Pular para o conteúdo principal

Movimentação do Exército egípcio no Sinai preocupa Israel


Para analistas, este é 'teste mais significativo' nas relações entre os dois países após queda de Mubarak

TAL-AVIV - A decisão do presidente egípcio, Mohamed Morsi, de deslocar tropas e armamentos para o deserto do Sinai desperta preocupação em Israel. A grande presença militar provoca desconfiança já que a área, segundo o acordo de Camp David, deve permanecer desmilitarizada.
Exército egípcio se desloca no deserto do Sinai - Arquivo/AP
 
Exército egípcio se desloca no deserto do Sinai
Desde o dia 5 de agosto, quando um grupo radical islâmico realizou um ataque contra soldados egípcios na fronteira do deserto do Sinai com Israel, o Exército do Egito começou a transferir grandes contingentes de tropas e armamentos pesados à região.
O ataque, que matou 16 soldados egípcios, levou o presidente Morsi a coordenar com o governo israelense a entrada do Exército no deserto do Sinai. A área, que chegou a ser ocupada por Israel, foi devolvida ao Egito após a assinatura de um acordo de paz entre os dois países em Camp David, em 1979.
O governo israelense concordou com a entrada das tropas na região, porém, de acordo com analistas, espera que logo depois desta operação militar específica o Sinai retorne à situação anterior, como zona desmilitarizada.
De acordo com o veterano diplomata israelense Meir Rozen, que já foi embaixador de Israel nos Estados Unidos e também serviu como assessor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, "se o Egito não retirar as tropas e os armamentos ao final da operação, se configurará um casus belli (uma agressão de guerra)". Em entrevista à radio Kol Israel, Rozen afirmou que se os egípcios "insistirem em manter as tropas no Sinai, Israel terá um motivo para usar força para retirá-las".
Teste
De acordo com o analista do canal 1 da TV israelense, Oded Granot, este é o "teste mais significativo" das relações entre Israel e o Egito depois dos protestos que derrubaram o ex-presidente Hosni Mubarak e levaram à eleição do representante da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi.
Granot recomendou ao governo israelense que "tente resolver o problema com o governo egípcio nos bastidores, em vez de fazer declarações em público, para não elevar os tons da divergência". O analista também disse que Israel tem interesse de que o Egito retome o controle do deserto do Sinai, desde a Primavera Árabe uma "terra de ninguém".
De acordo com Granot, a ausência de controle do Estado egípcio no Sinai abre espaço para a infiltração de grupos radicais do Jihad Global, que por sua vez ameaçam a segurança de Israel e contrabandeiam armas para a Faixa de Gaza.
O novo governo egípcio interrompeu a exportação de gás para Israel, em medida interpretada como "hostil" por analistas locais, porém ainda no âmbito comercial.
A situação no deserto do Sinai acrescenta mais uma frente de tensão entre Israel e os países vizinhos. Nas últimas semanas cresceram os rumores sobre a possibilidade de um ataque israelense ao Irã, que teria o objetivo de destruir as instalações nucleares do país persa. Na frente libanesa também há uma tensão crescente, com trocas constantes de ameaças entre Israel e a milícia xiita Hezbollah.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.