Pular para o conteúdo principal

Chávez suspende envio de petróleo ao Paraguai e retira embaixador em Assunção


Medida da Venezuela é primeira sanção comercial enfrentada por novo governo paraguaio.

O presidente da Venezuela ordenou a retirada de seu embaixador em Assunção e a suspensão de envio de petróleo ao Paraguai em resposta à deposição do ex-presidente Fernando Lugo, manobra qualificada pela maioria dos países da região como um golpe de Estado.

Essa é a primeira sanção comercial que o Paraguai enfrenta desde a aprovação do impeachment "relâmpago", julgado em pouco mais de 24 horas, no Parlamento paraguaio na sexta-feira, 22.
"Vamos retirar o envio de petróleo. Não apoiaremos para nada esse golpe. A partir deste instante, ministro (Rafael) Ramirez, que cesse o envio de petróleo a esse país", afirmou Chávez, durante uma cerimônia do dia do Exército venezuelano, neste domingo, 24.
"Nós não reconhecemos a outro presidente que não seja Fernando Lugo", disse. "Isso foi um golpe de Estado, mas a burguesia que deseja voltar a governar, disse que não foi. Para eles, não há leis", acrescentou.
No sábado, 23, a Argentina e o Brasil já haviam chamado seus embaixadores para consultas.
A petroleira estatal venezuelana PDVSA e a Petropar mantêm um acordo de cooperação de envio de petróleo à Assunção. A dívida paraguaia contraída com a Venezuela estava em renegociação nas últimas semanas, calculada em pouco mais de US$ 265 milhões (R$ 544 milhões).
De acordo com o jornal paraguaio Última Hora, a Petropar dispõe de somente 128 mil metros cúbicos de óleo diesel, suficiente para garantir o abastecimento para os próximos dois meses. A estatal paraguaia ainda conta com o envio de petróleo da Petrobras e Trafigura.
Na próxima quarta-feira, 27, os presidentes da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) devem se reunir para discutir novas sanções que poderiam ser aplicadas contra o novo governo paraguaio. O bloco tem encontrado dificuldades em aplicar uma sanção mais dura ao novo governo de Federico Franco - então vice-presidente de Lugo.
Colômbia e Chile têm resistido à aplicação da cláusula democrática da Unasul - que prevê suspensão do comércio regional e fechamento de fronteiras - caso um governo eleito constitucionalmente seja interrompido.
Ambos governos questionam a rapidez com que Lugo fora julgado, porém, não consideram que houve um golpe de Estado em Assunção.
Mercosul e Unasul
Em entrevista a jornalistas em Assunção, Lugo disse que participará da reunião do Mercosul prevista para a próxima semana. Ainda não está claro se as reuniões de ambos blocos, Unasul e Mercosul, serão unificadas, para tratar da crise paraguaia.
Paraguai exerce a presidência pro-tempore da Unasul e o próximo a assumir será o Peru. "Nos comunicamos com o presidente Ollanta (Humala). Vamos adiantar essa transferência (...) também para a próxima semana".
Lugo disse que apoia as manifestações a seu favor para que seja reestabelecida a "ordem constitucional" e voltou a afirmar ter sido vítima de um "golpe parlamentar".
O nomeado presidente paraguaio Federico Franco disse que pediria ajuda à Lugo para melhorar as relações com os países vizinhos. O presidente deposto rejeitou dita proposta. "Não se pode colaborar com um governo que não tem a legitimidade da cidadania", afirmou.
Brasil
Ainda na noite de sábado, em sua primeira reação oficial ao impeachment de Lugo, o governo brasileiro condenou o "rito sumário de destituição" e convocou o embaixador no Paraguai para consultas.
"O Brasil considera que o procedimento adotado compromete pilar fundamental da democracia, condição essencial para a integração regional", afirmou, em nota, o Itamaraty.
Segundo o órgão, eventuais sanções ao Paraguai estão sendo avaliadas entre os membros do Mercosul e da Unasul. O Itamaraty diz, no entanto, que o governo brasileiro "não tomará medidas que prejudiquem o povo irmão do Paraguai".
A convocação do embaixador brasileiro para consultas, que no protocolo diplomático indica séria reprovação à decisão paraguaia, foi anunciada horas após a Argentina adotar a mesma postura.
A chancelaria argentina afirmou que a representação diplomática do país ficará a cargo de um encarregado de negócios "até que seja restabelecida a ordem democrática" no Paraguai.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...