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Luciano Coutinho nega ingerência externa no BNDES

À CPI da Petrobras, presidente do banco de fomento disse que decisão de conceder financiamento à Sete Brasil seguiu critérios absolutamente técnicos

O ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, presta depoimento à CPI da Petrobras Nesta quinta-feira (16)
O ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, presta depoimento à CPI da Petrobras.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou nesta quinta à CPI da Petrobras que a decisão de conceder financiamento à empresa Sete Brasil seguiu critérios absolutamente técnicos. O banco de fomento havia aprovado crédito de 8,8 bilhões à empresa - que não chegou a ser liberado devido aos desdobramentos da Lava Jato. "O BNDES é uma instituição que funciona a base de decisões colegiadas. Não existem decisões monocráticas nem circunscritas a determinadas áreas", afirmou. Segundo ele, é "absolutamente impossível".
Segundo o delator Pedro Barusco, ex-diretor da companhia criada para construir sondas de exploração de petróleo, um esquema de desvio de recursos e pagamento de propina era operado por seus executivos.
Coutinho, que foi convocado a depor na CPI, afirmou que o projeto de construção de sondas pela Sete Brasil ,que tem participação acionária da Petrobras, passou pelas análises técnicas, mas que a construtora de sondas acabou não se adequando aos termos exigidos pelo banco. "O BNDES seria a principal fonte dentro do projeto inicial. O fato é que até este momento não houve contrato nem desembolso de recursos", afirmou ele.
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De acordo com o presidente do BNDES, havia interesse justificável na concessão de empréstimo à Sete Brasil; "O objetivo era, e é, viabilizar a geração de emprego no Brasil em engenharia naval, construção naval e a mobilização de uma grande cadeia produtiva de equipamentos e insumos", disse ele.
Barusco, que também foi gerente da diretoria de Serviços da Petrobras, admitiu que os contratos da empresa eram usados para desviar recursos e pagar propina - inclusive ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. O planejamento da Sete Brasil previa a construção de 28 sondas e fecharia o contrato de financiamento bilionário com o BNDES. Mas a revelação do pagamento de propina inviabilizou o empréstimo e afastou investidores.
Coutinho, que é membro do Conselho de Administração da Petrobras, também afirmou que a governança da estatal falhou ao não detectar os desvios bilionários descobertos pela operação Lava Jato: "Nunca percebemos falhas de governança. Não obstante, a posteriori, os eventos da operação Lava Jato revelados mostram que determinadas fronteiras de governança foram sobrepujadas e isso obviamente requer um aperfeiçoamento do sistema de governança".
Campanha eleitoral - Coutinho tentou se esquivar das perguntas sobre o encontro que teve com o dono da UTC, Ricardo Pessoa, e no qual tratou da campanha presidencial de Dilma Rousseff. O presidente do BNDES disse apenas que nunca se envolveu com financiamento de campanha.
Mas, como mostrou VEJA, a reunião se deu em São Paulo, oito dias antes do segundo turno presidencial. No encontro, Coutinho afirmou a Pessoa que o tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, o procuraria para solicitar um apoio financeiro. Isso de fato ocorreu.
Depois que o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse que​ imagens das câmeras de segurança poderiam comprovar a história, Luciano Coutinho admitiu o encontro, mas afirmou que a reunião se deu com o consórcio responsável pela obra do aeroporto de Viracopos. "Eu me reuni com o consórcio. Não tive reunião pessoal com Pessoa", disse ele.

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