Hillary Clinton anuncia candidatura a presidente em vídeo na rede social
A candidatura mais previsível da campanha presidencial norte-americana de 2016 foi anunciada em circunstâncias que esvaziam a pompa da expectativa. A ex-Secretária de Estado, ex-senadora democrata e ex-primeira-dama Hillary Clinton põe fim a dois anos de suspense e se lança candidata a primeira mulher presidente dos Estados Unidos com um vídeo distribuído na rede social. O vídeo de 2 minutos e 18 segundos, sob o título, Getting Starded (Começando) abre com depoimentos de americanos cujas vidas estão em fluxo e que buscam um futuro melhor. Hillary Clinton só aparece no vídeo depois de um minuto e meio, dizendo: “Estou me preparando para fazer algo também. Estou me candidatando a presidente.” Ela afirma que vai pegar a estrada para conquistar o voto. Uma Hillary Clinton com mensagem muito diferente da que se candidatou em 2007.
Durante a tarde, John Podesta, que deve chefiar a campanha de Clinton, enviou um email, afirmando: “É oficial. Hillary é candidata a presidente.”
Mesmo tendo alertado a mídia sobre o anúncio, Hillary Clinton manteve as principais redes de televisão norte-americanas em compasso de espera durante toda a manhã de domingo, um horário que é habitualmente dominado por programas políticos. Vários entrevistados convidados para comentar o anúncio se viram preenchendo o tempo no ar com especulações sobre a mulher mais famosa da história política americana desde Eleanor Roosevelt.
A principal missão de Clinton neste domingo não é fazer o anúncio e sim justificar uma candidatura, vista como inevitável e forte o suficiente para intimidar outras aspirações presidenciais do Partido Democrata. O poder da candidata de levantar fundos não tem paralelo no partido e especula-se que sua campanha poderá custar US$ 2 bilhões.
Se eleita, Hillary Clinton chegará à Casa Branca aos 69 anos, depois de mais de duas décadas de vida pública. Só Ronald Reagan se elegeu mais velho. Ele tomou posse semanas antes de completar 70 anos e obteve um segundo mandato. Mas a idade da candidata dificilmente será explorada por adversários e sim o que vão tentar representar como o envelhecimento das ideias da mulher do ex-presidente Bill Clinton, ainda hoje o político mais popular dos Estados Unidos.
Mesmo antes do anúncio oficial, Hillary Clinton deixou claro, através de emissários, que a aura de inevitabilidade em torno de sua candidatura pode se tornar um obstáculo. Ela aprendeu uma dura lição em 2008, quando a mesma fama de política à espera de coroação foi destroçada pelo então calouro e menos bem financiado Senador Barack Obama. A decisão de divulgar a candidatura em vídeo, não dar entrevistas e viajar esta semana ao Estado de Iowa para pequenos encontros com eleitores é parte de uma estratégia cuidadosamente orquestrada para não alienar eleitores que podem se tornar apáticos numa temporada de primárias democratas dominada por uma só figura. Ao contrário de 2008, quando o fato de ser mulher foi intencionalmente afastado da mensagem da campanha, desta vez, Hillary Clinton vai se apresentar como mulher, mãe e avó. Podemos esperar referências constantes à sua primeira neta Charlotte, de cinco meses, filha de sua única filha Chelsea.
Os mais prováveis democratas dispostos a desafiar a poderosa candidatura da ex-Secretária de Estado são o ex-senador da Virgínia, James Webb, e o ex-governador de Maryland, Martin O’Malley, ambos políticos com pouca projeção nacional e à esquerda de Clinton. Mas outro desafio da esquerda deve partir da mais famosa não-candidata, a senadora Elizabeth Warren, em seu primeiro mandato como representante do Estado de Massachusetts. A professora de Direito da Universidade de Harvard é tratada como rock star por sua mensagem de populismo econômico ressonante para uma classe média que não desfruta dos benefícios esperados com a recuperação do crash de 2008. Warren idealizou o Bureau de Proteção Financeira ao Consumidor, uma agência inaugurada no governo Obama e é tratada como adversária por Wall Street. A expectativa é de que, sem poder fazer campanha contra o antecessor Barack Obama, Hillary Clinton vai sublinhar uma mensagem de combate à desigualdade econômica.
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