Pular para o conteúdo principal

Super-ricos brasileiros têm R$ 1 trilhão em paraísos fiscais

Pesquisa feita por consultor mostra que país ocupa o quarto lugar entre os que enviam mais recursos ao exterior, livres de imposos

Dólares
Cédulas de dólar                                     
Uma elite global de super-ricos escondia pelo menos 21 trilhões de dólares em paraísos fiscais no fim de 2010, revela estudo elaborado por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey. O volume equivale ao das economias de Estados Unidos e Japão juntas, destaca a rede pública britânica BBC em sua página na internet. De acordo com Henry, 21 trilhões de dólares é uma estimativa conservadora. O número final, prossegue ele, poderia alcançar 32 trilhões de dólares.
De acordo com o relatório, os super-ricos brasileiros possuem cerca de 520 bilhões de dólares (mais de 1 trilhão de reas) em contas em paraísos fiscais – quantia que coloca o país em quarta posição nessa modalidade de conta, na comparação mundial. Na América Latina, além do Brasil, países como o México, a Argentina e Venezuela aparecerem entre os vinte que mais enviaram recusos a paraísos fiscais.
O estudo foi encomendado pela Rede de Justiça Tributária – um grupo de pressão que faz lobby contra paraísos fiscais. Henry baseou sua pesquisa em dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS, por suas iniciais em inglês), do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial e de governos de diversos países.
O autor do estudo concluiu que o dinheiro deixou dezenas de países com destino a contas secretas em bancos estabelecidos em lugares como a Suíça, as Ilhas Cayman e outros conhecidos paraísos fiscais, que buscam atrair os depósitos de pessoas de renda elevada ante promessas de sigilo do titular da conta e redução ou isenção de impostos. O jornal britânico The Guardian destaca que, ainda de acordo com o levantamento de Henry, os correntistas contaram com a ajuda direta de diversas instituições financeiras privadas.
"O que é mais chocante é que alguns dos maiores bancos do mundo estão envolvidos até o pescoço em iniciativas para ajudar seus clientes a sonegarem impostos e a transferirem sua riqueza a paraísos fiscais", declarou John Christensen, da Rede de Justiça Tributária, em entrevista à emissora pan-árabe de televisão Al Jazeera. "Nós estamos falando de marcas muito grandes e bastante conhecidas. HSBC, Citigroup, Bank of America, UBS, Crédit Suisse, etc. Alguns dos maiores bancos do planeta envolvidos nisso. E eles o fizeram sabendo muito bem que seus clientes, na maioria dos casos, estavam sonegando impostos", afirmou Christensen.
Em entrevista à à BBC, Christensen afirmou que países exportadores de riquezas minerais seguem um padrão. Segundo ele, elites locais vêm sendo abordadas há décadas por bancos, principalmente norte-americanos, para enviarem seus recursos ao exterior. "Instituições como Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank vêm oferecendo este serviço. Como o governo americano não compartilha informações tributárias, fica muito difícil para estes países chegar aos donos destas contas e taxar os recuros", afirma.
Segundo ele, além dos acionistas de empresas dos setores exportadores de minerais (mineração e petróleo), os segmentos farmacêutico, de comunicações e de transportes estão entre os que mais remetem recursos para paraísos fiscais.
"As elites fazem muito barulho sobre os impostos cobrados delas, mas não gostam de pagar impostos", observa Christensen. "No caso do Brasil, quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estejam blefando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo", ironiza.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.