Com Paraguai isolado, Venezuela tem chance de entrar no Mercosul
País também era principal obstáculo para acordo do bloco com China
BRASÍLIA — O isolamento político e econômico do Paraguai, a ser definido na reunião de Mendoza, na Argentina, pelos líderes da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), poderá atingir diretamente o Congresso paraguaio. Existe uma predisposição de brasileiros, argentinos e uruguaios a receberem oficialmente a Venezuela no Mercosul durante o encontro de cúpula. Responsável direto pelo impeachment relâmpago do ex-presidente Fernando Lugo, o Legislativo daquele país é o único do bloco que ainda não aprovou a entrada dos venezuelanos na união aduaneira. A parte final da sessão extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA) nesta terça-feira virou uma troca de farpas entre o Paraguai e os demais sócios do Mercosul.
Segundo uma fonte do governo brasileiro, é preciso apenas que haja uma manifestação formal, de um ou mais presidentes do Mercosul, para que seja dado sinal verde à Venezuela. Uma vez suspenso o Paraguai, que deverá ficar de fora de pelo menos duas cúpulas até as eleições presidenciais, o bloco do Cone Sul continuará adotando resoluções.
- Se algum dos presidentes avaliar que estão dadas as condições para entrada da Venezuela no Mercosul, quem vai dizer não? Mas essa é o tipo de decisão que não será tomada pelos ministros e sim pelos chefes de Estado - explicou essa fonte.
O Paraguai também é o principal obstáculo para um acordo de acesso a mercados entre o Mercosul e a China. Os chineses não se conformam com o estreito relacionamento entre paraguaios e taiwaneses. Com a exclusão dos vizinhos do convívio político na região, os presidentes do bloco se sentiram à vontade para fazer uma videoconferência com o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, justamente sobre o tema, na última segunda-feira.
Até esta terça-feira à noite, a informação era que o grau do aperto a ser dado ao Paraguai, tanto na parte política quanto na econômica, será decidido em Mendoza. A primeira atitude dos presidentes da Unasul será formalizar uma declaração exaltando a democracia, um legado que deve ser mantido a todo custo.
Pela manhã, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reuniu-se com o embaixador brasileiro em Assunção, Eduardo Santos. O diplomata fez um relato ao chanceler sobre a situação no Paraguai e comentou a complexidade do sistema institucional e jurídico dos vizinhos.
Sessão da OEA termina em acusações
Em uma avaliação interna, o governo brasileiro avalia que a Unasul saiu fortalecida do episódio. "Houve um atentado à plena vigência democrática e isso não está correto", disse uma fonte.
- Mesmo se o presidente deposto fosse de direita, os líderes da Unasul tomariam a mesma atitude, sem hesitar - disse esse interlocutor.
Durante a sessão da OEA, na tarde desta terça-feira, o embaixador paraguaio Hugo Saguier, atacou a proposta do Brasil e do Uruguai de que a instituição esperasse o encontro da Unasul para se posicionar sobre a situação no pais. Saguier disse que o encontro será de cartas marcadas, com a expulsão do Paraguai, mas que o país não dá direito aos sócios de interferirem em seus assuntos internos, tampouco de “humilhar a nação paraguaia”. Saguier também reclamou que os sócios do Mercosul deixaram parte da delegação do Paraguai chegar a Mendoza, na Argentina, para os preparativos da cúpula de chefes de Estado, para negar-lhes credenciamento:
- Por que não os informaram antes? Para humilhá-los (integrantes da comitiva paraguaia)? Não aceitamos intervenção. Entendemos que haja preocupação, mas isso não dá direito a ninguém de humilhar a nação paraguaia.
O ministro Breno Dias da Costa, representante brasileiro na sessão, reagiu dizendo que lamentava o pronunciamento do paraguaio e que o Brasil não considera intervenção o cumprimento de compromissos firmados no âmbito do Mercosul e da Unasual:
- Lembrar da Tríplice Aliança e coisas afins me parecem desnecessárias e gratuitas (...) Lembramos ao embaixador que o novo governo do Paraguai não foi reconhecido por nenhum pais da OEA. O Paraguai está aqui hoje como reflexo do respeito e da generosidade de todos os países desta organização.
Segundo uma fonte do governo brasileiro, é preciso apenas que haja uma manifestação formal, de um ou mais presidentes do Mercosul, para que seja dado sinal verde à Venezuela. Uma vez suspenso o Paraguai, que deverá ficar de fora de pelo menos duas cúpulas até as eleições presidenciais, o bloco do Cone Sul continuará adotando resoluções.
- Se algum dos presidentes avaliar que estão dadas as condições para entrada da Venezuela no Mercosul, quem vai dizer não? Mas essa é o tipo de decisão que não será tomada pelos ministros e sim pelos chefes de Estado - explicou essa fonte.
O Paraguai também é o principal obstáculo para um acordo de acesso a mercados entre o Mercosul e a China. Os chineses não se conformam com o estreito relacionamento entre paraguaios e taiwaneses. Com a exclusão dos vizinhos do convívio político na região, os presidentes do bloco se sentiram à vontade para fazer uma videoconferência com o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, justamente sobre o tema, na última segunda-feira.
Até esta terça-feira à noite, a informação era que o grau do aperto a ser dado ao Paraguai, tanto na parte política quanto na econômica, será decidido em Mendoza. A primeira atitude dos presidentes da Unasul será formalizar uma declaração exaltando a democracia, um legado que deve ser mantido a todo custo.
Pela manhã, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reuniu-se com o embaixador brasileiro em Assunção, Eduardo Santos. O diplomata fez um relato ao chanceler sobre a situação no Paraguai e comentou a complexidade do sistema institucional e jurídico dos vizinhos.
Sessão da OEA termina em acusações
Em uma avaliação interna, o governo brasileiro avalia que a Unasul saiu fortalecida do episódio. "Houve um atentado à plena vigência democrática e isso não está correto", disse uma fonte.
- Mesmo se o presidente deposto fosse de direita, os líderes da Unasul tomariam a mesma atitude, sem hesitar - disse esse interlocutor.
Durante a sessão da OEA, na tarde desta terça-feira, o embaixador paraguaio Hugo Saguier, atacou a proposta do Brasil e do Uruguai de que a instituição esperasse o encontro da Unasul para se posicionar sobre a situação no pais. Saguier disse que o encontro será de cartas marcadas, com a expulsão do Paraguai, mas que o país não dá direito aos sócios de interferirem em seus assuntos internos, tampouco de “humilhar a nação paraguaia”. Saguier também reclamou que os sócios do Mercosul deixaram parte da delegação do Paraguai chegar a Mendoza, na Argentina, para os preparativos da cúpula de chefes de Estado, para negar-lhes credenciamento:
- Por que não os informaram antes? Para humilhá-los (integrantes da comitiva paraguaia)? Não aceitamos intervenção. Entendemos que haja preocupação, mas isso não dá direito a ninguém de humilhar a nação paraguaia.
O ministro Breno Dias da Costa, representante brasileiro na sessão, reagiu dizendo que lamentava o pronunciamento do paraguaio e que o Brasil não considera intervenção o cumprimento de compromissos firmados no âmbito do Mercosul e da Unasual:
- Lembrar da Tríplice Aliança e coisas afins me parecem desnecessárias e gratuitas (...) Lembramos ao embaixador que o novo governo do Paraguai não foi reconhecido por nenhum pais da OEA. O Paraguai está aqui hoje como reflexo do respeito e da generosidade de todos os países desta organização.
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