem. A única coisa feia é perder.
Quando tudo vai bem, ótimo! Se é preciso administrar carências — e governar, convenham, no mais das vezes, é isso —, aí a coisa degringola. E tudo começa a sair da linha. A que me refiro?
O governo tenta adiar a todo custo sessão do Congresso desta terça que vai apreciar 32 vetos da presidente — entre as propostas aprovadas e que foram vetadas pela mandatária está aquela que garante reajuste médio de 56% aos servidores do Judiciário. Atenção! Para derrubar um veto presidencial, é preciso a maioria absoluta mais um dos votos de deputados (257) e senadores (42), em escrutínio agora aberto.
Sim, meus caros, é compreensível que o governo queira adiar a sessão. O que não dá para entender é que Dilma tenha reunido o presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), para anunciar que “o país fica ingovernável do ponto de vista fiscal” se seus vetos forem derrubados.
Atenção, sejamos claros: muito governável, hoje em dia, ele já não é, certo? E, de fato, a derrubada dos vetos poderia ser uma tragédia fiscal. Mas prestem atenção! Um presidente da República não diz coisas assim sob nenhuma hipótese. Um presidente da República não se entrega a esses desfrutes retóricos. Um presidente da República não ameaça o país com o caos. É por isso que dispõe de líderes na Câmara, no Senado, no Congresso. É por isso que tem coordenador político. É por isso que precisa manter uma interlocução com o Parlamento.
Tudo isso, meus caros, em suma, constitui a arte da política, matéria em que Dilma é muito ruim. Na verdade, ela não tem a mais remota noção do que isso significa e vai metendo os pés pelas mãos. Vejam a barafunda em que já se transformou a reforma ministerial, de que trato em outro post. Ou a confusão gerada pela recriação da CPMF.
Há um pouco mais: alguém que está acuado como Dilma não deve entregar assim a rapadura. Ora, se o país vai para o caos, como ela ameaça, então é certo que ela será também tragada pela voragem, Santo Deus! E hoje muita gente quer isso — dois terços dos brasileiros, pelo menos.
Olhem aqui: menos de um ano depois de reeleita e no nono mês do seu governo, Dilma não tem o direito de acenar com o caos para passar a pauta. Ou esta senhora começa a fazer política ou larga a rapadura.
Os brasileiros não podem ser reféns de sua incompetência específica.
Por Reinaldo Azevedo

Reforma ministerial – É um milagre que Dilma ainda seja presidente; a política não costuma aguentar tantos desaforos

Indago num outro post (leia) com quem Dilma Rousseff aprendeu a fazer política. A minha conclusão é que só teve maus professores: primeiro os terroristas de duas organizações clandestinas; depois, Leonel Brizola; na sequência, Lula. Como se diz em Dois Córregos, em matéria de teoria, com isso, não se faz um capuz para um dedo. É quase nada. E isso explica as monumentais trapalhadas.
Dilma decidiu fazer a sua “reforma ministerial” — aquela que foi anunciada por Nelson Barbosa antes que a presidente tivesse ao menos um desenho em mente. E, ora, ora, ainda que tenha sido desaconselhada por Michel Temer, o vice, a cuidar agora desse assunto, ela decidiu ir adiante. Pense você aí em casa ou no trabalho, leitor amigo. Na situação de Dilma, hoje em dia, você começaria a discutir quantos ministros o PMDB vai perder?
Ah, eu não faria isso. Eu começaria a passar o facão no PT, meu partido — quero dizer, dela — para dar o exemplo. Diminuiria substancialmente o poder desproporcional que tem a legenda, para, então, demonstrando que a determinação é mesmo cortar na carne, chegar ao PMDB. Muito bem: segundo informações preliminares, sabem quais pastas os companheiros perderiam?  Direitos Humanos, Igualdade Racial e Mulheres. Adivinhem quantos partidos não gostariam de tê-las…
Ora, tenham a santa paciência! O PMDB ocupa hoje os seguintes ministérios: Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Pesca, Portos e Aviação Civil. Importantes aí, convenham, só os dois primeiros. O senso comum estaria a indicar que Dilma deveria é proceder a uma partilha mais equânime entre petistas e peemedebistas, né? Mas quê… Ela pretende que o principal partido da base perca duas pastas, que seriam absorvidas por outras: a da Pesca iria para a Agricultura — de onde nunca deveria ter saído —, e a do Turismo, para o Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que nem está com o PMDB.
Só para lembrar, caros: estão com petistas explícitos ou que não ousam dizer seu nome, como Renato Janine Ribeiro, as seguintes áreas: Advocacia Geral da União, Casa Civil, Comunicação Social, Comunicações, Controladoria Geral da União, Cultura, Defesa, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Educação, Igualdade Racial, Justiça, Planejamento, Mulheres, Saúde e Secretaria Geral da Presidência…
Entenderam? Com 17 pastas, o PT toparia abrir mão de três irrelevâncias. E Dilma ainda quer tomar duas das seis que estão a cargo do PMDB. Talvez Dilma aceite dar aos peemedebistas a Saúde, um presente que eu recusaria hoje em dia de imediato.
Ora, não por acaso, o PMDB agradeceu o convite para indicar nomes para uma eventual reforma. Temer se dispensou de fazer sugestões. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, não escondeu que foi convidado a dar pitaco no assunto, mas preferiu ficar longe da confusão. Nem Renan Calheiros (PMDB-AL), uma das apostas de Dilma para a tal governabilidade, quis saber do assunto.
A conversa da reforma ministerial, que traria junto uma pequena reforma administrativa, nasceu torta para não acontecer.
No fim das contas, estamos com as chamadas variações em torno do mesmo tema, não é? Dilma deveria saber que o que não tem solução, ora vejam, solucionado está. Ela sabe qual é, para ela, hoje, a melhor saída. É a única saída.
Ah, sim: você, leitor, dado o ambiente, discutiria reforma ministerial às vésperas da votação do relatório do TCU?
Convenham: é um milagre que Dilma ainda seja presidente. A política não costuma aguentar tantos desaforos.

Por Reinaldo Azevedo
 
 
 

A corrupção como um sistema

Ai, ai…
A presidente Dilma escalou seus múltiplos coordenadores políticos — e quem tem muitos não tem nenhum — para tentar barrar o avanço do debate do impeachment. Giles Azevedo, seu assessor pessoal, está na força-tarefa, integrada ainda, segundo informa a Folha, pelos ministros Gilberto Kassab (Cidades), Kátia Abreu (Agricultura), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Edinho Silva (Comunicação Social). Esses são ministros que, considera-se, têm um transito suprapartidário.
Convenham: bastaria ter um chefe da Casa Civil que fosse digno do nome, e a interlocução estaria garantida. Mas cadê?
A situação de Dilma é de tal sorte difícil que só restaria ao PT o apoio incondicional à presidente. E não! Não me refiro a essa bobajada de chamar de golpe a possibilidade do impeachment. Isso não vai se transformar numa verdade só porque repetido por aí à náusea. O governo já deve ter percebido, a essa altura, que essa conversa não cola.
O que é realmente estupefaciente é que, mesmo Dilma no fio da navalha, o PT tenha reunido nesta segunda seu conselho político para… atacar as escolhas econômicas da presidente.
Entendam bem: ministros que nem petistas são, como Kátia e Kassab, empenham-se em tentar convencer parlamentares da inconveniência do impeachment. O Planalto, por sua vez, articula o adiamento da votação dos vetos presidenciais. Joaquim Levy, ministro da Fazenda, vai a Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, tentar convencê-lo da necessidade imperiosa de aprovar o pacotão.
Não obstante, um certo “Conselho Político” do PT — formado pelo próprio Lula; pelo presidente do partido, Rui Falcão, por Fernando Haddad, prefeito de São Paulo; por Tião Viana, governador do Acre, e pelos escritores Eric Nepomuceno e Fernando Morais — se reúne para atacar a política econômica da presidente.
Falcão deu a receita do partido:
“Como PT já havia diagnosticado, é importante que haja mudanças na política econômica, iniciando com queda da taxa de juros e promovendo mudanças tributárias maiores do que estão propostas. No médio prazo, uma grande reforma tributária que torne o sistema mais justo. Que os impostos incidam mais sobre a propriedade e a riqueza e menos sobre a produção e os salários”.
Ah, bom, agora ficou claro!
Dilma deveria procurar seus inimigos dentro do PT, não é mesmo? Os que ele costuma atacar, classificando-os de golpistas, são apenas adversários políticos, conforme prevê a democracia.
Os sabotadores estão em sua própria legenda. E o Lula é o chefe. Disso também.
Por Reinaldo Azevedo

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