Movimentação do Exército egípcio no Sinai preocupa Israel
Para analistas, este é 'teste mais significativo' nas relações entre os dois países após queda de Mubarak
TAL-AVIV - A decisão do presidente egípcio, Mohamed Morsi, de deslocar tropas
e armamentos para o deserto do Sinai desperta preocupação em Israel. A grande
presença militar provoca desconfiança já que a área, segundo o acordo de Camp
David, deve permanecer desmilitarizada.
O ataque, que matou 16 soldados egípcios, levou o presidente Morsi a coordenar com o governo israelense a entrada do Exército no deserto do Sinai. A área, que chegou a ser ocupada por Israel, foi devolvida ao Egito após a assinatura de um acordo de paz entre os dois países em Camp David, em 1979.
O governo israelense concordou com a entrada das tropas na região, porém, de acordo com analistas, espera que logo depois desta operação militar específica o Sinai retorne à situação anterior, como zona desmilitarizada.
De acordo com o veterano diplomata israelense Meir Rozen, que já foi embaixador de Israel nos Estados Unidos e também serviu como assessor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, "se o Egito não retirar as tropas e os armamentos ao final da operação, se configurará um casus belli (uma agressão de guerra)". Em entrevista à radio Kol Israel, Rozen afirmou que se os egípcios "insistirem em manter as tropas no Sinai, Israel terá um motivo para usar força para retirá-las".
Teste
De acordo com o analista do canal 1 da TV israelense, Oded Granot, este é o "teste mais significativo" das relações entre Israel e o Egito depois dos protestos que derrubaram o ex-presidente Hosni Mubarak e levaram à eleição do representante da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi.
Granot recomendou ao governo israelense que "tente resolver o problema com o governo egípcio nos bastidores, em vez de fazer declarações em público, para não elevar os tons da divergência". O analista também disse que Israel tem interesse de que o Egito retome o controle do deserto do Sinai, desde a Primavera Árabe uma "terra de ninguém".
De acordo com Granot, a ausência de controle do Estado egípcio no Sinai abre espaço para a infiltração de grupos radicais do Jihad Global, que por sua vez ameaçam a segurança de Israel e contrabandeiam armas para a Faixa de Gaza.
O novo governo egípcio interrompeu a exportação de gás para Israel, em medida interpretada como "hostil" por analistas locais, porém ainda no âmbito comercial.
A situação no deserto do Sinai acrescenta mais uma frente de tensão entre Israel e os países vizinhos. Nas últimas semanas cresceram os rumores sobre a possibilidade de um ataque israelense ao Irã, que teria o objetivo de destruir as instalações nucleares do país persa. Na frente libanesa também há uma tensão crescente, com trocas constantes de ameaças entre Israel e a milícia xiita Hezbollah.
Exército egípcio se desloca no deserto do
Sinai
Veja também: Egito
sufoca indústria dos túneis clandestinos para Gaza
Israel acusa Egito de violar tratado de paz no Sinai
Desde o dia 5 de agosto, quando um grupo radical islâmico realizou um ataque
contra soldados egípcios na fronteira do deserto do Sinai com Israel, o Exército
do Egito começou a transferir grandes contingentes de tropas e armamentos
pesados à região. Israel acusa Egito de violar tratado de paz no Sinai
O ataque, que matou 16 soldados egípcios, levou o presidente Morsi a coordenar com o governo israelense a entrada do Exército no deserto do Sinai. A área, que chegou a ser ocupada por Israel, foi devolvida ao Egito após a assinatura de um acordo de paz entre os dois países em Camp David, em 1979.
O governo israelense concordou com a entrada das tropas na região, porém, de acordo com analistas, espera que logo depois desta operação militar específica o Sinai retorne à situação anterior, como zona desmilitarizada.
De acordo com o veterano diplomata israelense Meir Rozen, que já foi embaixador de Israel nos Estados Unidos e também serviu como assessor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, "se o Egito não retirar as tropas e os armamentos ao final da operação, se configurará um casus belli (uma agressão de guerra)". Em entrevista à radio Kol Israel, Rozen afirmou que se os egípcios "insistirem em manter as tropas no Sinai, Israel terá um motivo para usar força para retirá-las".
Teste
De acordo com o analista do canal 1 da TV israelense, Oded Granot, este é o "teste mais significativo" das relações entre Israel e o Egito depois dos protestos que derrubaram o ex-presidente Hosni Mubarak e levaram à eleição do representante da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi.
Granot recomendou ao governo israelense que "tente resolver o problema com o governo egípcio nos bastidores, em vez de fazer declarações em público, para não elevar os tons da divergência". O analista também disse que Israel tem interesse de que o Egito retome o controle do deserto do Sinai, desde a Primavera Árabe uma "terra de ninguém".
De acordo com Granot, a ausência de controle do Estado egípcio no Sinai abre espaço para a infiltração de grupos radicais do Jihad Global, que por sua vez ameaçam a segurança de Israel e contrabandeiam armas para a Faixa de Gaza.
O novo governo egípcio interrompeu a exportação de gás para Israel, em medida interpretada como "hostil" por analistas locais, porém ainda no âmbito comercial.
A situação no deserto do Sinai acrescenta mais uma frente de tensão entre Israel e os países vizinhos. Nas últimas semanas cresceram os rumores sobre a possibilidade de um ataque israelense ao Irã, que teria o objetivo de destruir as instalações nucleares do país persa. Na frente libanesa também há uma tensão crescente, com trocas constantes de ameaças entre Israel e a milícia xiita Hezbollah.
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