Empresários mostram confiança que IPI menor continua
Representantes de setores agraciados com o benefício fiscal pedem renovação ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que, contudo, não fez promessas
Em reunião com Mantega, empresários mostraram números para embasar seu pedido
Em Brasília, Mantega recebeu ao final da tarde empresários e representantes da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
Aposta na renovação – O presidente da Abinee, Humberto Barbato, saiu confiante que o governo fará a renovação da redução do IPI para a linha branca de eletrodomésticos – segmento que abrange itens como geladeira, freezer, fogão e máquina de lavar. Ele destacou que, apesar de o ministro não ter prometido postergar o benefício, o setor mostrou a importância da redução para o aumento de vendas e do emprego.
Barbato disse que a indústria demonstrou ao ministro, com números, que houve repasse do incentivo tributário aos preços. O executivo acredita que a perspectiva de nova queda de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) nesta quarta-feira possibilitará que novos consumidores comprem, estimulando o crescimento da economia.
O presidente da Abinee destacou que houve aumento das vendas no segmento de 8,5% no primeiro semestre na comparação com igual período do ano passado, enquanto o setor eletroeletrônico, como um todo, teve queda de 10% no período. "Imagina se não tivéssemos desoneração. A queda do setor todo teria sido maior", afirmou.
Segundo Barbato, a redução do IPI foi muito importante para o aumento do nível de produção da linha branca, o que não ocorreu com outros eletroeletrônicos que não foram beneficiados com o incentivo. Ele disse que o segmento, durante esse período de redução do IPI, teve um aumento de 1.500 empregos.
Divergência – Também o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, relatou que o setor conseguiu mostrar ao ministro da Fazenda a importância da renovação do benefício para a manutenção dos empregos e das vendas. Ele, no entanto, destoou e mostrou-se menos otimista. Quando questionado por jornalistas sobre se o ministro mostrou predisposição em prorrogar a redução do IPI para a linha branca, o executivo afirmou que Mantega ficou de estudar. "O ministro não sinalizou nada... Ele não estava com a cara muito animada", resumiu.
O presidente da Abramat, Walter Cover, destacou que a reunião foi de "detalhe". Segundo ele, Mantega quis saber tudo "sobre emprego, produção, importação, volume e outros dados". Ele ressaltou que o ministro recebeu várias informações e que todos os representantes manifestaram a importância da manutenção dos incentivos.
Novos pedidos – Cover pediu que a lista de desoneração dos materiais, que termina em 31 de dezembro, seja incrementada em mais 50 itens, argumentando que o setor está bastante fragilizado. O presidente da Anamaco, Cláudio Conz, foi mais enfático: "Pedimos para o IPI não voltar nunca mais", afirmou.
O presidente da Abramat acrescentou que o ministro está confiante que ao final do ano a economia estará crescendo entre 3% e 4%. "E nós falamos para ele (Mantega) que se ele atender nossos pleitos, certamente estaremos contribuindo para esse crescimento", relatou.
Segundo Cover, a mensagem de Mantega foi de confiança, apesar de ele não ter feito nenhuma promessa. "Todos os setores estão achando que este é um momento importante na economia para serem analisadas novas medidas. Ele (Mantega) não prometeu nada, mas ficou a disposição muito grande de entender as dificuldades que alguns setores estão tendo, em particular nós da Abramat", relatou Cover.
Móveis – Os fabricantes de móveis aproveitaram o encontro para antecipar o pedido de continuidade da redução do IPI para o setor. "Se prorrogarem o IPI até o fim do ano, o consumidor vai ter até 5% de desconto na aquisição de móveis", disse José Luiz Fernandez, presidente da Abimóvel. O setor também não recebeu resposta imediata do governo.
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Automóveis – Não participaram do encontro desta terça os fabricantes de automóveis, cuja redução do IPI também vence na sexta-feira. Fontes da equipe econômica afirmaram nesta segunda que o Ministério da Fazenda deve anunciar na semana a prorrogação por dois meses da redução do IPI para o setor automotivo – reforçando posição já defendida no fim de julho.
Mantega reúne-se às 10:30 desta quarta-feira com representantes da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e, uma hora depois, com membros da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
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