Franco decide comparecer à Cúpula do Mercosul
Segundo chanceler paraguaio, ainda que países vizinhos não reconheçam o governo, novo presidente deve ir a Mendoza na próxima semana
Franco, o novo presidente paraguaio, planeja ir à Cúpula dos países do Mercosul (Gustavo Segovia/AFP)
O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, que assumiu o governo após o impeachment de Fernando Lugo, deve comparecer à Cúpula dos países do Mercosul, que será realizada em Mendoza, na Argentina, nos dias 28 e 29 de junho, segundo o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, José Félix Estigarribia. "O normal é que possamos ir. Vamos ver quais outras resoluções serão tomadas no âmbito do Mercosul. Nós acreditamos que estamos ajustados a todos os compromissos internacionais da República do Paraguai", disse Estigarribia, em coletiva no palácio do governo, em Assunção.Leia mais:
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Estigarribia reiterou que Federico Franco tem todo o direito de comparecer ao evento, já que é presidente legítimo do país. Ele também disse que, na ocasião, o presidente pretende promover um encontro com a presidente Dilma Rousseff, para discutir questões bilaterais. "Temos o maior interesse em agendar uma conversa entre a presidente do Brasil e o presidente do Paraguai", afirmou.
A ida de Franco a Mendoza cria uma situação espinhosa, pois nesse mesmo encontro os presidentes da Argentina, Uruguai e Brasil irão tratar de inúmeras questões envolvendo o bloco — inclusive a própria permanência do Paraguai.
Aproximação — Apesar das críticas ao impeachment de Lugo vindas de países da América do Sul, Federico Franco revelou, em coletiva na manhã deste sábado, a intenção de se aproximar das nações vizinhas para que seu governo seja reconhecido. Sobre o Brasil especificamente, prometeu respeitar os contratos relativos à usina hidrelétrica binacional de Itaipu e manter tratamento preferencial aos brasileiros que vivem no Paraguai.
"A monumental Itaipu é a mostra mais clara de amizade entre nossos povos. Vamos cumprir todos os compromissos internacionais. Assumiremos dívidas e trataremos de estreitar ainda mais os laços de união entre os povos latino-americanos, em particular entre Brasil e Paraguai", disse.
E emendou, sobre a questão dos brasileiros que vivem na nação vizinha: "Paraguai e Brasil devem ter uma relação harmônica. Os cidadãos brasileiros radicados no país, como sempre, terão tratamento preferencial", disse. Questionado sobre a possibilidade de o Brasil aplicar sanções comerciais ao Paraguai, Franco mostrou tranquilidade. "Não há por que forçar uma situação. Os mais afetados seriam os próprios empresários brasileiros."
Posição alinhada - O governo brasileiro está realizando consultas a países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) antes de manifestar sua posição sobre o novo governo do Paraguai, informou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, em entrevista à TV Globo. A ideia, segundo o ministro, é ter uma posição pactuada entre os países do bloco.
Patriota não descartou a possibilidade de o Paraguai sofrer sanções por parte dos vizinhos, mas ele não quis detalhar quais. "Existem inúmeras formas de se manifestar, desde o não-convite às autoridades que tomaram poder no Paraguai para participar das cúpulas, até o esfriamento dos contatos em diferentes níveis, mas eu não queria antecipar antes de haver uma coordenação mais estreita da Unasul sobre isso", disse.
Até o momento, apenas o governo alemão reconheceu a legimidade da troca de presidentes ocorrida no Paraguai.
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