Fernando Lugo prepara novo recurso para anular impeachment
Ex-presidente pediu para advogado preparar uma ação de inconstitucionalidade
ASSUNÇÃO - O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo prepara um novo
recurso de inconstitucionalidade na tentativa de anular seu julgamento político,
revelou nesta quinta-feira, 28, seu advogado, Adolfo Ferreiro. Em entrevista à
rádio "Ñandutí", Ferreiro explicou que Lugo pediu para preparar "uma ação de
inconstitucionalidade para que, depois de pronta, ele decida se a apresentará ou
não", dentro do prazo possível, que expira na quinta-feira da semana que
vem.
Lugo tenta anular julgamento
político
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A Corte Suprema já desprezou na última segunda-feira o primeiro
recurso de Lugo, apresentado contra o regulamento do Legislativo que fixou os
horários das sessões do julgamento, concluído em apenas um dia.
Lugo argumentou então que não teve tempo para articular sua defesa.
Em sua nova ação de inconstitucionalidade, contestará o veredicto que o declarou
culpado de mau desempenho de suas funções e o destituiu do cargo.
"Não há muita esperança, mas vamos esgotar todos os meios jurídicos
para restabelecer a ordem aqui no país", disse na quarta-feira o ex-presidente
em entrevista à Agência Efe.
Se Lugo conseguir o apoio do Supremo com o segundo recurso, os juízes
anulariam a resolução de culpabilidade e "a privariam de eficácia", pedindo aos
senadores para "julgá-lo de novo, e bem", segundo o advogado.
Ferreiro disse que também não acredita que o Supremo dê razão a Lugo,
pois seus próprios magistrados não podem enfrentar o Legislativo sem arriscar
serem removidos em um julgamento político do qual, há pouco, se livraram.
Segundo o advogado, ao esgotar as instâncias jurídicas paraguaias, o
ex-líder poderia recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede
na Costa Rica, que convidaria as partes a uma "conciliação" e, em caso de não
funcionamento, a corte poderia chegar a uma "sentença que peça ao Paraguai a
restituição de Lugo".
O ministro das Relações Exteriores paraguaio, José Fernández, falou
nesta quinta-feira sobre as ações jurídicas citadas por Lugo, lembrando que
apenas os Estados podem recorrer à corte da Costa Rica e que, como cidadão, lhe
cabe o recurso da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
"Ele não vai conseguir uma sentença (da Corte)", declarou Fernández,
durante um almoço com líderes dos principais partidos do país, que deram
respaldo ao novo presidente, Federico Franco. Para ele, o ex-bispo pode
conseguir no máximo uma recomendação da CIDH.
O chanceler agradeceu ao ex-presidente por não ter comparecido à
cúpula Mercosul-Unasul de Mendoza (Argentina) como pretendia, o que, em sua
opinião, teria sido uma "usurpação" do cargo que agora é de Franco. Segundo
Fernández, Lugo terá proteção militar até 15 de agosto de 2013, quando
terminaria seu mandato.
Embora defenda que o governo do ex-bispo era inviável, pois "a maioria da sociedade já não aceitava o processo político que liderava", pediu "respeito máximo" tanto a Lugo quanto a seus partidários.
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