Indexar a economia é perigoso, diz Dilma
Para presidente, fórmula de reajuste da Petrobrás poderia ter impacto na inflação
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff classificou ontem como "temeridade" a fórmula sugerida pela Petrobrás, que previa o reajuste automático do preço da gasolina quando houvesse aumento dos combustíveis no mercado internacional. Em café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto, Dilma afirmou que esse gatilho poderia provocar impacto na inflação.
"Indexação é algo extremamente perigoso. Indexar a economia brasileira ao câmbio ou a qualquer outra variável externa é uma temeridade." Ao abordar o assunto, aproveitou para dar uma estocada no pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), que na terça-feira lançou uma cartilha com 12 diretrizes do programa do governo.
Ela ironizou o discurso de Aécio, que defendeu a "reestatização da Petrobrás". "Ô gente, isso não é sério, né? Esse troço de falar que vão reestatizar a Petrobrás. O governo é o controlador da empresa. Vai chamar Petrobrax novamente?", perguntou, lembrando a tentativa de mudar o nome da empresa no segundo mandato de FHC.
Dilma disse que o PIB de 2013 ficará "ali entre 2% e dois e pouco" e não se arriscou a fazer novos prognósticos. No mês passado, em entrevista ao jornal espanhol El País, ela havia dito que o PIB de 2012 seria revisado de 0,9% para 1,5%. O resultado, porém, não superou 1%. "Vocês erram também, viu?", justificou.
"Eu acho absolutamente imperdoável um governo pessimista", comentou. "Prefiro a linha Churchill: 'Sangue, suor e lágrimas'. Vamos até o fim, vamos derrotar, porque é assim que a gente ganha as coisas", emendou, numa referência ao primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que teve participação decisiva na Segunda Guerra Mundial.
Numa conversa de uma hora e 20 minutos, Dilma se recusou a dizer quem preferia enfrentar na disputa de 2014, se Aécio ou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Ela chamou de "casca de banana" a pergunta sobre reforma ministerial, feita pelo Estado, e disse que iniciará as consultas para mudanças na equipe em meados de janeiro.
A seguir, os principais pontos da conversa:
Petrobrás. Dilma rechaçou a possibilidade de gatilho para os combustíveis. "De fato, sou contra a indexação. Nós superamos problemas herdados no passado e um deles era a inflação descontrolada. A indexação talvez seja a memória mais forte do processo inflacionário crônico que vivemos nos anos 80 e 90. Indexação é extremamente perigoso. Indexar a economia brasileira ao câmbio ou qualquer outra variável externa é uma temeridade."
W profundo. Para Dilma, o pior cenário da crise ocorreu este ano. "Acho que 2013 foi o momento em que a chamada crise - que muitos economistas internacionais discutiam se era em U, se era em V um W - foi um W mais profundo. Foi pior porque se aprofundou a crise da Europa e se combinou com a crise americana e com uma redefinição da economia chinesa."
PIB. A presidente não arriscou novo prognóstico. Mesmo assim, disse que o PIB deste ano ficará em torno de 2% ou um pouco mais. Dilma disse que se equivocou com os números do ano passado porque caiu "na besteira" de acreditar nas avaliações de duas consultorias, publicadas no jornal Valor Econômico.
'Memória visual'. Dilma pediu aos auxiliares um papel para mostrar a evolução das economias do G-20, grupo de países mais ricos, e valorizar a posição do Brasil. Mas só encontrou os dados que queria após dez minutos. "É um papel coloridinho. Eu tenho memória visual", informou, provocando risos.
Aeroporto. Dilma disse que São Paulo terá, em breve, um terceiro aeroporto privado na região metropolitana. O projeto inicial prevê a instalação em Caieiras, a 25 km da Capital. "Vamos liberar essa questão dos três aeroportos em São Paulo."
Desonerações. Dilma afirmou que a desoneração da folha de pagamentos "tende a ser permanente". Mesmo sem citar setores da economia, disse que outras medidas pontuais para retirar tributos, feitas no passado, não são mais necessárias. "Nós não temos nenhuma predileção por ficar fazendo política anticíclica, até porque ela é custosa."
Reforma ministerial. Aproximadamente 12 dos 39 ministros devem deixar o cargo até o fim de março para disputar as eleições de 2014, mas Dilma disse não ter pressa em anunciar os novos. "Até o carnaval vou concluir os nomes."
Congresso. Apesar de ter liberado mais R$ 100 milhões para o Fundo Partidário, prometendo mais R$ 2 milhões em emendas para aprovar o Orçamento de 2014, ela afirmou que sua relação com o Congresso é construtiva. "Não há uma relação hierárquica entre os poderes, é uma relação de equilíbrio."
"Indexação é algo extremamente perigoso. Indexar a economia brasileira ao câmbio ou a qualquer outra variável externa é uma temeridade." Ao abordar o assunto, aproveitou para dar uma estocada no pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), que na terça-feira lançou uma cartilha com 12 diretrizes do programa do governo.
Ela ironizou o discurso de Aécio, que defendeu a "reestatização da Petrobrás". "Ô gente, isso não é sério, né? Esse troço de falar que vão reestatizar a Petrobrás. O governo é o controlador da empresa. Vai chamar Petrobrax novamente?", perguntou, lembrando a tentativa de mudar o nome da empresa no segundo mandato de FHC.
Dilma disse que o PIB de 2013 ficará "ali entre 2% e dois e pouco" e não se arriscou a fazer novos prognósticos. No mês passado, em entrevista ao jornal espanhol El País, ela havia dito que o PIB de 2012 seria revisado de 0,9% para 1,5%. O resultado, porém, não superou 1%. "Vocês erram também, viu?", justificou.
"Eu acho absolutamente imperdoável um governo pessimista", comentou. "Prefiro a linha Churchill: 'Sangue, suor e lágrimas'. Vamos até o fim, vamos derrotar, porque é assim que a gente ganha as coisas", emendou, numa referência ao primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que teve participação decisiva na Segunda Guerra Mundial.
Numa conversa de uma hora e 20 minutos, Dilma se recusou a dizer quem preferia enfrentar na disputa de 2014, se Aécio ou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Ela chamou de "casca de banana" a pergunta sobre reforma ministerial, feita pelo Estado, e disse que iniciará as consultas para mudanças na equipe em meados de janeiro.
A seguir, os principais pontos da conversa:
Petrobrás. Dilma rechaçou a possibilidade de gatilho para os combustíveis. "De fato, sou contra a indexação. Nós superamos problemas herdados no passado e um deles era a inflação descontrolada. A indexação talvez seja a memória mais forte do processo inflacionário crônico que vivemos nos anos 80 e 90. Indexação é extremamente perigoso. Indexar a economia brasileira ao câmbio ou qualquer outra variável externa é uma temeridade."
W profundo. Para Dilma, o pior cenário da crise ocorreu este ano. "Acho que 2013 foi o momento em que a chamada crise - que muitos economistas internacionais discutiam se era em U, se era em V um W - foi um W mais profundo. Foi pior porque se aprofundou a crise da Europa e se combinou com a crise americana e com uma redefinição da economia chinesa."
PIB. A presidente não arriscou novo prognóstico. Mesmo assim, disse que o PIB deste ano ficará em torno de 2% ou um pouco mais. Dilma disse que se equivocou com os números do ano passado porque caiu "na besteira" de acreditar nas avaliações de duas consultorias, publicadas no jornal Valor Econômico.
'Memória visual'. Dilma pediu aos auxiliares um papel para mostrar a evolução das economias do G-20, grupo de países mais ricos, e valorizar a posição do Brasil. Mas só encontrou os dados que queria após dez minutos. "É um papel coloridinho. Eu tenho memória visual", informou, provocando risos.
Aeroporto. Dilma disse que São Paulo terá, em breve, um terceiro aeroporto privado na região metropolitana. O projeto inicial prevê a instalação em Caieiras, a 25 km da Capital. "Vamos liberar essa questão dos três aeroportos em São Paulo."
Desonerações. Dilma afirmou que a desoneração da folha de pagamentos "tende a ser permanente". Mesmo sem citar setores da economia, disse que outras medidas pontuais para retirar tributos, feitas no passado, não são mais necessárias. "Nós não temos nenhuma predileção por ficar fazendo política anticíclica, até porque ela é custosa."
Reforma ministerial. Aproximadamente 12 dos 39 ministros devem deixar o cargo até o fim de março para disputar as eleições de 2014, mas Dilma disse não ter pressa em anunciar os novos. "Até o carnaval vou concluir os nomes."
Congresso. Apesar de ter liberado mais R$ 100 milhões para o Fundo Partidário, prometendo mais R$ 2 milhões em emendas para aprovar o Orçamento de 2014, ela afirmou que sua relação com o Congresso é construtiva. "Não há uma relação hierárquica entre os poderes, é uma relação de equilíbrio."
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