Argentina retira embaixador do Paraguai em protesto à derrubada de Lugo
País é o primeiro a retirar diplomatas de Assunção após impeachment relâmpago.
A Argentina é o primeiro país a adotar a medida um dia depois da destituição relâmpago do ex-presidente Fernando Lugo e da posse de seu ex-vice-presidente e sucessor, Federico Franco.
No comunicado, o governo informa: "Diante dos graves acontecimentos institucionais ocorridos na República do Paraguai que culminaram com a destituição do presidente constitucional Fernando Lugo e da ruptura da ordem democrática, o governo argentino decidiu a retirada imediata de seu embaixador em Assunção".
No texto afirma-se ainda que a representação diplomática do país ficará a cargo de um encarregado de negócios "até que seja restabelecida a ordem democrática" no Paraguai.
Na véspera, poucas horas após o impeachment contra Lugo, a presidente Cristina Kirchner sugeriu que seu país não iria reconhecer o governo de Federico Franco, que assumiu após um processo de impeachment relâmpago realizado entre quinta e sexta-feira no Congresso Nacional paraguaio.
"A Argentina não vai convalidar esse golpe de Estado que acaba de ser consumado no Paraguai", disse a presidente.
Mercosul
A presidente contou ainda ter conversado sobre a situação paraguaia com a presidente Dilma Rousseff, do Brasil, com o presidente do Uruguai, José Mujica, e com Lugo. Na ocasião, ainda na sexta-feira à noite, ela disse que medidas futuras deveriam ser tomadas de forma conjunta pelo Mercosul.
O bloco conta com uma cláusula democrática criada logo após uma crise institucional no Paraguai, na década de noventa. A expectativa agora é como será realizada a próxima reunião do Mercosul, nas próximas quinta e sexta-feiras, na província argentina de Mendoza.
O ministro das Relações Exteriores da equipe de Franco, José Fernández Fernández, indicou que gostaria de participar do encontro, como informou a imprensa paraguaia.
Impacto diplomático
Ele teria afirmado que espera "reverter" a situação do Paraguai na área internacional após as reações contra o impeachment de Lugo, chamado de "golpe parlamentar" ou "golpe de Estado" por diplomatas e observadores da região.
"Para o Paraguai, o Mercosul, a Unasul, a OEA e a ONU são importantíssimos", disse. "O governo de Lugo vinha recebendo críticas mas ninguém esperava uma decisão dessas, um impeachment", disse à BBC Brasil a analista Mirna Rivarola.
Além da presidente Cristina Kirchner, o Congresso Nacional argentino convocou uma sessão extraordinária, na semana que vem, para "repudiar" a destituição de Lugo. Deputados da base governista, Frente para a Vitória, divulgaram comunicado destacando o "mais enérgico repudio ao golpe contra o presidente Fernando Lugo".
O Prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel também divulgou comunicado "repudiando o golpe de Estado" e "reclamando o não reconhecimento do governo de fato". Na mesma linha, a Central Geral de Trabalhadores Argentinos (CGT) também "repúdio" o que ocorreu no Paraguai.
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