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Preocupado com avanço das acusações, PT dispara contra juiz da Lava Jato

Por Vasconcelo Quadros - iG Brasília | - Atualizada às
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A cúpula petista afirma enxergar ação para enquadrar o partido e se refere a Sérgio Moro como magistrado 'quase sem limites'

Dois dias depois do impacto sofrido pela prisão do tesoureiro João Vaccari Neto, um sinal amarelo ascendeu no PT: sua direção reage ao que vem chamando de escalada das ações da força tarefa da Operação Lava Jato para enquadrar o partido ou terá de conviver com a probabilidade de novas prisões envolvendo outros dirigentes da cúpula.
Sérgio Moro, juiz da Operação Lava Jato (Arquivo)
Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Sérgio Moro, juiz da Operação Lava Jato (Arquivo)
O tema central de um debate sobre conjuntura travado ontem na cúpula do partido foi a necessidade de centrar fogo nas ações do juiz federal Sérgio Moro, considerado no partido como um coordenador informal das investigações e um magistrado “quase sem limites” nas ações que miram o partido.
Dentro das hipóteses postas à mesa, estão um eventual pedido para que as investigações da Lava Jato fiquem sob a responsabilidade exclusiva do Supremo Tribunal Federal (STF) e uma reclamação oficial junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que, nos dois casos, exigiria um elenco de fatos demonstrando contradição e imparcialidade do juiz.
Há quem ache que, mais do que combater a corrupção, o objetivo das investigações sobe os desvios na Petrobras é destruir o PT. “O PT é mais forte do que alguns palhaços gritando pela cassação do registro do partido”, disse o ex-ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência. Ele se referia a sugestões de procuradores que atuam na Lava Jato e coordenam uma linha de investigação que mira justamente o comportamento dos partidos diante do escândalo.
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Nas petições em que pede a abertura de inquéritos contra políticos, o procurador Geral da República, Rodrigo Janot, assinala que será objeto de “apuração separada” as suspeitas segundo as quais, os partidos _ especialmente PT, PP e PMDB _ colocaram suas estruturas a serviço da lavagem da propina desviada da Petrobras. Se as investigações prosperarem, dificilmente a cúpula do PT, incluindo seu presidente, Rui Falcão, escaparia.
Há um consenso entre as principais lideranças de que a Lava Jato centrou o foco no PT e livra o PSDB, numa suposta politização das investigações. Um dirigente ouvido pelo iG, que pediu para não ter seu nome revelado, disse que Moro instituiu uma espécie de juizado de instrução, onde controla todas as etapas da operação - o que seria ilegal, mas um bom argumento para levantar a suspeição do magistrado. Pelas leis brasileiras, o juiz não pode participar de investigações e nem interferir na denúncia, atribuições constitucionais que pertencem, respectivamente, a polícia e ao Ministério Público.
Tesoureiro: Prisão de Vaccari força PT a rever estratégia contra denúncias
Essa interpretação é o que justifica a reação do líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), que deixou a reunião em São Paulo, no meio da tarde, elevando o tom dos ataques a Moro, sem economizar adjetivos: disse que na prisão de Vaccari o juiz “transbordou” os autos, agiu de forma “autoritária” e se comporta, de forma parcial e com viés político, como se estivesse num tribunal da “Santa Inquisição”. Sem explicar como, afirmou que PT que, segundo ele, nasceu do embate, vai à luta. “Estão brincando com fogo e rasgando a Constituição”, disse.
Novas prisões
A preocupação imediata é, no entanto, com a possibilidade de novas prisões. O partido ainda mantém apoio a Vaccari, mas reconhece que, ao demorar em afastá-lo do comando da tesouraria, acabou atiçando o ímpeto dos procuradores e do próprio juiz Sérgio Moro, que há uma semana havia afirmado, numa espécie de alerta que o partido ignorou, ser “inaceitável” a presença de suspeitos em postos de comando nas instituições da República.
Antes de aparecer na lista de Janot, Renan Calheiros disse que não conhecia Youssef ou envolvidos na Lava Jato. Foto: Câmara dos Deputados/Gustavo Lima
O ex-presidente e senador pelo PTB de Alagoas, Fernando Collor, é acusado de ter recebido dinheiro de Yousseff. Foto: Reprodução
Presidente da Câmara, Eduardo Cunha está entre os que serão investigados na Lava Jato. Foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Senador pelo PMDB do Maranhão e ex-ministro das Minas e Energia de Dilma, Edison Lobão é investigado em inquérito que envolve a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Foto: CÉLIO AZEVEDO/AGÊNCIA SENADO - 15.5.2007
Senadora pelo PT do Paraná ex-ministra da Casa Civil de Dilma, Gleisi Hoffman foi citada em delação premiada da Lava Jato. Foto: Facebook
Alvo de inqúerito, Antônio Anastasia é senador pelo PSDB de Minas Gerais,  ex-governador do Estado e foi coordenador de campanha de Aécio à Presidência. Foto: daniel de cerqueira - 7.11.2014
Senador pelo PP do Piauí, Ciro Nogueira teve dois inquéritos arquivados, mas é alvo de um terceiro, que envolve outras 36 pessoas. Foto: Agência Brasil
Lindberg Farias, senador pelo PT do RJ, é suspeito de ter pedido dinheiro a Paulo Roberto Costa. Foto: Futura Press
Ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) é citada também no inquérito contra o senador Edison Lobão (PMDB-MA). Foto: BETO BARATA/AGência ESTADO - 4.1.2011
Deputado pelo PP da Paraíba, Aguinaldo Ribeiro fio ministro das Cidades durante o governo Dilma. Foto: Divulgação
Vilson Covatti foi deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul até janeiro de 2015. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PT de São Paulo e ex-líder do governo Lula, Cândido Vaccarezza teria recebido R$ 400 mil em propina. Foto: Agência Brasil
Alvo de inquérito, Humberto Costa é senador pelo PT de Pernambuco e foi ministro da Saúde durante o governo Lula. Foto: Divulgação
Senador pelo PMDB de Roraima, Romero Jucá foi líder dos governos FHC e Lula. Foto: Agência Senado
Senador pelo PMDB de Rondônia, Valdir Raupp foi governador de Rondônia e líder do partido. Foto: Divulgação
Ex-ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff, Antônio Palocci terá suas condutas investigadas pela Polícia Federal no Paraná, para onde o STF mandou o inquérito. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil - 2.1.11
Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto é alvo do processo que envolve 37 pessoas. Foto: Agência Brasil
Deputado federal pelo PP de Mato Grosso, Pedro Henry foi condenado no processo do mensalão. Foto: Agência Brasil
Deputado federal pelo PMDB do Ceará, Aníbal Gomes é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Divulgação/Governo Municipal de Acaraú
Deputado federal pelo PP do Rio de Janeiro, Simão Sessim ocupa o cargo desde a década de 1970. Foto: Agência Câmara
Ex-deputado federal pelo PP de Pernambuco, teve seu mandato cassado na esteira do escândalo do mensalão. Foto: Agência Brasil
Deputado federal pelo Solidariedade da Bahia, Luiz Argôlo chegou a ter sua cassação aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara. Foto: Agência Câmara
Deputado federal pelo PP do Paraná, Nelson Meurer é presidente do partido no Estado. Foto: Agência Câmara
Deputado pelo PP do Acre, Gladson Cameli é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Agência Câmara
Deputado federal pelo PP de Goiás, Roberto Balestra é investigado no maior inquérito, que envolve 37 pessoas. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP de Goiás, Sandes Júnior, é alvo do maior inquérito da Operação, com 37 investigados. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PT do Mato Grosso, Vander Loubet é investigado em inquérito que inclui o deputado Cândido Vaccarezaa (PT-SP). Foto: Divulgação
Senador pelo PP do Piauí, Ciro Nogueira teve dois inquéritos arquivados, mas é alvo de um terceiro, que envolve outras 36 pessoas. Foto: Divulgação
Deputada federal pelo PP de São Paulo, Aline Corrêa consta da lista de 37 investigados de um dos inquéritos da Lava Jato. Foto: Agência Câmara
Senador pelo PP de Alagoas, Benedito de Lira iniciou sua carreira política no extinto Arena, que apoiava a ditadura militar. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PT de São Paulo, José Mentor foi líder estudantil contrário à ditadura militar. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, José Otávio Germano é alvo de dois pedidos de instauração de inquérito. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP do Ceará, José Linhares Ponte foi padre e usa a experiência de sacerdócio nas campanhas eleitorais. Foto: Reprodução
Deputado federal pelo PP de Pernambuco até janeiro  de 2015, Roberto Teixeira é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP de Santa Catarina até janeiro de 2015, João Alberto Pizzolatti Junior é alvo do inquérito que envolve outras 36 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP da Bahia até janeiro de 2015, Mário Negromonte foi ministro das Cidades durante o governo Dilma. Foto: Wikimedia
Deputado pelo PP do Maranhão, Waldir Maranhão é investigado no inquérito que envolve outras 36 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Vice-governador da Bahia, comandada por Rui Costa (PT), João Leão foi deputado federal pelo PP do Estado. Foto: Reprodução
Deputado federal pelo PP de Rondônia até janeiro de 2015, Carlos Magno Ramos foi secretário da Casa Civil do ex-governador  e hoje senador Ivo Cassol (PP). Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP da Bahia, Roberto Britto é investigado no inquérito que envolve outras 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, Renato Molling é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, Luis Carlos Heinze é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Tocantins, Lázaro Botelho é investigado no inquerito que envolve 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP de São Paulo, José Olímpio se apresenta como missionário da Igreja Mundial do Poder de Deus. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, Afonso Hamm é investigado no inquérito que envolve outras 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP, Jerônimo Goergen foi vice-líder da bancada do PP na Câmara dos Deputados. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Paraná, Dilceu Sperafico é investigado no inquérito que envolve outras 37 pessoas. Foto: Twitter/Reprodução
Deputado federal pelo PP de Alagoas, Arthur Lira é filho de Benedito de Lira, também investigado na Lava Jato. Foto: Twitter/Reprodução
Deputado pelo PP de Minas Gerais, Luiz Fernando Faria é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Reprodução
Deputado federal pelo PP de Pernambuco, Eduardo da Fonte foi segundo vice-presidente da Câmara e líder do PP na Casa. Foto: Divulgação
Antes de aparecer na lista de Janot, Renan Calheiros disse que não conhecia Youssef ou envolvidos na Lava Jato. Foto: Câmara dos Deputados/Gustavo Lima
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A reação agora passa num corte na própria carne e na autodepuração, que começa pela substituição de Vaccari, a indicação de um novo tesoureiro com perfil livre de qualquer suspeita, o afastamento dos demais investigados em cargos de direção, entre eles, o senador Humberto Costa (PE) _ líder do partido no Senado e alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal _ e a proibição de contribuições empresariais. O partido também quer intensificar a campanha pela reforma política.
Embora a decisão oficial só venha a ser conhecida hoje, nas reuniões desta quinta, apareceram, pela ordem de cotação, os nomes de Alberto Cantalice, vice-presidente do PT, do deputado estadual José Américo. Embora sejam consideradas muito improváveis, houve ainda quem sugerisse o deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, e o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini.
“O novo tesoureiro deve ter compromisso com o fim do financiamento empresarial e com a autosustentação”, afirmou Carlos Henrique Árabe, que pertence à corrente Mensagem e deverá encaminhar a proposta numa nova rodada de reuniões do diretório nesta sexta-feira.
“Temos de sair na frente dos outros partidos e dizer a todos que não vamos mais trabalhar com financiamento de empresas. Com a militância que temos, é um absurdo depender de empresas”, afirmou o ex-ministro Alexandre Padilha, secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo e candidato derrotado nas eleições do ano passado ao governo paulista.
Gilberto Carvalho foi mais incisivo e reconheceu que quando estava “por cima” o PT perdeu a oportunidade de fazer a reforma política, onde um dos pontos principais defendidos hoje pelo partido é o fim do financiamento empresarial, segundo ele, a origem de todos os males enfrentados atualmente pelo governo e pelo PT.
“Espero que o partido renuncie ao financiamento”, disse o ex-ministro, que aproveitou para cutucar o ministro Gilmar Mendes, do STF que, segundo ele, “sentou em cima” do recurso matematicamente aprovado proibindo doações de empresas privadas. Ele chamou Mendes de cínico e hipócrita. Carvalho afirmou que a corrupção atinge o governo, o Congresso e o judiciário, com a diferença de que este último não tem mecanismos para mostrar os malfeitos.
Segundo Carvalho, a Lava Jato é um processo de depuração natural pelo qual o país está passando, mas ele se diz revoltado com a concentração do foco no PT, quando o método de arrecadação foi o mesmo praticado pelos outros partidos. “Vamos nos purificar e aprender com os erros”, disse, com uma confissão que explica a crise e o dilema existencial do PT.
“Se não tivéssemos recorrido ao financiamento (empresarial), teríamos chegado ao governo?”, perguntou na entrevista aos jornalistas que cobriam o debate preparativo ao Congresso que o partido realizará em junho, em Salvador. “Talvez não. Perderíamos a oportunidade de fazer o que fizemos”, disse, respondendo a si mesmo

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