Pular para o conteúdo principal

ONU aprova envio de mais tropas ao Sudão do Sul

Conselho de Segurança autorizou aumento do número de soldados em missão no país que está perto de uma guerra civil. Vala comum é descoberta pela ONU

Famílias em fuga dos confrontos no Sudão do Sul buscam refúgio em base da ONU perto do aeroporto da capital Juba
Famílias em fuga dos confrontos no Sudão do Sul buscam refúgio em base da ONU perto do aeroporto da capital Juba (Reuters)
O Conselho de Segurança da ONU autorizou nesta terça-feira o envio de mais soldados para reforçar a missão humanitária no Sudão do Sul e tentar proteger os civis em meio a uma crise que deixa o mais novo país do mundo à beira de uma guerra civil. Os quinze membros do Conselho aprovaram por unanimidade uma resolução que eleva o teto autorizado de efetivos militares da missão de 7 000 para 12 500 mil soldados. O número de policiais vai ultrapassar 1 300, contra os 900 atuais.
Com a decisão a missão no Sudão do Sul será terceira maior mantida pela ONU em número de capacetes azuis, atrás das que atuam em República Democrática do Congo e em Darfur. O reforço no Sudão do Sul incluirá helicópteros de combate e transporte, e especialistas em direitos humanos. Contudo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, advertiu que o envio "não acontecerá de um dia para o outro", e que a organização "não pode proteger todos os civis do país". Ele pediu aos grupos rivais o fim do conflito.
Leia também:
ONU e EUA cobram governo do Sudão do Sul fim de conflitos étnicos

Governo e insurgentes travam batalha no Sudão do Sul
O Sudão do Sul se separou do Sudão em 2011 sob um acordo de paz que encerrou décadas de guerras em um dos maiores estados da África. A crise no estado independente teve início no dia 15 de julho, na capital Juba, e se espalhou por metade dos dez estados do jovem país. O presidente Salva Kiir denunciou uma tentativa fracassada de golpe, responsabilizando o ex-vice-presidente Riek Machar – que rejeitou a acusação.
Potências ocidentais e países africanos tentam intermediar um diálogo entre o presidente Kiir, da etnia dinka, e Machar, da tribo nuer, que foi destituído do cargo em julho. O enfrentamento entre o Exército e rebeldes já deixou milhares de mortos.
Nesta terça, a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, anunciou que uma vala comum com pelo menos 75 corpos foi descoberta em Bentiu, capital do estado petroleiro de Unidade, no norte do país, e sob controle rebelde. "Descobrimos uma vala comum em Bentiu, e haveria outras duas em Juba", assinalou. Navi também denunciou "execuções em massa", ataques contra indivíduos "baseados em sua origem étnica", e prisões arbitrárias. Ao menos 45 000 civis sul-sudaneses se refugiaram em bases da ONU no país.
O chefe da missão humanitária da ONU no país, Toby Lanzer, disse a jornalistas que “não tem dúvida” de que há milhares de mortos em decorrência do conflito. "Não tenho nenhuma dúvida de que são milhares", disse. O balanço oficial, no entanto, se manteve em 500 durante dias.
O governo sul-sudanês afirmou nesta terça ter recuperado a localidade estratégica de Bor, tomada pelos rebeldes há uma semana, embora restem amplas áreas fora de seu controle. Em uma mensagem de Natal, Kiir disse que "gente inocente foi assassinada de forma gratuita". "Existe agora gente que aponta para outras pessoas por causa de sua tribo. Isso só levará a uma coisa, que é provocar o caos", afirmou.
No estado de Jonglei, um ataque contra uma base da ONU por jovens nuers terminou com a morte de dois capacetes azuis indianos. As Nações Unidas também temem que civis dinkas, refugiados no campo, tenham sido assassinados.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular