Combates deixam 66 mortos no Sudão do Sul
Capital Juba é palco de batalhas e tiroteios; 10 mil pessoas já se refugiaram
Civis chegam às instalações da ONU nos arredores de Juba (AFP)
"É fundamental que a atual onda de violência não tome dimensões étnicas", advertiu em comunicado a Missão da ONU no Sudão do Sul (Minuss). A Minuss estima que "cerca de 10.000 civis receberam proteção nesta terça-feira" em suas bases em Juba. Um médico de um hospital militar indicou a uma rádio local que ao menos 66 soldados foram mortos durante os combates.
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De acordo com um jornalista da agência France-Presse, os tiros e os combates concentram-se em três pontos específicos da cidade: no quartel-general do exército no centro de Juba, no ministério da Segurança Nacional e em Gudele II, bairro onde está localizada uma caserna militar. Muitos habitantes que vivem perto de quarteis foram vistos à procura de refúgio em outras partes da cidade.
Na segunda-feira, o presidente Salva Kiir afirmou ter frustrado uma tentativa de golpe de Estado planejada por seu ex-vice-presidente, Riak Mashar. Os observadores expressaram dúvidas nesta terça quanto a veracidade do golpe. Acreditam que a acusação é um potencial pretexto para Kiir se livrar de Machar, que foi destituído do governo pelo atual chefe de Estado sul-sudanês e hoje é seu principal adversário político.
O enviado especial dos Estados Unidos ao Sudão do Sul, Donald Booth, declarou nesta terça-feira à BBC que a situação em Juba "permanece claramente tensa e incerta". "Nós continuamos a reunir diferentes elementos e peças de informação, por isso é um pouco prematuro dizer exatamente o que provocou a violência. Sabemos que há tensões crescentes, por causa das divergências dentro do partido no poder”, completou Booth.
Em julho, o presidente Kiir demitiu seu vice e todo o governo, em meio a rivalidades entre os dois políticos e dissensões dentro do regime, formado por ex-rebeldes que conquistaram a independência do Sudão, em julho de 2011. A população teme agora confrontos entre as comunidades étnicas Dinka e Nuer, respectivamente do presidente Kiir e de seu rival Machar. Fontes ouvidas pelas agências internacionais relataram episódios de violência de militares contra membros da comunidade Nuer em Juba.
(Com agências EFE e France-Presse)
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