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Mensalão: o perfil dos ministros que participarão do histórico julgamento

Ministros da mais alta Corte do país têm históricos distintos em casos de corrupção. Expectativa é de que Supremo estabeleça um marco contra a impunidade de políticos

 
Plenário do Supremo Tribunal Federal durante julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade sobre os poderes do CNJ
Plenário do Supremo Tribunal Federal                                     
Dos 11 magistrados responsáveis pelo mais importante julgamento criminal do STF desde a redemocratização, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello tradicionalmente são mais duros em casos que interpretam como ameaças à democracia
O julgamento do escândalo do mensalão reunirá, a partir de quinta-feira, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) com históricos distintos de atuação diante de casos de corrupção. Na prática, o julgamento também será uma oportunidade para a mais alta Corte do país estabelecer um marco, quebrando a tradição de impunidade a políticos. A decisão atrairá olhares de todo o país pela dimensão do escândalo e pela pressão de setores da sociedade que cobram a condenação do grupo que participou do intrincado esquema de corrupção na gestão Lula.
Leia também: entenda o escândalo do mensalão
Dos 11 magistrados responsáveis pelo mais importante julgamento criminal do STF desde a redemocratização, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello tradicionalmente são mais duros em casos que interpretam como ameaças à democracia.
Cesar Peluzo, por sua vez, nem sempre aplica as penas mais rigorosas a políticos acusados de corrupção. Foi assim quando o Supremo condenou os deputados Abelardo Camarinha (PSB-SP) e Natan Donadon (PMDB-RO). Peluzo foi o único a votar pela absolvição.
Na avaliação de advogados e técnicos que atuam no STF, os ministros Carlos Ayres Britto, presidente da Corte, e Cármen Lúcia não são tão enérgicos, mas demonstraram firmeza quando os desmandos envolveram agentes públicos.
Celso de Mello e Ricardo Lewandowski são identificados como constitucionalistas: prendem-se com afinco a aspectos técnicos.
A posição do ministro Joaquim Barbosa é a mais previsível por ter sido dele o relatório recomendando o acolhimento das denúncias contra os réus.
O ministro José Dias Toffoli tem sido menos rigoroso em matérias do tipo, votando frequentemente por penas mais brandas. Também pesará sobre ele a suspeita de favorecimento ao PT, partido para o qual advogou por longos anos. Devido ao vínculo com o PT, sigla que tem diversos membros na lista de réus, sua participação no julgamento ainda não é certa.
Rosa Weber e Luiz Fux chegaram ao STF há pouco tempo: a dupla não possui grande histórico de julgamentos em casos criminais. Weber se dedicou a julgar temas trabalhistas. Fux fez carreira analisando processos cíveis.
Rigor – Para o jurista Ives Gandra Martins, experiente em julgamentos na Corte, o forte interesse público no tema provocará comportamento cuidadoso dos ministros. "Eles serão rigorosamente técnicos, não fugirão dos esquadros da lei. Vai se levar em consideração a prova existente e o direito aplicado. A grande exposição tornará o julgamento absolutamente técnico", diz.

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