Com impeachment de Lugo, Paraguai perde participação no Mercosul
Professor Mario Sacchi explica que acordo de respeito à democracia foi quebrado
Com a destituição do presidente do Paraguai Fernando Lugo, com 39
votos favoráveis, o país perderá participação na comissão do Mercosul e terá
problemas de relacionamento político com diversos países, como explica Mario
Gaspar Sacchi, argentino que leciona Relações Internacionais na ESPM, em São
Paulo. "Um dos problemas mais graves [com o impeachment] é a relação com o
Mercosul porque existe um acordo de respeito à democracia que está sendo
quebrado".
Fernando Lugo é destituído por
Senado
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Segundo Sacchi, a queda de Lugo foi um golpe político da oposição,
mas com amparo legal. "Foi um golpe de estado aproveitando a Constituição que o
país tem. O artigo 225 prevê o julgamento político do presidente por mau
desempenho de suas funções". De acordo com a Constituição paraguaia, cabe à
Câmara dos Deputados formalizar a acusação contra o presidente e ao Senado,
julgá-lo e destituí-lo pelo voto de pelo menos dois terços dos 45 senadores.
O Congresso paraguaio citou cinco casos para justificar o
impeachment: a crescente insegurança no país; a morte de 17 pessoas durante um
confronto armado entre policiais e camponeses ocorrido no último dia 15 em
Curuguaty; o apoio dado a um motim de jovens socialistas em um complexo das
Forças Armadas; não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo
armado Exército do Povo Paraguaio e a assinatura do Protocolo de Ushuaia II, que
prevê a interferência da Unasul em decisões do país. Mas, para o professor,
"tudo estava manobrado para tirar Lugo do poder e com a força do Partido
Colorado, que ficou no poder durante 61 anos".
Apoio popular
Diversas pessoas se manifestaram contra o julgamento político de Lugo
nos últimos dois dias, em frente ao Senado paraguaio. Dessa forma, o novo
presidente, Federico Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), assume
tendo de enfrentar uma forte oposição popular.
De acordo com Nadia Cano, jornalista do La Nación do Paraguai,
manifestantes ameaçam invadir o Senado com o anúncio do impeachment. Cano contou
que circularam boatos de que Lugo teria pedido asilio político, mas a informação
não foi confirmada.
Impeachment
Lugo foi o quarto presidente paraguaio a enfrentar um processo de
impeachment. Os outros três foram: José P. Guggiari, em 1928, Raul Cubas, 1999 e
Luiz Gonzalez Macchi, em 2003.
Unasul
Os países da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) classificaram o
provável impeachment "de ruptura ou ameaça de ruptura da ordem democrática" e
haviam afirmado que uma cláusula democrática do bloco seria quebrada com o
impeachment de Lugo. Portanto, existe a possibilidade de se impor sanções ao
Paraguai, inclusive o fechamento das fronteiras.
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