Chanceleres do Mercosul definem detalhes da suspensão do Paraguai
MENDOZA, ARGENTINA - Os chanceleres de Brasil, Argentina e Uruguai
definiram nesta quinta-feira, 28, os termos da suspensão do Paraguai das
reuniões e decisões do Mercosul até as eleições presidenciais de abril. Fontes
diplomáticas argentinas e uruguaias afirmaram ao Estado que a suspensão –
inédita em 21 anos de Mercosul – seria debatida e confirmada setxa-feira na
reunião de presidentes do bloco em Mendoza.
Efe
Reunião do Mercosul nesta
quinta-feira
Veja
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Paraguai recebe US$ 66 mi do Mercosul
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A punição deriva do que Brasil, Argentina e Uruguai chamam de
"interrupção da ordem democrática" no Paraguai, em referência à destituição de
Fernando Lugo da presidência de seu país, ocorrida uma semana atrás.
O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, numa apressada entrevista
coletiva num corredor do Hotel Intercontinental, confirmou que durante a reunião
de ministros do Mercosul nenhum chanceler defendeu a aplicação de sanções
econômicas ao Paraguai. "Não houve... a verdade é que não houve", enfatizou.
Segundo ele, o país foi enquadrado no Protocolo de Ushuaia, um código de
conceitos democráticos do Mercosul: "O entendimento é que, com base no documento
de Ushuaia, existe uma primeira frase que fala da suspensão da participação das
reuniões. E uma segunda (frase), que fala da suspensão de direitos e obrigações.
A decisão foi de nos circunscrevermos à primeira frase".
O próprio Lugo declarou-se, na véspera, contrário a eventuais sanções
econômicas. O Paraguai mantém alta dependência econômica do bloco, já que
Brasil, Argentina e Paraguai absorvem 55% de suas exportações. Há uma semana,
Lugo foi destituído após um rápido e controvertido processo de impeachment. O
ex-bispo, do partido Frente Guasu, de esquerda, foi substituído por seu vice,
Federico Franco, do Partido Radical Liberal Autêntico (PLRA), grupo conservador
que havia propiciado 66% dos votos que Lugo obteve quando foi eleito de 2008.
Lugo acusou Franco – com o qual manteve relações tensas desde o início do
governo – de desfechar um "golpe de Estado".
No domingo, o Mercosul anunciara a suspensão temporária do Paraguai
da reunião de cúpula de Mendoza. "Essa é uma forma de combater os ‘neogolpes’
que os setores conservadores querem aplicar nos governos da região", afirmou ao
Estado um diplomata argentino ligado ao kirchnerismo.
Hoje, depois do encerramento da cúpula, começará a reunião
extraordinária de presidentes dos países da União Sul-Americana de Nações
(Unasul). No encontro, os representantes dos 11 países da organização emitirão
um documento que rejeita as novas autoridades paraguaias.
O chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, participou da reunião com
Patriota, Luis Almagro, do Uruguai, e o argentino Héctor Timerman.
A Venezuela pede desde 2006 a entrada no Mercosul como membro
pleno.
Obstáculo afastado
O ingresso de Caracas foi aprovado nos últimos anos pelos
Legislativos de Brasil, Uruguai e Argentina. No entanto, estava travado no
Senado paraguaio. Agora, com o Paraguai suspenso por um período de pelo menos
dez meses, surge a possibilidade da entrada da Venezuela no bloco.
Patriota afirmou que existe "um grande interesse em promover a plena
participação da Venezuela, país que já participa das reuniões regulares. O
chanceler Nicolás Maduro está aqui, e nós queremos trabalhar para que se efetive
no mais breve prazo a sua plena participação". Segundo o ministro, a entrada da
Venezuela no Mercosul "é um tema que atrai o interesse para os chefes de Estado
e de governo".
A presidente argentina, Cristina Kirchner, preparava-se no início da
noite de quinta-feira para receber os presidentes do Mercosul e Estados
associados com um banquete na Adega Escorihuela, uma das mais importantes da
Província de Mendoza, famosa por seus vinhedos.
Os presidentes degustariam o vinho preferido do presidente Juan
Domingo Perón e sua mulher, Evita, o "Carcassonne Finest Red Blend".
Esse vinho, que era o "top" da Adega Escorihuela na época, é um blend de Malbec, Cabernet e Syrah.
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