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África do Sul deslocará Exército para conter onda de xenofobia

Segundo o Ministério da Defesa sul-africano, decisão precisou ser tomada porque a situação evoluiu para uma 'emergência'

Ataques xenofóbicos custaram a vida de seis pessoas na África do Sul
Ataques xenofóbicos custaram a vida de seis pessoas na África do Sul(James Oatway//Reuters)
O Exército da África do Sul será deslocado para as regiões onde foram registrados ataques xenofóbicos contra imigrantes, informou nesta terça-feira o ministro da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula. O presidente sul-africano, Jacob Zuma, tem sofrido duras críticas da população local e da comunidade internacional por não ter respondido à altura para coibir a onda de violência. Segundo Mapisa-Nqakula, a decisão de acionar o Exército foi tomada porque a situação evoluiu para uma "emergência". "Nós entramos como um último recurso. O Exército servirá como um agente dissuasivo".
A rede britânica BBC reportou que as primeiras tropas foram enviadas para Alexandra, município pobre localizado ao norte de Johanesburgo. Outros contingentes militares também serão deslocados para a província costeira de KwaZulu-Natal e para a província de Gauteng, conhecida pela importância econômica e onde fica Johanesburgo. A cidade já havia sido ocupada militarmente em 2008, quando 63 pessoas foram mortas em crimes de cunho xenofóbico.
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Desta vez, parte da população iniciou os atos de vandalismo em protesto contra a taxa de desemprego que, segundo dados do governo, chega a 25%. Incitados por lideranças tribais, incluindo o rei da etnia zulu, Goodwill Zwelithini, os sul-africanos têm atribuído aos imigrantes a culpa pelos problemas econômicos desencadeados pela má gestão do presidente Zuma. Os desempregados acusam os estrangeiros de terem vindo à África do Sul para roubar seus empregos e cometer crimes.
Após a morte de seis pessoas em decorrência dos ataques xenofóbicos, o rei Zwelithini disse que não incitou a população contra os imigrantes e acusou a imprensa de ter interpretado suas declarações erroneamente. "Se eu tivesse dito que os estrangeiros deveriam ir embora, esse país estaria em chamas", afirmou. Um protesto foi organizado nesta terça-feira para exigir uma desculpa formal do monarca zulu. Os manifestantes deram um ultimato de 48 horas para que Zuma obrigue Zwelithini a se retratar. Caso contrário, os descontentes prometem boicotar a economia sul-africana.
Manifestantes também se reuniram para pedir Justiça pelas vítimas. Quatro pessoas acusadas de assassinar um homem de nacionalidade moçambicana compareceram a uma audiência criminal. O tribunal decidiu que eles permanecerão presos durante todo o julgamento.
Mais de 900 imigrantes já foram repatriados por seus países de origem desde o início da onde de crimes. Dados oficiais sugerem que aproximadamente dois milhões de estrangeiros vivem atualmente na África do Sul, o que equivale a 4% da população total. A rede BBC, no entanto, aponta que alguns levantamentos colocam o número na casa dos cinco milhões.

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