ONU encontra indícios de massacre étnico no conflito do Sudão do Sul
Vala com corpos de 75 pessoas da etnia dinka foi achada na cidade Bentiu, no norte do país
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A ONU encontrou ontem uma vala com 75 corpos de cidadãos da etnia dinka na cidade de Bentiu, no Sudão do Sul. Outros dois locais, com números não determinados de corpos, foram encontradas na capital, Juba. As descobertas aumentam suspeitas de que massacres étnicos estejam ocorrendo na onda de violência que se instalou no país desde uma tentativa de golpe de Estado na semana passada.
A ONU encontrou ontem uma vala com 75 corpos de cidadãos da etnia dinka na cidade de Bentiu, no Sudão do Sul. Outros dois locais, com números não determinados de corpos, foram encontradas na capital, Juba. As descobertas aumentam suspeitas de que massacres étnicos estejam ocorrendo na onda de violência que se instalou no país desde uma tentativa de golpe de Estado na semana passada.
"Execuções extrajudiciais em massa, ataques a indivíduos por critérios étnicos e detenções arbitrárias foram registrados nos últimos dias", afirmou a chefe do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay.
Em comunicado, a organização afirma estar "muito preocupada com a segurança daqueles que foram presos e estão sendo mantidos em locais desconhecidos, incluindo várias centenas de civis que foram detidos em suas casas e hotéis em Juba".
Navi pediu contenção aos dois lados do conflito. Insurgentes dentro das Forças Armadas juntaram-se a civis e grupos paramilitares para tentar derrubar o presidente sul-sudanês, Salva Kiir, após a deposição do vice-presidente Riek Machar. Kiir é da etnia dinka e Machar, que passou a líder dos rebeldes, é do grupo nuer.
A porta-voz da ONU em Genebra, Ravina Shamdasani, disse que os mortos em Bentiu são possivelmente integrantes do Exército do Sudão do Sul, mas não houve confirmação imediata da informação.
Na segunda-feira, o presidente e o líder da insurgência enviaram sinais de diálogo um ao outro, mas a violência continuou a se intensificar.
Estados Unidos, Grã-Bretanha, Quênia e outros países enviaram diplomatas e apoio militar para retirada de seus cidadãos que estavam no país. O governo americano deslocou 150 fuzileiros navais para o vizinho Djibouti. Ontem, os militares estavam prontos para cruzar a fronteira caso fosse necessário para apoiar os trabalhos das equipes de retirada.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao Conselho de Segurança que aprovasse o envio de 5,5 mil soldados para reforçar a missão de paz que a organização mantém no Sudão do Sul.
"As Nações Unidas estiveram ao seu lado no caminho para a independência. Estaremos ao seu lado agora", prometeu Ban ao povo do país.
A votação da resolução que autorizaria o deslocamento estava prevista para ontem, mas, até o meio da tarde, não havia acontecido.
Auxílio. O coordenador da ajuda humanitária da ONU no Sudão do Sul, Toby Lanzer, alertou ontem para a necessidade de mais recursos. Dezenas de milhares de civis estão refugiados nas bases da organização nas principais cidades do país.
A situação, segundo Lanzer, é "particularmente grave" nos Estados de Jonglei e Unidad, que caíram nas mãos dos rebeldes que tentam derrubar o presidente Salva Kiir.
"Eles (os refugiados) podem aguentar por um curto prazo, mas não aguentarão a situação por muito tempo", afirmou.
Combates abalam setor petrolífero. O início do conflito entre rebeldes e forças do governo no Sudão do Sul derrubou a produção de petróleo, maior fonte de receita do país. O ministro do Petróleo do país, Stephen Dhieu Dau, disse ontem que toda a produção no Estado de Unity foi interrompida após os primeiros ataques dos insurgentes. "Fechamos temporariamente a produção no Estado de Unity, que vinha produzindo 45 mil barris por dia". No total, o Sudão do Sul produz 245 mil barris diariamente. Ainda de acordo com o ministro, o setor não foi afetado no Estado de Upper Nile, que concentra a maior parte da extração sul-sudanesa do recurso. Cidades inteiras da região rica em petróleo do Sudão do Sul teriam caído nas mãos dos insurgentes, segundo relatos enviados por agências de notícias nos últimos dias. / REUTERS
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