Pular para o conteúdo principal

PF prende tesoureiro do PT em nova fase da Operação Lava Jato


Polícia também cumpre mandado de condução coercitiva contra a mulher do petista e de prisão temporária contra a cunhada dele, suspeita de estar envolvida com o esquema na estatal

Atualizado às 22h34
por Fausto Macedo, Andreza Matais e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso nesta quarta-feira, 15, em São Paulo, em nova fase da Operação Lava Jato, que investiga corrupção, pagamento de propinas e formação de cartel na Petrobrás. O juiz Sérgio Moro ordenou a prisão preventiva de Vaccari apontando risco de o dirigente petista, “em tal posição de poder e de influência política”, persistir na prática de crimes “ou mesmo perturbar as investigações e a instrução” da ação penal da qual é réu sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.
No pedido, o Ministério Público Federal apontou também indícios de enriquecimento ilícito de familiares de Vaccari.
A prisão preventiva do secretário de Finanças do PT constrangeu e causou preocupação no partido e no governo, além de dar fôlego à tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff defendida por parte da oposição.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, Vaccari atuava como operador financeiro de propinas pagas ao PT decorrentes de contratos firmados no âmbito da estatal petrolífera. Mesmo após ser acusado formalmente, no mês passado, ele foi mantido no cargo. Após a prisão do tesoureiro, o presidente do PT, Rui Falcão, se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e depois divulgou nota informando que Vaccari pediu para ser afastado. O partido tratou a prisão como “injustificada” .
No pedido de prisão feito à Justiça Federal no Paraná, os procuradores da República alegam “risco concreto de reiteração delitiva”, destacando que Vaccari permanecia como tesoureiro do PT e arrecadou na campanha de 2014 doações oficiais das empreiteiras investigadas.
Vaccari Neto, tesoureiro do PT, é preso pela PF

A força-tarefa, com base em depoimentos de delatores, sustenta que ao menos parte das doações oficiais seria, na verdade, pagamento de propinas ao partido operadas por Vaccari a partir de contratos firmados pela Diretoria de Serviços da Petrobrás, comandada de 2003 a 2012 por Renato Duque – indicado pelo PT e que também é réu e cumpre prisão preventiva.
Ao apontar risco de reiteração de crimes, os procuradores citam o fato de Vaccari ter sido denunciado há cinco anos por fraudes envolvendo a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), presidida por ele de 2004 a 2010. O Ministério Público Estadual constatou desvios que teriam provocado rombo de quase R$ 100 milhões e denunciou criminalmente Vaccari e mais cinco ex-dirigentes da cooperativa por estelionato, lavagem de dinheiro e quadrilha. Todos negam irregularidades.
“Em um contexto de criminalidade desenvolvida de forma habitual, profissional e sofisticada, não há como não reconhecer a presença de risco à ordem pública, a justificar a prisão preventiva para interromper o ciclo delitivo”, escreveu Moro.
Sigilos. O petista foi preso em casa, na zona sul da capital paulista, por volta de 6h30. Ele foi transferido para a sede da PF em Curitiba. A mulher de Vaccari, Giselda Rousie de Lima, foi ouvida em casa para evitar o custo de transportá-la até Curitiba, segundo os investigadores.
Além de novas revelações feitas por dois executivos e delatores – Eduardo Leite, da Camargo Corrêa, e Augusto Mendonça, da Setal -, a quebra dos sigilos fiscal da mulher, Giselda; da filha, Nayara, e da cunhada de Vaccari, Marice Correa Lima, foi decisiva para a prisão. Marice, suspeita de envolvimento no esquema investigado na Lava Jato, foi alvo de pedido de prisão temporária, mas não havia sido presa até a conclusão desta edição.
Ao quebrar o sigilo de Giselda, a força-tarefa encontrou depósitos não identificados no limite próximo de R$ 10 mil que somaram R$ 322 mil em três anos, até dezembro de 2014. A Receita Federal apontou “significativo incremento patrimonial” da filha do tesoureiro – a partir dos rendimentos declarados por Nayara, seu patrimônio cresceu R$ 724 mil em um ano, entre 2012 e 2013. Nayara declarou doações recebidas da mãe e da tia, mas, para os procuradores, há “indícios concretos” de que mulher e filha foram usadas por Vaccari para “ocultação do patrimônio adquirido com recursos ilícitos

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular