Pular para o conteúdo principal

'Seguimos regras da OMC', diz ministro

Questionamento da UE aos incentivos à indústria automobilística é feito em meio ao reinício das negociações entre o bloco e o Mercosul

 
 
BRASÍLIA - O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, defendeu o programa de incentivo à indústria automotiva adotado pelo governo brasileiro e afirmou que o País segue as normas internacionais.

"Obviamente estamos analisando, mas temos confiança que nossos programas seguem as regras das Organização Mundial do Comércio (OMC) e, no procedimento aberto, vamos demonstrar aos europeus que os nossos programas questionados estão sim em conformidade com as regras", declarou.
A União Europeia abriu ontem um procedimento contra o Brasil questionando as medidas de apoio à indústria automobilística brasileira, inclusive os incentivos fiscais dados pela exigência de aumento no conteúdo nacional na produção de veículos. O anúncio vem justamente no momento em que União Europeia e Mercosul finalizam suas ofertas para abertura de uma negociação para um acordo de livre-comércio entre os dois blocos, que deve incluir o setor automotivo.
Figueiredo não quis dizer se essa ação pode atrapalhar a negociação. "Não quero fazer ilações sobre as motivações ou impactos. Faz parte das regras um país, ou grupo de países, buscar os procedimentos na OMC para a solução de controvérsias. Nesse caso, estamos confiantes que temos argumentos sólidos para demonstrar que estamos plenamente conformes com as regras internacionais de comércio", afirmou.
Normal. Na opinião de Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington e presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a queixa da UE contra o Brasil é um procedimento normal que deve ser encarado com "naturalidade".
"Eles (os europeus) estão reclamando disso há muito tempo. É normal, e há muitos casos que o próprio Brasil levou à OMC, contra a China por exemplo. É uma coisa de rotina e não tem efeito imediato, isso é importante assinalar", disse Barbosa ao Broadcast
, serviço em tempo real da Agência Estado. Ele lembrou que o governo sempre apresentou os incentivos como parte de uma política de compensação para atenuar a falta de competitividade da indústria nacional, o câmbio desfavorável e o chamado "custo Brasil". Europeus e brasileiros terão 60 dias para tentar um acordo. "Senão, a OMC entra na negociação e pode levar três ou quatro anos para ter uma conclusão", explica Barbosa. "O Brasil vai fazer sua defesa, apresentar argumentos de que não se trata de uma prática protecionista. Pode ganhar ou perder."
Para o diretor de negociações internacionais da Fiesp, Mário Marconini, a ação da UE não é um impeditivo para o avanço da negociação do bloco com o Mercosul. "Eu não acho que esse caso da OMC vai atrapalhar muito essa perspectiva. Mas eu acho que existe uma questão de clima, que ficou um pouquinho pior do que poderia ser."
Além da disputa na OMC, Marconini lembra do encontro que deveria ter ocorrido na semana passada para discutir as propostas entre os dois blocos, mas foi adiado a pedido da União Europeia.
Boa parte do empresariado nacional passou a considerar fundamental que o Brasil estabeleça os acordos comerciais para sair de uma posição de isolamento. "Os países que são de bem são aqueles que conseguem se inserir nas cadeias global de valor. Eu acho que tem uma consciência renovada do empresário", disse Marconini.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...