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Governo argentino se cala sobre ameaça em usina nuclear

Atucha I, a 100 km de Buenos Aires, foi incluída em alerta da Agência de Energia Nuclear por ter reator similar ao de central belga fechada por causa de fissuras

A usina nuclear de Atucha I, na Argentina
A usina nuclear de Atucha I, na Argentina                                     
Organizações ambientalistas como o Greenpeace e a Fundação Ambiente e Recursos Naturais (Farn), sediada na Argentina, advertiram nesta terça-feira que a usina nuclear de Atucha I, a 100 quilômetros de Buenos Aires, pode estar correndo risco devido a um possível defeito de fabricação em uma estrutura do reator.
A central atômica foi incluída pela Agência de Energia Nuclear (AEN), ligada à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em um lote de 22 usinas que devem passar por inspeção imediata pois seus reatores foram construídos pela mesma empresa fornecedora do material da central de Doel-3, na Bélgica, fechada há dois meses depois de apresentar fissuras em partes do reator.
Quase uma semana depois do alerta da AEN, feito em 16 de agosto, o governo argentino não se manifestou sobre a situação de Atucha I. "Existem 22 milhões de argentinos que vivem a menos de 300 quilômetros de Atucha e poderiam ser afetados por um acidente grave na usina. A ARN (Autoridade Reguladora Nuclear, do governo argentino) deve deixar de esconder informações e fazer um comunicado transparente da situação", cobrou Mauro Fernández, dirigente do Greenpeace na Argentina, em entevista ao jornal Clarín.
A imprensa argentina destaca que, mesmo diante de um pedido de esclarecimento, a Nucleoeléctrica Argentina (Nasa) – estatal que opera as centrais atômicas no país – não se manifestou, preferindo evitar comentários. Para os ambientalistas, o mais urgente é saber qual a estratégia do governo para avaliar o estado da estrutura no reator de Atucha I.
Inspeção – A central nuclear argentina é uma das 22 usinas em todo o mundo cujos reatores foram fabricados com materiais fornecidos pela companhia holandesa RDM (Rotterdamsche Droogdok Maatschappij), que encerrou suas atividades. Dois meses atrás, a usina belga de Doel-3 teve que ser fechada depois que foram detectadas fissuras em vasos de pressão integrantes do reator, fabricado pela RDM. Depois disso, a Agência de Energia Nuclear recomendou que todas as centrais com equipamentos feitos pela empresa fossem submetidas a uma inspeção rigorosa.
A 22 instalações incluídas no comunicado da agência estão espalhadas entre a Europa e a América. Dezenove, incluindo Atucha, continuam em operação segundo a organização ambientalista Farn: uma na Bélgica, duas na Alemanha, duas na Espanha, duas na Suécia, outras duas na Suíça e dez nos Estados Unidos.
Mais antiga central atômica da América Latina, em funcionamento desde 1974, Atucha I é uma das três usinas de energia nuclear da Argentina. Além dela, o país possui Embalse, na província de Córdoba, e Atucha II, inaugurada em setembro do ano passado ao lado de Atucha

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