Pular para o conteúdo principal

Demissão do Dnit foi complô de Cachoeira e Delta, afirma Pagot



O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão ligado ao Ministério do Transporte, Luiz Antonio Pagot afirmou à CPI do Cachoeira que sua demissão foi motivada por integrantes da construtora Delta. Em depoimento nesta terça-feira, 28, à comissão, ainda em andamento, Pagot relatou ter apontado problemas de execução em obras de responsabilidade da empresa, o que teria irritado o comando da Delta.
“Acredito que esses fatos todos, se nós agimos no interesse de preservar a qualidade das obras e o cumprimento dos compromissos, provocaram dissabores a Claudio Abreu, o que o levou, juntamente com Cachoeira, a patrocinar uma matéria jornalística que me tirou do Dnit”, diz Pagot, em referência ao ex-diretor da Delta Centro-Oeste. A construtora, responsável por obras ligadas ao governo federal, é apontada pela Polícia Federal como integrante do esquema de Carlinhos Cachoeira. À CPI, Luiz Antonio Pagot afirmou desconhecer eventuais ligações entre a empresa e o contraventor, de quem tomou conhecimento apenas pelos jornais.
Ele citou que houve problemas na obra da BR-116 no Ceará, na qual a Delta subcontratou uma empreiteira sem autorização do Dnit. Também contou que, na BR-104, em Pernambuco, a empresa insistia em um aditivo de preços que não foi concedido por Pagot. Em outra obra, no Rio de Janeiro, o Dnit tentava retirar a Delta por descumprimento de contrato. “Tínhamos um cronograma e a empresa sempre ficava dando desculpas. O que percebemos é que havia uma postergação da empresa em entrar na obra”, disse Pagot.
Demitido durante a “faxina” da presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes em 2011, Pagot fez denúncias recentes que envolvem tanto governistas quanto oposição. Ele acusou PT e PSDB de usarem os governos federal e paulista para bancar a campanha presidencial de 2010. À imprensa, Pagot disse que o alto escalão do PT pediu ajuda para conseguir doações de empresas contratadas pelo Dnit para a campanha de Dilma. Sem apresentar provas, culpou tucanos por suposto desvio de dinheiro do Rodoanel para abastecer o comitê do então candidato José Serra. Os dois partidos negam as acusações.
Também está previsto para esta terça o depoimento de Adir Assad, dono das empresas JSM Terraplenagem e SP Terraplenagem, suspeitas de atuarem como “laranjas” e de terem sido beneficiadas com repasses de dinheiro público pela Delta.
Com informações da Agência Senado
Abaixo, os principais momentos da sessão
12h36 – Deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS): “O senhor foi um papai noel para Delta, o senhor vai me desculpar”, diz o deputado lendo valores destinados pelo Dnit por obras executadas pela Delta. Segundo os dados do deputado, a Delta foi a que mais recebeu dinheiro, se comparada às demais empresas, durante a gestão de Pagot no órgão. “O que aconteceu durante sua gestão”, questionou.
12h27 – Na sua última pergunta, o relator da CPI questiona sobre sua participação na busca de recursos para a campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2010. “De maneira nenhuma associei dinheiro de campanha com nenhum ato de gestão do Dnit”, afirmou. Nesse momento, parlamentares começarão a fazer perguntas.
12h25 – Relator pergunta sobre sua relação com Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-dirigente da Dersa no governo do PSDB em São Paulo. Pagot diz que o conheceu em 2008, para tratar de convênios para obras do contorno sul do Rodoanel. “Depois, houve outro encontro sobre detalhes técnicos e índices de preços. O governo deveria destinar R$ 1,2 bilhão para a obra. “Na parte final de execução da obra, a Dersa encaminhou para o Dnit uma reivindicação de aditivo de R$ 260 milhões. A justificativa era de que havia problemas ambientais na obra, melhorar os acessos previstos. Eu de pronto me posicionei contrário.” Pagot afirmou ter sofrido insistência para assinar o aditivo e, depois, justificar sua contrariedade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular